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Mostrando postagens de setembro, 2010

Albergue de Mostar e despedida

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Na hora de procurar albergue para ficar em Mostar, por tudo que li nos guias e pesquisei no site do Hostelworld, a melhor opção indicada era o Majda's Hostel (antigamente chamado de Majda's Rooms). Todos os comentários acerca do albergue faziam especial referência à pessoa da dona do lugar e de seu marido, que seria muito atenciosos. Outra questão que se repetia nesses comentários era a necessidade de se fazer o tour pela região promovido pelo albergue, que seria imperdível e que faria todos quererem ficar mais tempo na cidade do que tinham previsto. Esse clima todo de "é muito bom, não dá para perder" se repetiu logo que chegamos na cidade e conhecemos uma americana que estava voltando a Mostar, depois de uma semana viajando pela Croácia, de tanto que tinha gostado do pessoal do albergue. De fato, eles são atenciosos... Só que em nossa opinião até demais . Assim que chegamos, estavam nos esperando na rodoviária e nos levaram até o dito albergue. Logo entendemos p

Mais sobre Mostar

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Mostar não é só desgraça, como pode ter ficado parecendo depois dos posts anteriores. A cidade é realmente a mais interessante de toda a Bósnia Herzegovina, segundo a maioria dos guias, dos mochileiros e na nossa humilde opinião, e também uma das mais bonitas. Como é um lugar pequeno, não espere muita coisa para ver e fazer na própria cidade. Entretanto, se a ideia é relaxar e curtir por dentro uma cidadezinha com cara de medieval, conhecer mesquitas e mesmo ouvir as histórias que os sobreviventes têm para contar – ou, ainda, quem sabe até se arriscar num banho gelado nas águas do Neretva – não há do que se queixar. O centrinho está cheio de lojas, bancas e antiquários vendendo bastante bugigangas, souvenires e alguns itens legais do tempo do comunismo e das guerras. Como em todo o país, os preços são menores do que na maioria da Europa, mas por causa do turismo crescente essa barateza tende a cada vez mais diminuir. Come-se muito bem em Mostar. Experimentamos coisas bem diferentes, co

Mostar - Franco-atiradores

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Um dos pontos altos de nossa passagem por Mostar foi uma "atração" tecnicamente fechada para turistas: o prédio mais alto da cidade, que nunca chegou a ser completamente terminado, e que foi utilizado por franco-atiradores bósnios croatas no conflito com os bósnios muçulmanos. O prédio tem cerca de 8 andares, contando a cobertura, e era totalmente revestido de janelões de vidro. Foi feito para ser um banco, e por isso até hoje é referido em inglês como o "Glass Bank". A vista que se tem lá de cima é privilegiada: quase 360°, bem no centro novo da cidade. Isso foi um chamariz irresistível para que fosse ocupado durante a guerra e passasse a servir de ponto de apoio para franco-atiradores que miravam nos cidadãos passando lá embaixo. As balas iam e vinham do prédio - ele também era alvo de pistolas e metralhadoras, por isso foi completamente destruído em sua fachada exterior. O prédio está abandonado desde aquela época, embora haja estudos para aproveitar sua

As 2 guerras de Mostar

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Esquina de duas das ruas mais importantes de Mostar, em julho de 2010 Mostar é a cidade mais turística da Bósnia-Herzegovina, desde a época da antiga Iugoslávia. Antigamente, isso se justificava principalmente por seu centro histórico bem preservado e pela Ponte Velha (Stari Most), declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Com a guerra do início dos anos 1990, porém, a cidade foi quase completamente arruinada, mas mesmo assim voltou a ser o lugar mais visitado do país. Seja por causa da Stari Most, reconstruída em 2004, seja em razão das supostas aparições da Virgem Maria na vizinha Medjugorije, seja por causa das marcas aparentes da guerra que estão por todos os lados. Mostar foi muito mais castigada do que Sarajevo na guerra e ainda tem um caminho muito mais longo para se livrar de todas as suas marcas. A pergunta que todo mundo faz – sobre o motivo pelo qual a cidade foi tão severamente atingida – é respondida pelos locais de um modo simples e direto: é que não foi só uma guer

Mostar e a sua ponte: Stari Most

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Boa parte do tempo que se passa em Mostar é em função da Stari Most (Ponte Velha) e seus arredores (o próprio nome da cidade significa guardiã da ponte). A cidade é pequena e todo mundo vem ali para conhecer a tal ponte, que é Patrimônio da Humanidade e que, tragicamente, foi destruída na guerra em 1993, depois de permanecer em pé por mais de 420 anos (a versão atual foi terminada em 2004, sendo que durante o tempo em que ela estava derrubada, havia uma ponte provisória de cabos de aço e madeira). A ponte é só para pedestres, toda feita em pedra, num arco que forma uma vista muito bonita quando olhada de lado. A pedra é bem lisa e, até por isso, foram colocados alguns degraus para evitar que as pessoas caiam. De uma certa forma, lembra um pouco algumas pontes de Veneza. Ela serve para unir os dois lados da cidade velha, separados pelo rio Neretva. Uma das coisas mais surpreendentes é a cor desse rio: um verde esmeralda que pode ser visto de qualquer ângulo, faça chuva ou faça sol

Trem Sarajevo - Mostar

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Nossa única viagem de trem no mochilão aos Bálcãs nos fez acordar bem cedinho em Sarajevo. A saída, prevista para as 7h05 da manhã (só há dois trens nesse percurso por dia, o outro é às 18h00), ainda exigia uma corrida de táxi, visto que a estação fica a uma distância bem razoável do centro, ao contrário da maioria das cidades europeias. Na hora marcada, estávamos todos de pé e prontos para seguir viagem. O táxi, chamado pelo cara da recepção que estava ali pela manhã, chegou rapidinho. Dessa vez, o sujeito não manjava nada de inglês e tivemos que apelar para o alemão para conseguir dizer para onde estávamos indo e entender quanto custaria a corrida. Como não tínhamos tomado café da manhã no albergue, já que ele só seria servido mais tarde, tivemos que arranjar alguma coisa na estação de trem. Conseguimos uns cafés de máquina, dessas tipo Nescafé, e uns croissants ou coisa que o valha. Quando já eram umas 7h00, fomos para a plataforma de embarque e, para chegar lá, passamos pela estaçã

Sarajevo - Ferhadija

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Ferhadija é o bairro mais central de Sarajevo. O estilo é bem diferente daquele visto no bairro turco logo ao lado. Aqui, a influência do Império Austro-Húngaro é visível. Os prédios tem aquele mesmo estilo dos prédios de Viena, inclusive nas cores. Li em algum dos guias que esse bairro foi um dos primeiros do mundo a ter iluminação pública elétrica (dizem as más línguas que a cidade foi usada de cobaia porque ainda tinham medo de usar energia elétrica para esse propósito e preferiram testar ali, no tempo em que a Bósnia era como que uma colônia imperial). Já estava escurecendo quando começamos a andar por suas ruas. Ficamos mais de meia hora bem em frente à igreja principal, assistindo a grupos de danças folclóricas de tudo quanto é lugar do leste europeu dando canjas de suas performances. Havia um festival de dança na cidade, que estava ocorrendo num outro parque ali perto, mas para fazer propaganda os grupos estavam fazendo apresentações de 5 minutos cada um. Naquela hora, com as ru

Sarajevo - Vratnik

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Logo depois da Praça dos Pombos, ao noroeste, começa uma subida que marca o início do bairro de Vratnik. A primeira coisa interessante que encontramos nesse lugar foi uma loja de antiguidades com artigos supostamente originais da II Guerra Mundial, logo do outro lado da avenida ao lado da praça. Até mesmo um cartaz em alemão de que “nessa loja é proibida aos judeus fazer compras" exposto na vitrine dava um “clima” para o lugar. Capacetes de soldados, condecorações militares, cédulas e moedas antigas, algumas bandeirinhas e outros itens para colecionar deixariam qualquer fanático por II Guerra entretido por um bom tempo. Um pouquinho mais para cima e já se vê várias casas e sobrados com bastante marcas de guerra ainda nas paredes – lugares onde ainda não chegou dinheiro para restaurações. Sem nos darmos por conta (o mapa do Lonely Planet que eu estava usando não ia muito além do centro), acabamos parando bem ao lado de vários pequenos cemitérios, quase no meio da cidade. O primeiro

Sarajevo – Baščaršija

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Baščaršija é o antigo bairro turco de Sarajevo. Pronuncia-se “ bash-shar-shía ” e era o centro da cidade durante o período em que a Bósnia fez parte do Império Otomano. Hoje, se você for olhar no mapa, ele ocupa um dos pontos mais ao norte da cidade (Sarajevo é uma cidade comprida, mas estreita, que fica quase toda ao longo do vale do rio Miljacka). O lugar é cheio de mesquitas e de fontes de água em estilo oriental. Entretanto, não se parece muito com o que vimos na Turquia, porque, ao invés de mármore e de pedra, usa-se muita madeira e tijolos a vista na fachada dos prédios e na parte debaixo dos telhados. Pela cara das construções e pelos poucos tiros nas paredes, vê-se que muita coisa foi restaurada recentemente. A rua principal, que é só para pedestres, chama-se Sarači, e na verdade é uma continuação da Ferhadija, a rua principal do bairro ao lado, onde fica o albergue. As atrações do bairro giram em torno de comida e de compras. Há cafés, joalherias, lojas de antiguidade, bazares

Sarajevo - Albergue

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O bonde que leva da estação de trens e da rodoviária ao centro de Sarajevo não é dos mais fáceis de entender. Assim que se entra, deve-se validar o ticket , no mesmo estilo dos bondes de Amsterdam, mas o problema é que não há sinais nem mesmo anúncio das paradas que ele faz. Olhar para fora também não ajuda muito, já que as paradas não têm nome e tampouco de consegue encontrar placas nas esquinas das ruas indicando em que lugar se está. Nessas situações, o melhor mesmo é pedir ajuda a algum passageiro nativo. Perguntamos qual era a melhor parada para descer no centro, e uma mulher nos disse que bastava segui-la. O problema é que o bonde foi indo, indo, e nada de pararmos. Quando vi a Ponte Latina, que é um dos principais pontos turísticos da cidade, passando pela janelinha, vi que estávamos indo longe demais. Avisei aos guris para descermos, e assim fizemos na parada seguinte. Quando descemos, finalmente me localizei no mapa da cidade e vi que tínhamos umas seis quadras para voltar em

Entendendo um pouco sobre a Bósnia

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Para conseguir absorver um pouco do sentido das coisas que você está vendo ao seu redor quando está na Bósnia-Herzegovina, é importante saber um pouquinho sobre como é que funciona esse país. A Bósnia-Herzegovina, normalmente referida apenas como Bósnia ou pela sigla BiH, era uma das repúblicas socialistas que faziam parte da antiga Iugoslávia. As outras repúblicas eram a Sérvia, Montenegro, Croácia, Macedônia e Eslovênia. A Iugoslávia era uma federação, com certa autonomia para cada uma das seis repúblicas, mas com um governo federal fortemente influenciado pelos sérvios. Paralelamente à questão geográfica da divisão em seis repúblicas, a Iugoslávia se dividia em diferentes etnias e religiões. Os eslovenos e os croatas sempre foram eminentemente católicos romanos. Como estiveram a maior parte da história sob a influência da Itália e do Império Austro-Húngaro, sempre tiveram uma percepção de que são mais “ocidentais” que os seus vizinhos. A religião talvez tenha o papel mais importante