Do aeroporto de Haneda a Shinjuku

Minha chegada ao hotel que seria meu cantinho pelas 7 noites seguintes aconteceu sem maiores percalços, mas com um pouco de ansiedade. Como relatei no post anterior, minha missão era sair do aeroporto de Haneda, num domingo à noite, depois das 23hs, e chegar a Shinjuku, um dos 23 “bairros especiais” ou “cidades” que formam a megalópole conhecida como Tóquio.

Mas, antes de falar desse deslocamento, uma explicação sobre a minha escolha de hospedagem.

Levando em consideração vários fatores como (1º) a proximidade do transporte público (queria muito um hotel próximo a uma estação de metrô, porque temia que chovesse bastante), (2º) localização que não dependesse de transporte público caso saísse e voltasse só depois da meia-noite (os trens param entre 00h30 e 5h, na maioria do lugares, e o táxi é caríssimo), (3º) custo-benefício (não queria áreas caríssimas como Roppongi, Ginza ou Shibuya) e (4º) proximidade de uma ampla variedade de restaurantes, acabei escolhendo ficar em Shinjuku.

Pesquisei bastante por hotéis nessa região, e o que melhor pareceu atender a todos os meus critérios foi um da rede local “Tokyu Stay”, denominado simplesmente “Shinjuku”. Esse hotel tinha café da manhã incluído na tarifa, podia ser reservado pelo Booking ou pelo Hoteis.com sem a necessidade de pagamento antecipado ou depósito parcial, tinha TV, banheiro privativo e uma cama mais larga, frigobar e, por alguns ienes a mais, até mesmo lava-roupas. O quarto que escolhi não tinha essa última opção, porque minha ideia era levar pouca roupa e comprar mais lá, durante a viagem. 


Ele fica localizado no 3º distrito de Shinjuku, o “3 Chome” ou “san-chome”, e a uma quadra de uma entrada da estação de metrô Shinjuku San-Chome. Nas ruazinhas que o circundam, há vários (muitos mesmo) restaurantes e também existem umas 2 lojinhas de conveniência da 7Eleven e outra da FamilyMart. Embora seja em Shinjuku, não fica no meio do Kabukichô, que é a região mais agitada e perigosa desse bairro, nem naqueles cruzamentos em que as luzes de neon fazem parecer que a noite é dia. Para minha surpresa, o isolamento acústico das janelas e a localização do hotel faziam parecer que estava num lugar muito tranquilo, à noite.

Dito isso, volto para a minha chegada!

O metrô levou mais de 25 minutos no trajeto entre Haneda e Shinagawa, onde eu precisava fazer a baldeação para a linha Yamanote. Ali, o cuidado ao embarcar no trem certo não significa que você possa pegar a linha errada, mas que vai acabar ficando mais tempo do que deveria viajando. A linha Yamanote é circular, por isso deve-se cuidar qual o sentido que se vai pegar para chegar mais rápido à estação desejada. Como eu estava no sul desse círculo e queria ir para o oeste, o lógico seria pegar um trem no sentido horário. Para minha surpresa, a sinalização era bem simples e logo identifiquei um trem que ia para os lados de Shibuya e Shinjuku.

Esses trens da Yamanote já são bem mais lotados que os da Keikyu Line. Em todas as estações, muita gente entra e sai. Quando cheguei em Shibuya, vi pela janela o famoso cruzamento, e já comecei a me ajeitar para descer na minha estação. Desci, corretamente, na estação central de Shinjuku, e comecei a procurar por uma passagem subterrânea ou uma conexão que me levasse a Shinjuku San-Chome. 

Foi aí, já vi que as coisas na vida real não funcionam exatamente como nos mapas. Eu simplesmente não consegui achar nenhuma conexão para a estação de metrô que eu queria. Procurei, procurei, até que me dei por vencido e tentei pedir ajuda a funcionários. Pelo que entendi de um deles, o melhor era sair da estação ali mesmo e ir caminhando pelo nível da rua até meu hotel. Foi o que fiz.

Lá em cima, minha primeira visão do coração de Tóquio me pegou desprevenido: uma cidade em silêncio, embora muito iluminada, com um clima quente, quase praiano. Ruas e calçadas vazias na saída sul da estação Shinjuku, só com alguns táxis circulando tranquilamente e, de vez em quando, uma ou outra bicicleta cruzando as calçadas. 

Fui andando, andando, passando por lojas de departamento fechadas, e quando parava nos sinais vermelhos de pedestres, conferia pelo mapa off-line que tinha baixado no openstreetmap.org se estava indo para o lugar certo. De repente, me lembrei de um pequeno detalhe: a mão inglesa é aplicada no trânsito japonês – ou seja, eu estava olhando para o lado errado para atravessar a rua!

Quando entrei numa rua mais estreita, logo depois das lojas de departamento que sabia ficarem nas proximidades do meu hotel, encontrei-o quase sem querer, bem numa esquina.

A porta estava fechada. Toquei o interfone e fui recebido por um funcionário muito cordial, como todos no país. Paguei a tarifa da estada e em 5 minutos estava entrando no meu quarto, lá no 12º andar do hotel. 

A primeira coisa que vi foi o lugar para colocar os sapatos e os chinelinhos para calçar. Não havia guarda-roupas – só um cabideiro no corredor entre a porta e o quarto, passando pelo banheiro. As áreas de circulação eram mínimas, da largura de uma mala. A cama ficava encostada na parede da janela e na parede que divide o quarto, com uns 20cm só entre ela e a TV em frente. 




O banheiro, em contrapartida, era mais espaçoso do que muitos no Brasil, mas com 2 detalhes típicos do Japão: a pia é bem baixinha, havendo um banquinho bem baixo para se sentar enquanto se escova os dentes ou se lava o rosto, e o vaso sanitário tinha aqueles mil botões para escolher as funções de jatinhos de água, música, secador, aquecimento e etc. etc.


Depois de 2 dias viajando, só tirei algumas coisas da mala, tomei um banho e me atirei na cama fofinha, planejando que, por causa da previsão do tempo, meu primeiro dia no Japão seria justamente um passeio ao ar livre – para ver o Grande Buda de Kamakura e a ilha costeira de Enoshima.

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