Córdoba - Parte II


Embora Córdoba nunca mais tenha recuperado a sua importância política da época em que foi a Capital do Califado na Andaluzia, sendo suplantada em importância política por Sevilha e em interesse turístico por Granada, ela ainda tem várias outras atrações, além da Mesquita-Catedral, que fazem da cidade um destino bem interessante para ser conhecido em 1 ou 2 dias, num tour pela Andaluzia.

Bem pertinho da Mesquita-Catedral, fica o Alcázar de los Reyes Cristianos, que nada mais é do que um palácio fortificado originalmente construído pelos governantes muçulmanos e depois tomado pelos reis cristãos durante a Reconquista – mais um dos marcos das sucessões de poder na cidade.

Alcázar é uma palavra em espanhol que deriva de al-Khasbah, ou seja, a casbah, a fortaleza que existe em quase toda cidade histórica muçulmana do norte da África. Em português de Portugal, o termo equivalente seria alcáçova.



A entrada no lugar, que fica bem pertinho do rio e no extremo oeste da cidade antiga amuralhada de Córdoba, é paga, mas a visita é uma das que mais valeu a pena na cidade.

O palácio em si não é tão interessante, já que não há mais quase nada de mobília do lado de dentro, deixando como pontos de interesse apenas as torres de guarda, as passarelas em cima das muralhas, os antigos banhos árabes e os pátios internos, com fontes de água e laranjais. O mais bonito do lugar são os jardins externos, todos muito bem cuidados e, na época em que fui, muito floridos. A maioria dos arranjos com flores e plantas é feita de forma simétrica e quase tudo sempre tem muita água, com piscina rasas e compridas, com fontes jorrando esguichos de água. Há vários níveis de jardins e a cada ponto se tem uma perspectiva diferente da paisagem ao redor.




Não cheguei a conhecer Granada, por contratempos relacionados a uma Greve Geral, mas quem viu minhas fotos disse que o Alcázar de Córdoba é muito parecido com a famosa Alhambra.

Outra atração turística de Córdoba é antiga Judería, que seria a mais bem conservada de toda Espanha. Judería era a região da cidade em que os judeus habitavam. Existia em quase todas as cidades da época muçulmana da Andaluzia e se caracterizava por ser um labirinto de ruas estreitas e casinhas brancas, onde moravam os comerciantes, feirantes, artesãos e artistas judeus.



As juderías só existiram como tal até a Reconquista, pois a partir daí os judeus também passaram a ser hostilizados e expulsos pelos cristãos, a menos que se convertessem (ainda que de forma aparente). Depois desse processo, tornaram-se partes das cidades medievais, sendo ocupadas por pessoas comuns, muitas delas mais pobres.

A graça em conhecer a Judería é justamente a de ir caminhando sem destino no labirinto que ela forma, para ir descobrindo pequenos segredos, como sacadas de ferro ornadas com flores, pátios internos típicos e até mesmo uma sinagoga judaica ainda em atividade.

Os pátios internos das casas históricas de Córdoba ficam abertos se o proprietário aceita que os turistas queiram entrar para bater umas fotos. Os que estão fechados não devem ser “invadidos”. Para estimular o turismo e o cuidado com esse patrimônio, a Prefeitura faz competições com prêmios entre os donos dos prédios, escolhendo a cada ano os pátios mais bonitos e dando incentivos em dinheiro para as restaurações.

A sinagoga judaica, de que falei acima, também pode ser visitada, mas apenas no horário entre as 14h e as 17h. Quando cheguei lá, depois de ter visto o Alcázar e a Mesquita, dei de cara com a porta.


Já com relação às ruas mais bonitas para um foto, a dica dos guias é encontrar a Callecita de las Flores, que como o nome diz, é uma ruela (na verdade um beco) cheio e flores vermelhas nas sacadas, contrastando com as paredes brancas, sendo que a partir do seu final quando se está olhando para trás, se vê bem emoldurada no meio da rua a torre principal da Mesquita-Catedral (foto acima).

LOGÍSTICA:

Conhecer Córdoba não exige necessariamente que se durma lá. Algo entre 5 e 8 horas é o suficiente para percorrer o centro histórico, que reúne as principais atrações do lugar, como a Mesquita, a Judería e o Alcázar. Até mesmo quem estiver de casalzinho (ou viajando com a avó...) e quiser fazer um passeio de charrete puxada por cavalos andaluzes encontrará tempo para fazer tudo num mesmo dia.

Se quiser dormir, há bastante opções de albergues no Hostelworld, a maioria deles localizados em sobrados na área ao redor da Judería. Mesmo assim, é bom reservar antes, principalmente perto do Carnaval e da Semana Santa, além dos meses de férias escolares. Na Judería propriamente dita, há alguns prédios históricos transformados em hotel boutique e pousadas mais refinadas.

Para chegar até a cidade, também é muito fácil: são apenas 44 minutos de trem de alta velocidade, saindo de Sevilha (estação Santa Justa), ou 1h40 de trem (também o AVE) vindo de Madrid (estação Atocha). O trem passa praticamente de meia em meia hora no horário comercial e de hora em hora no início e no final do dia. Vir de Granada já é mais complicado: são apenas 2 trens nesse trajeto por dia e o trem, bem mais lento, leva umas 2h20.

A estação de trem fica a uns 15 minutos de caminhada da parte histórica da cidade, num caminho que é feito quase todo por uma larga e moderna avenida, em cujo meio está um bonito parque urbano, cheio de gente andando de bicicleta ou passeando com o cachorro. Para chegar na cidade, é um descidão desde a estação que, obviamente, vira uma subida na volta.

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