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Mostrando postagens de setembro, 2011

Colonia del Sacramento

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Colonia del Sacramento é uma das cidades mais antigas da região da Bacia do Rio da Prata e tem a peculiaridade de ter sido fundada por portugueses, em meio a terras que quase sempre falaram espanhol.   Nas idas e vindas da linha que marcava a divisão da América do Sul entre espanhóis e portugueses, pelos Tratados de Tordesilhas, de Madrid e de Santo Ildefonso, a cidade foi uma tentativa da Coroa Portuguesa de se afirmar como um poder na região, evitando deixar todo aquele importante canal de navegação exclusivamente nas mãos dos espanhóis, já instalados em Buenos Aires. Aliás, à noite é possível ver as luzes de Buenos Aires, a dezenas de quilômetros do outro lado do rio, brilhando no horizonte. A cidade foi, inclusive, a mais importante fortificação na província Cisplatina, parte do Império do Brasil até a independência do Uruguai, logo depois da Guerra que levou o nome da província. Por tudo isso, até hoje é possível ver em Colonia muita influencia portuguesa, desde nomes de ruas e

Buquebus

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Depois de uma noite virada sem dormir nadinha, que culminou com um jogo das finais do Campeonato Mundial de Rugby entre Inglaterra e França, na sala de uso comum do albergue em que fiquei na primeira vez que fui a Buenos Aires, fui me arrastando até o porto para pegar o Buquebus em direção ao Uruguai, segunda etapa do meu mochilão. A imigração argentina e uruguaia, para meu espanto, era feita quase simultaneamente, ali mesmo no porto argentino. Tudo é muito fácil e confortável, sendo as instalações bem legais. O próprio interior do barco que faz a travessia também me surpreendeu muito positivamente, com sofás, poltronas largas, lojas, lancherias e vários telões grandes passando filmes. O ambiente era tranquilo, como o de uma sala de espera de um aeroporto chique, com as pessoas lendo, assistindo filmes, olhando vitrines ou brincando com os filhos. Curti muito a viagem em si, mas não aguentei de tanto sono e acabei dormindo logo depois que me acomodei numa poltrona. Quas

Numa segunda vez

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Buenos Aires é uma cidade em que sempre se tem algo novo para ver e fazer e que certamente ainda vou visitar várias vezes na vida, nem que seja para uma conexão com destino a outro lugar mais ou sul ou quem sabe na Oceania. Dentre as atrações menos conhecidas da cidade por quem vai para lá pela primeira vez, poderia citar a região de Tigre, no delta do rio Paraná, a alguns quilômetros ao norte do bairro de Belgrano. Até hoje não conheci o lugar, mas colegas de trabalho que foram disseram que realmente é muito bonito e que vale muito a pena. Outra atração é o Cemitério da Chacarera, onde está enterrado Carlos Gardel e outros personagens famosos da Argentina. Embora não tenha a mesma força daquele localizado na Recoleta, também costuma levar muita gente a conhecê-lo (alguns por engano, procurando Evita, é verdade). Num dia chuvoso em junho de 2010, sem muita opção de turismo, acabei voltando a um shopping que tinha conhecido rapidamente em 2008, o Abasto.  O shopping

Malvinas

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A Guerra das Malvinas, travada entre a Argentina e a Inglaterra em 1982, ainda está muito presente na mente dos argentinos, que têm como objetivo constitucional (sim, escrito na Constituição) o dever de recuperar a plena soberania sobre as ilhas Falklands (ou Malvinas). O detalhe: a constituição é de 1994, bem depois da derrota sofrida por eles. Existem um feriado e dias nacionais dedicados à memória daqueles que perderam a vida no breve conflito com a superpotência, que os humilhou afundando inclusive um porta-aviões que tinha uma função muito mais simbólica e cerimonial do que de combate. A maioria dos soldados que perderam a vida lá vinham de províncias mais pobres, ao norte do país, e sequer estavam acostumados com o frio. Muitos morreram de complicações respiratórias e de doenças relacionadas ao frio, além de terem enfrentado problemas com falta de alimentos, vestuário adequado e logística. Quase toda capital argentina ou cidade importante tem algum memorial numa pr

Puerto Madero

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Puerto Madero é o bairro de Buenos Aires que surgiu do meio de galpões portuários abandonados e que tem sido citado, desde os anos 90, como o maior exemplo de revitalização de uma área urbana degradada na América Latina. Hoje, o que se vê por lá são hotéis de luxo, restaurantes para todos os gostos, muitos bem chiques, uma reserva ecológica boa para andar de bicicleta e algumas outras atrações, como a Ponte da Mulher, a Fragata Sarmiento e, mais para os lados da Boca, um barco cassino. A filial da boate espanhola Pacha também fica no bairro. Tudo isso fica a apenas umas duas quadras atrás da Casa Rosada, que está no coração do centro de Buenos Aires. Ou seja, muito perto de tudo. A característica desse peculiar bairro é uma sequência de mais de 2km de prédios com cara industrial, de tijolos à vista, mas recheados com escritórios de arquitetura, sedes de empresas modernas, e até apartamentos, nos andares superiores, e restaurantes e mais restaurantes nos andares inferiore

Caminito

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Só fui conhecer o Caminito quando voltei a Buenos Aires em 2008 e confesso que não achei tudo aquilo que muita gente fala de lá. É legal, é pitoresco, mas para mim ficou parecendo muito com um parque temático. Sim, porque tudo ficou tão “caracterizado” e tão voltado para o turista, que nada parece muito autêntico. As verdadeiras casas do bairro da Boca, para mim, são aquelas bem mais mal cuidadas na região próxima da Bombonera.   De certa forma, também, é um pouco constrangedor ter que ficar desviando de casais de dançarinos de tango que se oferecem para tirar fotos com os turistas em troca de alguns pesos, ou ainda de basicamente ficar entrando de lojinha em lojinha (porque tudo por ali são lojinhas em prédios históricos restaurados – ou restaurante e bares, nenhum de muita qualidade). Há uma poluição sonora violenta, porque um bar tenta levantar a sua música para o show de tango mais alto que a do bar vizinho, e aí já se imagina como tudo fica. O lugar, como já dis

Colón y Obelisco

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O Teatro Colón é uma das atrações mais interessantes para se conhecer em Buenos Aires, na minha opinião – mesmo que seja para fazer só o tour, e não em dia de espetáculo. O prédio passou vários anos fechado entre 2003 e meados de 2010, quando finalmente reabriu para as comemorações do bicentenário da independência argentina. Tive a oportunidade de conhecê-lo antes da reforma, num tour agendado para a metade da tarde, que na época não custava mais do que uns 15 reais por pessoa. Bastava se inscrever e o pagamento seria feito na hora de começar o passeio. Grupos de 30 pessoas com acompanhamento de guia local eram levados pelo saguão de entrada traseiro, todo cheio de mármores e granitos italianos, depois seguiam para o interior do salão principal, onde podiam inclusive ir até as cadeiras dos camarotes principais, onde existe uma cadeira dedicada ao Presidente da República e outra ao Prefeito da Capital argentina. A parte mais interessante são os bastidores. O teatro Col

San Telmo

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San Telmo, o bairro onde me hospedei naquela primeira vez em que conheci Buenos Aires, é um dos mais simpáticos da cidade. Não tem a agitação e o trânsito poluído das áreas mais centrais, como os arredores da Florida ou do Obelisco, nem o desfile de moda de algumas partes de Palermo, mas passa longe da precariedade da Boca. Em compensação, fica a um pulo da Plaza de Mayo e tem bastante lugares para comer, sair, beber, fazer compras. Tecnicamente, ele começa na Avenida Belgrano, paralela à Avenida de Mayo, e vai até o Parque Lezama, tendo a Autopista 25 de Mayo (que leva ao aeroporto de Ezeiza) cortando-o quase que pela metade, a apenas duas quadras da sua praça central. Mas o San Telmo de que estou falando é só aquele "da autopista para cá", ou seja, o lado mais próximo do centro. A maior parte dos estabelecimentos comerciais, dos hotéis e dos restaurantes do bairro funciona em casas com estilo colonial, com fachadas bem sóbrias, pisos de madeira e pés direitos bem altos

La Boca

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Uma das coisas mais estúpidas que já fiz em todas as minhas viagens foi ter decidido ir a pé, sem conhecimento prévio algum e nem um mapa, até o Estádio do Boca Juniors. Qualquer gringo em viagem à América do Sul e qualquer pessoa que trabalhe com turismo em Buenos Aires teria dito como a coisa mais óbvia do mundo que o bairro de La Boca não é lugar onde se possa ficar andando à toa, sem rumo - no entanto, eu só ouvi isso depois que já tinha ido até lá, causando assombramento nas pessoas que me contaram o pequeno "problema" da zona. Embora duas das atrações mais conhecidas da cidade fiquem na Boca - o Caminito e o Estádio da Bombonera, esses lugares são considerados como os únicos pontos seguros do lugar. É chegar de táxi ou de ônibus, descer na frente, entrar, e depois voltar dali mesmo. Embora menos de duas quadras separem o Caminito da Bombonera, até mesmo a polícia local não estimula que os turistas façam esse curto percurso a pé. Num jogo do Grêmio na Libertador

Parque Palermo

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O Parque Palermo não é um só - são várias áreas verdes que ficam entre o bairro de mesmo nome e o Aeroparque Jorge Newberry (o aerporto urbano ao lado Rio da Prata), entre duas das avenidas mais movimentadas da cidade, que dão acesso aos subúrbios mais ricos ao norte da capital. O lugar é conhecido (olha o clichê) como o Central Park argentino e, de fato, é utilizado como o primo nova-iorquino: um lugar onde as pessoas vão para andar de patins, de bicicleta, brincar com o cachorro, namorar, passear de pedalinho ou de charrete, ou simplesmente tirar uma soneca em cima do gramado. Um dos pontos mais bonitos de se conhecer, ao qual só fui quando viajei pela primeira vez com a minha então namorada, é o Jardín Japonés, que é fechado e só se entra pagando ingresso. Lá dentro se pode caminhar por pontes vermelhas, laguinhos cheios de carpas, monumentos budistas (ou xintoístas?) e desfrutar de um restaurante com uma vista de tudo isso. A parte mais concorrida do parque é aquela ao redor

Da Recoleta ao Congreso

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Do Cemitério da Recoleta, saí caminhando meio sem rumo pelas ruas do bairro até encontrar a Faculdade de Medicina, onde há uma grande praça e uma estação de metrô. Não muito longe dali, fica um intrigante e bonito prédio que ocupa uma quadra inteira: o Palácio das Águas. Ele é quase igual em suas quatro fachadas, mas o que impressiona é a riqueza de detalhes. Fica difícil mostrá-lo numa foto, porque as ruas ao redor não são muito largas e por isso não dá para enquadrar a sua grandiosidade no espaço de uma lente comum. Da primeira vez que o vi, dei uma volta inteira para encontrar a sua entrada. No lugar, funciona o departamento de águas da capital argentina, serviço então delegado a uma empresa multinacional de origem francesa. Uma boa pernada depois, tendo passado por algumas igrejas ao longo da rua Callao, cheguei ao meu objetivo: o prédio do Congresso Nacional argentino, outro cartão postal da cidade. Tentei me inscrever para uma visita guiada pelo interior do prédio, marcad

Cementerio de la Recoleta

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Na minha primeira tarde em Buenos Aires, tratei de conhecer um dos mais importantes cemitérios com interesse turístico do mundo, o Cemitério da Recoleta. Embora hoje, com tanta gente já tendo ido ao local, a ideia pareça normal, lembro bem que, nas primeiras vezes que ouvi, histórias de pessoas contando que visitaram um cemitério na sua ida à capital argentina causavam um certo espanto, senão algumas risadas. O tal cemitério fica no bairro de mesmo nome, que é considerado o mais tradicional e nobre de Buenos Aires. Ali, antigos palacetes do século XIX e prédios de apartamentos da primeira metade do século XX dão um ar parisiense à cidade. Não é frescura nem exagero: conheci franceses no albergue que concordaram que se sentiam como numa rua de Paris naquela parte da cidade. A entrada do cemitério fica numa área aberta, cheia de bancos para as pessoas se sentarem, de banquinhas de sorvete e pipoca, com um parque ao lado. Às vezes há algumas feirinhas na região. Do lado oposto,

O efeito do corralito

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Depois de fazer o reconhecimento da Plaza de Mayo, decidi seguir para os lados da Calle Florida, o calçadão central de Buenos Aires (que hoje em dia tem mais brasileiros e batedores de carteira do que argentinos). Antes disso, parei num prédio que me chamou a atenção por ter fachada de templo grego e uma chama acesa na entrada. Só depois que percebi que se tratava da Catedral Metropolitana. Lá dentro, para minha surpresa (isso que eu chamo de falta de informação), estava o mausoléu do famoso General San Martín, o libertador de várias colônias espanholas na América do Sul. Alguns minutos de silêncio depois, entrei no famoso calçadão e comecei a ver a muvuca daquele que é o coração do comércio popular de Buenos Aires. Hoje em dia, quando se vai na Florida, a impressão mais marcante do lugar são os tocadores de algum instrumento musical ou dançarinos de tango pedindo dinheiro, os vendedores assediando os turistas, alguns camelôs, as bancas de jornal. Naquela época, porém, a m