Preparativos para quem vai para o Japão pela primeira vez
Embora fosse uma viagem curta, de menos de 10 dias, minha ida a Tóquio suscitou uma preparação bem mais extensa do que muitas outras que já fiz.
O Japão parece, à primeira vista, um dos destinos mais difíceis de se enfrentar. Todo mundo fala que a cultura é muito diferente, que o idioma é incompreensível e que as pessoas não se comunicam bem em inglês, que o excesso de gente nas ruas e no transporte público acaba te deixando tonto e que o tamanho gigantesco da capital do país põe qualquer um a achar que vai se perder.
De fato, tudo é muito diferente, mas acessível a quem não tem grandes pretensões, afora conhecer os principais pontos turísticos e a experimentar algumas atividades tipicamente japonesas.
Comecei a fazer o meu dever de casa lendo um pouco do guia do Guia de Destinos sobre Tóquio no site "Melhores Destinos" (https://guia.melhoresdestinos.com.br/tokyo-japao-199-c.html), que é bem atualizadinho. Esse guia me ajudou a escolher em que região da cidade eu deveria me hospedar.
Procurei, também, o que o "Viaje na Viagem" tinha a respeito desse mesmo destino (mas, na real, eles remetem o leitor para um relato de viagem de outra pessoa). De qualquer forma, o roteiro indicado por eles me pareceu bem legal como base.
Em seguida, comecei a procurar blogs de viagens de brasileiros que estiveram por lá nos últimos 5 anos, mas acabei preferindo mesmo os blogs de viajantes americanos. Nesses blogs peguei dicas sobre o que deveria ter nessa viagem (pocket wi-fi, cartões eletrônicos pré-pagos de transporte, não confiar só no cartão de crédito, etc.). Nenhum, porém, me marcou muito.
Depois, consegui na internet os e-books mais atuais da Lonely Planet sobre o Japão e específicos sobre Tóquio. Embora não tenham a mesma relevância que tinham no passado, esses guias continuam dando um ponto de partida para a minha organização mental da viagem, principalmente com relação ao que ver em cada lugar.
Na medida em que fui entendendo mais sobre o destino, comecei a assistir a vídeos no Youtube dedicados a Tóquio. Vi muitos do canal "Paolo from Tokyo", produzido por filipino americano que vive lá há mais de 15 anos. Neles peguei várias dicas de lugares bons para tirar fotos, de locais que não são tão lotados e também sobre como comer bem. No canal "Life where I'm from" peguei dicas mais culturais a respeito do modo de vida das pessoas, e inclusive como pedir comida em restaurantes, como agradecer, etc. Dei uma olhada também em canais que ensinam palavrinhas básicas em japonês.
Por fim, comecei a acompanhar discussões no Reddit a respeito de viagens para o Japão (há subs específicos para isso) e até mesmo a olhar um pouco das versões em inglês dos grandes jornais japoneses.
De tudo isso, vi que precisava fazer alguns preparativos:
- reservei o hotel em que ficaria com mais de 3 meses de antecedência, porque a hospedagem em Tóquio lota fácil, reduzindo bastante as opções boas e baratas, especialmente em Shinjuku e Shibuya;
- reservei um pocket wi-fi para retirar já na chegada do aeroporto e devolver só no dia da partida (esse aparelhinho funciona como um modem portátil que se conecta ao 4G e a redes wi-fi locais e, a partir dele, você conecta o seu celular e outros aparelhos, mesmo que esteja dentro de um metrô debaixo da terra, sem ficar mexendo no seu chip nem pagar roaming);
- providenciei um adaptador de tomada para plugar meus eletrônicos nas tomadas japonesas, que são como as americanas (dois pinos chatos);
- comprei um power bank, para não correr o risco de ficar sem bateria no meu celular (e portanto sem mapas e apps para ir e voltar dos lugares) - o que se mostrou essencial, porque a bateria ia em umas 10 horas lá, enquanto dura umas 24 aqui onde moro;
- entendi bem como funcionavam o PASMO Card e o SUICA Card, e me programei para comprar um deles assim que chegasse no país (são cartões para transporte e pequenas compras em conveniências que são aceitos em praticamente todos os meios de transporte em Tóquio);
- programei a compra de alguns ienes em dinheiro, no aeroporto aqui do Brasil, para ter à mão já na chegada ao aeroporto de Tóquio (o Japão não usa tanto cartão de crédito como a Europa, os EUA e o Brasil - usam dinheiro mesmo e sempre têm troco - e ainda há o problema de que nem todos os caixas automáticos são interligados com os sistemas da Visa e Master internacionais, sendo que apenas os das lojas de conveniência tipo 7Eleven são confiáveis para sacar com nossos cartões);
- pelo mesmo motivo acima (a tradição de usar dinheiro em espécie), arranjei uma carteira com um bom espaço para moedas. A menor nota de dinheiro no Japão vale mais de 35 reais (os 1000 ienes acima) - ou seja, tem moedas que valem uns 18 reais (a de 500 ienes) e não é nada legal perder uma delas... Tá valendo até levar uma niqueleira na mochila.
- baixei e entendi como funcionam aplicativos japoneses de comunicação (Line, o equivalente deles ao Whatsapp), de procura de restaurantes (Tabelog, o equivalente deles ao TripAdvisor), o site Hyperdia (para mapas e transportes, já que o Google Maps não permite salvar mapas no Japão, por questões legais, só funcionando online) e o Google Tradutor para japonês (a versão inglês-japonês pode ser salva no app e usada offline);
- levei uma toalhinha de rosto, dessas que se leva em academia, porque muitos banheiros públicos japoneses não têm onde secar as mãos;
- levei daqui do Brasil os remédios que uso para dor de cabeça, enjoo, dor de barriga, relaxante muscular, para limpar lentes de contato, e comprei nos EUA a melatonina para lidar com o fuso horário (no Japão há relativamente menos farmácias que aqui ou nos EUA e é mais complicado comprar remédio);
- peguei uma capa para proteger o passaporte do suor e da sujeira, já que ele tem que ser levado em todos os lugares por onde se vai;
- levei um guarda-chuva pequeno, porque o clima japonês é bastante instável fora do inverno, quando é mais seco;
- reservei com antecedência de um mês a visita ao Castelo do Imperador, pelo site da Imperial Household Agency, pois as vagas esgotam 30 dias antes;
- reservei com antecedência de uns poucos dias a visita ao teamLab Borderless.
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