Deutschland!

Durante o vôo entre Barcelona e Munique, aconteceu uma coisa que, na hora e do jeito que foi, pareceu muito engraçada. A aeromoça veio distribuindo os sanduíches do lanche grátis e ia perguntando:

"Turkey or meat?".

Eu pedi o de peru, ela me alcançou na mão e, em um segundo, ela disse:

"Oh, that's not turkey, that's meat!".

Eu fui devolver o sanduíche para que ela trocasse e a resposta veio ainda mais rápida:

"Sorry, now you've touched it!"

Por que diabos então admitiu tão rápido se não ia trocar!? O Rafael ficou só rindo da minha cara.


Vista dos Alpes, da janela do avião

Bom, tirando essa grosseria que soou até engraçada, o resto foi tudo bem no vôo da tal da Condor Airlines, uma companhia alemã low cost que faz vôos principalmente entre a Alemanha e o Mediterrâneo.

Quando chegamos no aeroporto internacional de Munique, a primeira impressão foi a de silêncio, de assepsia. Pela primeira vez eu chegava num país em que não tinha domínio da língua e isso dava um friozinho na barriga também. Saímos do avião e seguimos o fluxo até as esteiras de bagagem, que em alguns minutinhos já estavam entregando sãs e salvas nossas mochilas (que alivio!).

Começamos a andar por corredores intermináveis ao longo do aeroporto, até um lugar onde houvesse um quiosque de informações turísticas. Como era época de Oktoberfest, quase tudo estava relacionado ao evento e não havia muita coisa além de um mapa.

Andamos mais um tanto por corredores silenciosos até chegar à parte onde havia uma estação de metrô até o centro da cidade. E ali confesso que travei. Levamos pelo menos uns 10 minutos para tentar entender a máquina onde se compravam os tickets de metrô.

Assim que apertávamos, abriam as opções em alemão. Demoramos algum tempo para descobrir que era só apertar mais de uma vez num botãozinho com bandeirinhas para ir trocando de língua. Era só demorar um pouquinho que o sistema reiniciava tudo. Depois que chegamos no inglês, não conseguíamos descobrir que ticket comprar. E lá se ia a máquina pro início de novo. Quando finalmente decidimos pegar 2 simples, não tínhamos dinheiro suficiente em moedas para inserir na máquina, e tivemos que pular para outra que aceitava cédulas.

O sistema de metrô e trens na Alemanha é completamente diferente daquele que existe na Espanha, na Argentina ou no Brasil. A começar pelo bilhete: tem-se a opção de comprar bilhetes simples ou bilhetes de 24 horas, ou ainda bilhetes de grupo (Gruppenkarte ou Partnerkarte), que valem para até 5 pessoas, por 24 horas. Não há abonos turísticos que valham a pena como em Madrid ou Barça.

Depois, tem a questão da validação do bilhete (entwerten). Não há catracas ou roletas. A área de acesso aos trens é livre, mas existe apenas umas maquininhas parecidas com as de bater cartão-ponto em que o bilhete deve ser validade antes de entrar no trem. O controle é meramente eventual e você pode simplesmente andar por tudo sem ninguém ver se você tem ou não um ticket. Os fiscais estão à paisana, e de uma hora para a outra podem te abordar e, se te pegarem sem um cartão validado, vão te multar em uns 40 euros. Andar sem bilhete validado é conhecido como Schwarzfahren (algo tipo "viagem negra").

Assim como em outras cidades grandes, não há só metrôs, mas também trens metropolitanos. Os metrôs são chamados de U-Bahn, os trens de S-Bahn. Geralmente os primeiros são subterrâneos e os segundos de superfície, mas nem sempre. As redes são interligadas e você acaba nem sabendo direito quando pega um ou outro (os tickets são os mesmos).

Por fim, existe ainda um cuidado a ser tomado: passa mais de um trem e metrô no mesmo trilho, na mesma estação. Ou seja, quando o trem está chegando, tem-se que cuidar nas placas ou na frente dele para onde ele está indo, porque direções diferentes passam pelos mesmos pontos de embarque.

Naquele stress todo que foi esse primeiro contato com os trens alemães, acabamos fazendo merda, mas ainda bem que não deu nada. Não lembro bem se compramos um bilhete que só dava direito a uma determinada zona (do aeroporto ao centro passam-se 3 zonas tarifárias) ou se esquecemos de validar antes de entrar; só sei que só fomos perceber isso quando já estávamos sentados lá dentro.

A viagem entre o aeroporto e a cidade demora bem mais do que se imagina. São mais de 30km. Na janela, uma paisagem asséptica, tudo perfeitinho, casinhas perfeitinhas, campos limpinhos. Chovia bem fininho, mas não chegava a fazer frio. E um silêncio ensurdecedor. Contraste total com países latinos, como Espanha e Itália.

Fizemos uma conexão entre o S1 (S-Bahn, linha 1, do qual vínhamos do aeroporto) para o U2 (U-Bahn, linha 2) até a estação Hohenzollernplatz, a mais próxima do albergue. Chegamos e suspiramos por não ter dado nada errado.

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