Atravessando a Argentina

A viagem entre Tucumán e Paraná não começou muito bem. O ônibus atrasou mais de meia hora e, quando chegou, causou uma decepção geral. O andar de cima, no qual tínhamos comprado lugares, estava quente que era uma desgraça (provavelmente o ônibus tinha passado a tarde naquele sol escaldante). O ar condicionado não dava vencimento e, para completar, o ônibus parou no primeiro posto de gasolina que apareceu na estrada para abastecer.

Só consegui dormir depois que passamos de Santiago del Estero, capital da província vizinha. Daí em diante apaguei. Acordei umas 10 horas depois, já dentro da cidade de Santa Fe, na província de mesmo nome.

Cidade maior que a vizinha Paraná, Sante Fe era o destino final da maioria dos passageiros, que ali acabaram descendo. Com mais bancos vazios, pegamos os lugares bem da frente para acompanhar o próximo trecho da viagem, que tinha uma atração interessante: o maior túnel sub-fluvial da América Latina, sob o rio Paraná.

Conhecido como "Túnel Hernandarías", ele foi construído nos anos 60 por baixo do rio, porque só o Governo Federal argentino tinha poder para autorizar a construção de uma ponte, e não concedia isso às províncias. Através de um tratado, Entre Ríos e Santa Fe se uniram e fizeram a obra por conta própria.
Chegamos do outro lado, na cidade de Paraná, por volta das 8hs. Assim que saímos, tratamos de conseguir passagens para seguir viagem.

Por engano, acabamos comprando bilhetes para um ônibus direto a Paso de los Libres às 15 para as 10hs - só que era da noite, e não da manhã, como entendemos. Trocamos as passagens pelo nosso dinheiro de volta e acabamos tomando um ônibus regional, daquele bem pinga-pinga que se paga diretamente ao motorista, até a cidade de Concordia.

Concordia fica na mesma província, mas do lado oposto, na fronteira com o Uruguai. Como está no meio da Ruta 14, fica no caminho entre Buenos Aires e Paso de los Libres. Lá seria bem mais fácil chegar ao Brasil.

E assim foi. Depois de umas 4 horas naquele ônibus menor, que parava a cada poste que aparecia na estrada, chegamos em Concordia e descobrimos que havia um ônibus indo para Paso de los Libres que estava atrasado em 10 minutos, podendo chegar a qualquer momento. Não tivemos dúvida. Compramos as passagens por 15 pesos cada e esperamos. Em 5 minutos, ele apareceu.

Esse era um daqueles da Flecha Bus, muito bom. Passando filme, com serviço de bordo, quase vazio. Pegamos um banco de 2 lugares cada um e aproveitamos.

Quando estávamos chegando em Paso, o ônibus parou próximo à aduana, onde fica a Ponte Internacional para Uruguaiana. Era para ser apenas uma parada para descarregar encomendas, mas saltamos para o lado de fora e, a contra-gosto do motorista, pedimos para descarregar nossas mochilas. Se não fosse assim, teríamos que ir até o centro de Paso de los Libres e depois tomar um táxi de volta àquele mesmo ponto.

Por fim, fizemos a nossa saída da Argentina. Faltava agora só atravessar a ponte para o Brasil e andar mais uns 400km até Santa Maria. Mas isso é assunto para amanhã.

Para entender: no final das contas, o roteiro que fizemos acabou sendo esse que aparece no mapa abaixo.

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