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Mostrando postagens de janeiro, 2010

La Quiaca

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Apesar de o dono da pousada ter alertado que o taxista poderia não vir no horário marcado por causa do sono e do frio e que, nesse caso, o jeito seria ir à pé naquela escuridão, um gurizão apareceu com o táxi bem na hora em que estávamos prontos para seguir sozinhos. Comovidos com aquele esforço de trabalhar de madrugada, naquele frio, deixamos o dobro do preço da corrida para o magrão: 10 pesos. Ele ficou muito agradecido e nós ainda mais comovidos pela alegria do cara em receber cerca de 5 reais. O ônibus atrasou só uns 10 minutos e chegou quase cheio, vindo de Salta. Embarcamos e, num caso raro para mim, consegui dormir a viagem inteira. Acordei por volta das 7h e pouco, já no portal indicando “Bienvenidos a La Quiaca”, numa paisagem completamente desértica e mais plana, embora com uma altitude de 3.400m. La Quiaca é o equivalente argentino do Oiapoque, guardadas as devidas proporções. É a cidade mais ao norte do país e já tem muito mais cara de Bolívia

Humahuaca

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Chegamos em Humahuaca por volta das 5h e meia da tarde, sem ter reserva em nenhum albergue ou hotel. Pelo que nos informamos, a pousada filiada ao Hostelling era longe demais, por isso decidimos dar uma olhada no que havia mais ao centro. Começamos a andar pelas ruazinhas centrais da cidade, mas não tivemos muito sucesso. Alguns albergues pareciam sem graça ou ruins demais; os melhores estavam lotados e, numa última esperança, fomos até o “Hotel de Turismo” da cidade, mas achamos o lugar sinistro demais. Toda cidade argentina com um mínimo de potencial turístico tem um “Hotel de Turismo”, administrado pelo governo. O problema é que foram construídos geralmente nos anos 50 ou 60 e não receberam muito investimento desde então. O Lonely Planet já advertia que o lugar parecia abandonado, mas não imaginamos que era tanto. Desistimos da nossa busca e, já cansados de carregar a mochila nas costas, pegamos um táxi até a pousada da HI, do outro lado do rio e quase fora da ci

Pucará e viagem a Humahuaca

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A fortaleza de Pucará fica a cerca de 2km do centrinho de Tilcara. Dá para fazer o caminho a pé, como fizemos, sem maiores problemas. Só é bom proteger orelhas e o pescoço, pois apesar do frio, o sol pega forte enquanto se caminha. Há uma ponte de metal sobre um rio seco no limite entre a cidade e a área do sítio arqueológico, que vale umas fotos. A Pucará de Tilcara é uma fortaleza de pedra pré-colombiana do período entre os séculos XI e XV, em boa parte reconstruída pelos arqueólogos. Sua localização era estratégica tanto do ponto de vista militar como de comunicação. Pessoas viviam ali, tanto que há vestígios de quartos e até mesmo uma igreja. Há altares dedicados às práticas religiosas dos povos da região e, em todos os lugares, um grande cardón, ou cacto. O guia Lonely Planet critica o fato de terem sido alteradas algumas características originais na reconstrução, principalmente o fato de ter sido erigido um monumento em forma de pirâmide

Tilcara

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Saímos “quebrando geada” de manhã para pegar o ônibus até Tilcara. São cerca de quatro horas de viagem desde Salta. Depois que termina a auto-estrada duplicada entre as capitais de Salta e Jujuy e se entra de vez na Ruta Nacional 9, a paisagem fica deslumbrante. Começa-se a subir gradualmente até mais de 2.500 metros sobre o nível do mar (em La Quiaca, na fronteira com a Bolívia, são mais de 3.440m). Ao lado direito de quem vai em direção ao norte, o rio Grande acompanha o tempo todo. Esse rio, como a maioria dos rios de montanha, é raso e bastante largo, em função dos sedimentos que descem morro abaixo. Em época de degelo, inunda boa parte do vale (a estrada está quase sempre numa parte mais alta, para evitar problemas com isso). Entre o rio e a estrada, está ainda a ferrovia “Belgrano”, que era a ligação ferroviária entre Buenos Aires e a Bolívia. Assim como aconteceu no Brasil, no entanto, o sistema foi progressivamente abandonado após a privati

Quebrada de Humahuaca

A Quebrada de Humahuaca sempre me pareceu algo um tanto exótico, seja pelo nome estranho, seja pela localização, entre o norte argentino e o sul da Bolívia. Quem já prestou atenção naquela musiquinha de “carnavalito” que tocava por aqui até em versão dance, vai lembrar de ter ouvido esse nome: Llegando está el carnaval quebradeño, mi cholita, Llegando está el carnaval quebradeño, mi cholita. Fiesta de la quebrada humahuaqueña para bailar Erke, charango y bombo carnavalito para bailar, bailar, bailar, bailar A tal quebrada é patrimônio natural da humanidade, tombado pela UNESCO. Além de ter vestígios de civilizações de mais de 10 mil anos, o lugar assumiu importância como via de comunicação entre os Vice-Reinos do Peru e do Rio da Prata, nos tempos de colonização espanhola. Como é um vale irrigado entre altas montanhas dos Andes, numa região desértica, tornou-se o caminho óbvio entre essas regiões. Nos tempos da independência

Salta à noite

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Desde o final de setembro, não escrevi mais sobre o mochilão que fiz com mais dois amigos ao Atacama, nesse último inverno. A partir de agora, pretendo retomar o relato daquela viagem, do ponto em que parei. Já falei sobre os preparativos, sobre a viagem de ônibus saindo do Brasil e cruzando Corrientes e o Chaco, e da maioria dos passeios que fizemos enquanto estivemos em Salta, a maior cidade do “noroeste andino” da Argentina. Falei um pouco das atrações de Salta, também, mas nada sobre a noite da cidade. Salta é uma cidade grande, com mais de 500 mil habitantes, e tem uma noite compatível com esse tamanho e com o seu potencial turístico. A maioria dos cafés fica ao redor da Plaza 9 de Julio, entre o Museu de Arqueologia de Alta Montaña e as ruas que vão para o Convento de San Bernardo. Em pelo menos duas noites, foi por ali que ficamos para fazer um lanche e para tomar uma cerveja. Os locais se orgulham da cerveja Salta, que vale a pena

Haiti

Dias atrás, depois de ter lido alguma coisa que me chamou a atenção na revista Viagem e Turismo desse mês e pela primeira vez na vida, fui pesquisar como funcionam os cruzeiros marítimos. Entrei nos sites da Royal Caribbean, da Norwegian Cruise Lines, da MSC e da Costa Cruzeiros. Os que mais me interessaram, para um futuro ainda a médio prazo, foram os da Royal, que de um modo geral aproveitam melhor o tempo e têm roteiros melhores. Uma coisa me chamou a atenção, no entanto. Em vários dos cruzeiros que saem de Fort Lauderdale, na Flórida, uma das paradas ocorre no Haiti. Haiti? Sim, Haiti! Fiquei pensando... Qual é o turista americano que pagaria para conhecer algum lugar num país que deve despertar os piores medos no seu imaginário? Em meio a lugares paradisíacos como Ilhas Virgens, Saint Barths, Turks & Caicos, etc., o que levaria pessoas a pararem no país mais pobre do continente, aquele mesmo que agora ocupa nossas primeiras páginas em função do terremoto de

Sinal de vida

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Estou escrevendo só para desejar um Feliz Ano Novo ao pessoal que segue passando aqui pelo blog e aos que o tem descoberto todos os dias. Na medida do possível, sigo respondendo aos comentários que surgem nos mais variados posts, pois sou comunicado por e-mail quando algum aparece. Confesso que não andei muito inspirado a escrever aqui, por isso preferi dar um tempo nos posts. Isso não significa que não esteja sempre lendo a respeito de viagem, pesquisando alguma coisa na internet ou mesmo planejando algum mochilão. No próximo dia 23 embarco pela quarta vez à Europa, mas dessa vez é uma coisa mais "família", sem muitas aventuras. Para inspirá-los a descobrir algumas coisas aqui por perto, deixo duas fotos da semana passada, quando conheci o maior centro budista do Brasil. Sabem onde é?