Albergue de Mostar e despedida
Na hora de procurar albergue para ficar em Mostar, por tudo que li nos guias e pesquisei no site do Hostelworld, a melhor opção indicada era o Majda's Hostel (antigamente chamado de Majda's Rooms).
Todos os comentários acerca do albergue faziam especial referência à pessoa da dona do lugar e de seu marido, que seria muito atenciosos. Outra questão que se repetia nesses comentários era a necessidade de se fazer o tour pela região promovido pelo albergue, que seria imperdível e que faria todos quererem ficar mais tempo na cidade do que tinham previsto.
Esse clima todo de "é muito bom, não dá para perder" se repetiu logo que chegamos na cidade e conhecemos uma americana que estava voltando a Mostar, depois de uma semana viajando pela Croácia, de tanto que tinha gostado do pessoal do albergue.
De fato, eles são atenciosos... Só que em nossa opinião até demais. Assim que chegamos, estavam nos esperando na rodoviária e nos levaram até o dito albergue. Logo entendemos por que eles fazem questão de levar: seria quase impossível achar e muito cansativo desde a rodoviária.
O albergue, na verdade, é um apartamento de família com três quartos, com três beliches em cada um, num prédio residencial fora do centro da cidade, no lado ocidental da cidade (fica mais ou menos a quatro quadras da catedral franciscana recém reconstruída). Como a maioria dos lugares de Mostar, o prédio tem várias marcas de tiro nas paredes externas e até mesmo na escadaria de entrada.
O lugar não tem nada demais, a não ser pelo fato de parecer uma casa normal. Há apenas um banheiro, com uma máquina de lavar e secar gigante dentro, que o deixa insuportavelmente quente (embora a água do chuveiro seja fria).
Logo que cheguei, fui direto para o banho (fazia uns 35° na rua e eu estava completamente suado), mas os guris foram "sequestrados" pela Majda e levados para a sacada, onde serviu-se um chá e começou-se a "doutriná-los" acerca das normas da casa e do que havia para fazer na região. Cada hóspede foi "convidado" a desenhar a bandeira de seu país, escrever seu nome e colar na lateral da cama para indicar quem a estava ocupando (no check out a bandeirinha iria para um mural na sala de uso comum).
Quando saí do banho, senti toda a raiva contida da Majda contra a minha atitude de não comparecer à sua "preleção" e preferir ir direto ao banho. É claro que, por ser uma pessoa com um visual meio hippie e querer passar a ideia de tranquilidade o tempo todo (ela fica pedindo para que falem mais devagar, para que tenham mais calma), não seria bom para sua imagem se estressar comigo, mas a rispidez com que ela me tratou por não ter me submetido "às regras da casa" foi bem visível.
Assim que quisemos sair para almoçar e começar a passear, ainda tivemos de fazer o "treinamento" de como abrir as travas de segurança da porta da casa e só então fomos liberados.
À noite, quando voltamos dos passeios, falamos que sairíamos bem cedo da manhã (compramos passagens para o ônibus das 7h, para Dubrovnik) e tivemos de escutar que era cedo demais. Perguntamos se havia táxi e ela em princípio disse que veria o que podia fazer.
Demos mais uma saída e voltamos lá pelas 2 da manhã, e foi quando a encontramos já com uma roupa de dormir dizendo que tinha conseguido um táxi para a hora que precisávamos e que era para irmos dormir em silêncio, pois ela estava "very, very tired".
Enfim, ela não foi com a nossa cara e nós não nos submetemos a ela, por isso o conflito. No dia seguinte, porém, ficamos sabendo que ela também tinha sido ríspida com outra mochileira turca, que pediu para ficar mais um dia e simplesmente foi conduzida para fora do albergue. Acho que não era um dia bom para a Majda...
E a despedida de Mostar ocorreu às 7h da manhã. Lá pelas 6h e pouco, nossa "carona" à rodoviária apareceu e, numa das situações mais inusitadas da viagem, não falava nem inglês, nem alemão nem qualquer língua que não servo-croata. Na base da mímica, nos entendemos e conseguir chegar tranquilos na rodoviária, a tempo de tomar um café e embarcar.
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