Flamenco
O flamenco é o estilo de música e dança mais representativo
de toda a Espanha e tem em Sevilla o seu centro de maior disseminação. O
flamenco tem origens relacionadas aos ciganos, aos mouros e aos judeus, povos
que foram perseguidos depois da Reconquista e que seguiram às margens da
sociedade por muitos anos.
Mesmo não sendo considerado como uma arte até pouco tempo,
sempre foi o estilo popular preferido dos andaluzes. Assim como aqui no Rio
Grande do Sul uma rádio do interior tende a tocar música gauchesca e de bailão
para agradar os ouvintes, na Espanha o estilo mais tocado é o flamenco.
Assim como ocorre com o samba no Rio de Janeiro e o tango em
Buenos Aires, o flamenco é, também, uma atração turística. Por isso, existem
muitos shows voltados a turistas, geralmente vinculados a um jantar e um
transfer de ida e volta até o hotel, onde são feitas apresentações que nem
sempre são do gosto dos puristas.
Essa questão leva a um dilema frequente para quem visita
Sevilla e quer ter uma experiência com o flamenco: apelar para um show turistão
ou se enfiar num salão cheio de pessoas locais, nem sempre muito receptivas a
quem vem de fora e não entende nada da coisa.
Hesitamos bastante antes de escolher um lugar, mas acredito
que tenhamos chegado a um meio termo satisfatório: decidimos assistir ao show
que ocorre no final da tarde no Museo del Baile Flamenco Cristina Hoyos. O
lugar fica bem no meio do centro histórico, a uns três minutos da Catedral.
Para maiores informações, basta ir no site da organização: http://www.museoflamenco.com/
O museu tem uma mostra permanente de caráter interativo,
onde são apresentadas as origens do estilo, as diferentes espécies de música
flamenca, e trajes típicos usados nas apresentações. Pode-se combinar o
ingresso da mostra com o show, com um desconto pela compra do combinado.
Cada dia são dançarinos e “cantaores” diferentes que se
apresentam, mas todos são considerados profissionais, ou seja, também se
apresentam em eventos típicos tradicionais – e não em shows para inglês ver.
O show tem uma hora de duração é feito num palco que fica
bem no centro do museu. Vale a penas chegar uma hora antes da apresentação para
marcar lugar e fazer a visita à amostra, para depois, ao final, sentar-se e
esperar o show começar. Há uma copa improvisada ao lado das cadeiras, onde se
pode comprar um vinhozinho e refrigerante.
O estilo é muito impactante e, como bem descreve o guia da
Lonely Planet para a Andaluzia, toca no fundo da alma. A experiência, na minha
opinião, é obrigatória para quem vai até o sul da Espanha. Um videozinho no
Youtube não faz jus à experiência de estar lá, ouvindo a voz do cara cantando
daquele jeito típico do flamenco e das batidas no "tablao".
OBS: uma das coisas mais típicas que vi acontecer foi
entrarmos num barzinho, na hora em que começou a chover, para tomar um café, e
de repente, ao nosso lado, ali no balcão mesmo, um velhinho com cara de uns 70
e poucos anos puxar um flamenco lá do fundo e começar a cantar para os amigos
ao redor. É a isso que eu me refiro, quando me empolgo com as experiências da
Andaluzia!
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