Trem Sarajevo - Mostar
Nossa única viagem de trem no mochilão aos Bálcãs nos fez acordar bem cedinho em Sarajevo. A saída, prevista para as 7h05 da manhã (só há dois trens nesse percurso por dia, o outro é às 18h00), ainda exigia uma corrida de táxi, visto que a estação fica a uma distância bem razoável do centro, ao contrário da maioria das cidades europeias.
Na hora marcada, estávamos todos de pé e prontos para seguir viagem. O táxi, chamado pelo cara da recepção que estava ali pela manhã, chegou rapidinho. Dessa vez, o sujeito não manjava nada de inglês e tivemos que apelar para o alemão para conseguir dizer para onde estávamos indo e entender quanto custaria a corrida.
Como não tínhamos tomado café da manhã no albergue, já que ele só seria servido mais tarde, tivemos que arranjar alguma coisa na estação de trem. Conseguimos uns cafés de máquina, dessas tipo Nescafé, e uns croissants ou coisa que o valha.
Quando já eram umas 7h00, fomos para a plataforma de embarque e, para chegar lá, passamos pela estação de trem mais suja e detonada que eu já tinha visto em todos esses anos de viagens. Estava tudo pichado, fedendo a mijo, com paredes descascadas e mofadas no corredor subterrâneo por baixo dos trilhos que dava acesso às plataformas.
As placas indicando qual plataforma servia para qual trem eram fixas, ao contrário da maioria das estações de hoje em dia, que têm mostruários eletrônicos. Elas indicavam as poucas linhas que existem naquela estação: Sarajevo – Ploče (que era a nossa, com parada em Mostar), Sarajevo – Budapest e Sarajevo – Beograd.
Nossa pontualidade, assim como a de umas outras quarenta pessoas que também estavam ali esperando o trem, não foi recompensada. Demorou uns 50 minutos até que aparecesse uma locomotiva solitária (que depois descobrimos nem ser a nossa). Mais alguns minutos e finalmente chegou o trem, vazio ainda.
Não havia mais do que uns 5 ou 6 vagões. Mesmo com uma passagem barata, as pessoas evitam o trem porque dizem que é muito lento comparado ao ônibus. Além disso, na época em que fomos, havia obras na ferrovia e parte do trecho seria feito em ônibus, como de fato aconteceu.
Os lugares encheram rápido e nem mesmo conseguimos ficar os quatro juntos numa cabine. A paisagem, no início, não tinha nenhum atrativo especial. Entretanto, depois começaram a haver vários túneis, curvas bruscas e montanhas e mais montanhas.
O trem foi serpenteando por pontes, encostas e entrando e saindo de túneis e aí pudemos entender porque os guias recomendam efusivamente que se faça esse trecho de viagem no trem, mesmo com o sucateamento da empresa ferroviária bósnia.
Mas, quando a coisa estava ficando ainda melhor, chegamos em uma cidadezinha chamada Konjic e tivemos que descer do trem para pegar o ônibus que faria a parte final da viagem até Mostar.
Mesmo assim, a parte de estrada não foi tão ruim. O tempo todo, o rio Neretva, o mesmo que banha Mostar, estava de um lado ou do outro, conforme as pontes iam se alternando. A viagenzinha ainda rendeu boas risadas por causa do motorista que corria tipo louco e de um bêbado chato que encarnou num dos guris e ficava puxando conversa.
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