Madrid: a língua
Ao contrário do que alguns ainda pensam, não se fala só espanhol na Espanha.
O país, como quase todos da Europa, foi formado através da reunião de vários reinados, principados, ducados e condados menores, com características, língua e cultura próprias. Por alguma questão histórica, um povo se sobrepôs sobre os demais na formação desse Estado e acabou impondo a sua língua como o idioma nacional, através das escolas, do serviço militar, dos funcionários públicos, das leis e, mais recentemente, da cultura de massa, da TV, etc.
O que conhecemos como “espanhol”, na verdade, é o castelhano, língua da região de Castilla La Mancha e Castilla y León, que circundam Madrid. Essa é que, de fato, tornou-se a mais falada e, inclusive, foi exportada para as colônias espanholas na América Latina e no resto do mundo.
Além do castelhano, entretanto, há outras 3 línguas com presença muito forte no país, consideradas também como línguas oficiais onde são usadas: o catalão (falado na Catalunha, onde fica Barcelona, bem como partes de Valencia, Ilhas Baleares, etc), o basco (falado principalmente no País Basco, onde ficam Bilbao e San Sebastián) e o galego (falado na Galícia, ao norte de Portugal, onde fica Santiago de Compostela e La Coruña).
Ainda existem algumas línguas menos conhecidas, faladas praticamente só entre moradores locais, como o aragonês, asturiano, occitano, extremeño, etc.
O castellano falado em Madrid soa bem diferente daquele falado no México ou na Venezuela, e mais ainda da Argentina. É mais lento do que o sotaque argentino, mas mais rápido do que o mexicano ou o boliviano. Para quem não sabe nada em espanhol, é mais fácil de entender do que o falado na Argentina, no Chile ou no Paraguai, desde que se preste atenção.
A característica principal desse sotaque é o som dos “s”, do “z” e do “c”. Palavras que, em português, seriam escritas com “ç”, em espanhol são escritas geralmente com “z” e, na Espanha, pronunciadas com a língua passando entre os dentes. Assim, “chouriço” é escrito como “chorizo” e pronunciado “tchorisssso”, com o “s” soando como se a pessoa falasse errado (aqui no Brasil mandariam a pessoa para o fonoaudiólogo). A mesma coisa acontece com o “c” nas sílabas “ce” e “ci”. Já nas palavras com “s”, o som sai meio chiado, mas de um jeito diferente daquele dos cariocas. Perceba como um espanhol fala “Gracias” e você entenderá o que eu estou tentando dizer.
Outra coisa curiosa é o uso do verbo “coger”. Na Argentina, ele é super ofensivo. Equivale a “foder”, num sentido ainda mais chulo. Na Espanha, entretanto, “coger” é usado a toda hora e significa simplesmente “tomar” ou “pegar”. Quando você pedir uma informação, certamente lhe dirão para “coger” a rua (calle) tal e depois a rua tal.
Você também ouvirá muito a expressão “bale!”, que equivale a “ok” ou “vamos lá”.
O pronome usado para a segunda pessoa do singular (tu) é o “tu”, e não “usted” ou “vos” (esse último usado na Argentina, Paraguai e no Uruguai).
Relativamente poucas pessoas falam inglês, se comparado com países mais do norte. Basicamente só se usa essa língua para conversar com outros mochileiros e turistas.
Para quem nunca viajou a um país que fale outra língua, é um bom lugar para começar, já que as pessoas geralmente são muito atenciosas e não há maiores dificuldades com relação ao idioma (a não ser na hora do cardápio, quando até quem estuda espanhol fica boiando).
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