Greves na Espanha
As greves são uma realidade frequente em vários países da
Europa e, principalmente numa época de crise, como esta que estamos vivenciando,
devem ser um fator surpresa para o qual os visitantes precisam estar
preparados.
Em minhas idas e vindas pelo Velho Continente, já me deparei
com três movimentos desse tipo, que de formas diferentes, obrigaram-me a fazer
algumas modificações de última hora nos meus planos.
A primeira vez foi na Itália, durante o inverno (por lá, greve é chamada de "sciopero"). Saí de
manhã bem cedo, depois de acordar em Imola, onde mora uma prima, para ir a
Veneza de trem, passar o dia com a minha mãe. Ao chegar na estação para comprar
os bilhetes, o sujeito do balcão já me alertou que não poderia vender passagens
até Veneza, porque havia redução de frequências no dia e não podia garantir o
horário da minha chegada. Vendeu-me apenas o bilhete até Bologna e disse que lá
eu poderia me informar melhor. Chegando em Bologna, consegui comprar passagens,
mas só para um horário duas horas posterior, porque outros dois trens antes
disso tinham sido cancelados. Na volta, da mesma forma, tivemos que esperar uns
dois trens cancelados para conseguir embarcar num terceiro, presumivelmente
lotado de gente.
A segunda vez foi na França (uma "grève"), sobre a qual já fiz um breve
relato em um post sobre Paris. Nosso voo de volta ao Brasil estava previsto
para as 10h da manhã e, na noite anterior, por insistência da minha mulher,
perguntei ao dono do hotel se poderíamos reservar um táxi para o aeroporto na
manhã seguinte. Foi aí que ele me disse, como a coisa mais óbvia do mundo, que
no dia seguinte tudo estaria parado e que, como não haveria trem ou metrô, os
táxis estavam todos reservados. Insisti para que ele ligasse para alguma
cooperativa para nós e, por “sorte”, conseguimos um que nos levasse às 5h da
manhã para o Charles de Gaulle, porque todos os horários posteriores estavam
reservados. Com isso, tivemos um chá de banco de 4hs no aeroporto e,
evidentemente, uma noite de sono bem mais curta.
A terceira que presenciei foi uma Greve Geral (em espanhol, "huelga general") na
Espanha, durante esta visita no final de março e início de abril de 2012. O dia
29 de março estava sendo anunciado havia vários dias como um dia de paralisação
geral de todas as atividades, públicas ou privadas. Embora a expectativa
inicial fosse a de que a adesão não seria tão grande, fato é que um dia antes
fui avisado numa estação que NENHUM trem circularia no dia seguinte. Da mesma
forma, fiquei sabendo que até mesmo atrações turísticas, como a Alhambra, em
Granada, não abririam.
Engoli o prejuízo da entrada antecipada comprada para a
Alhambra (poderia trocar para outro dia se fosse até lá, mas não tinha tempo no
meu roteiro) e do albergue reservado para uma noite, mas como já estava
esperando algo do tipo, nem me estressei. Aproveitei o dia para ir com o Harold
ver um pouco das manifestações e curtir uma Sevilla com cara de feriado, em plena
quinta-feira.
De fato, a greve geral parou a cidade e o país,
principalmente pela manhã. Muita gente foi até os pontos onde havia líderes, na
sua maioria de sindicatos, gritando palavras de ordem por megafones, com o povo
agitando bandeirinhas e bradando contra os grandes capitalistas.
Dentro daquela perspectiva de que Sevilla é um lugar para
viver experiências, e não tanto para olhar, não posso dizer que não tenha
incluído mais uma das experiências tipicamente espanholas na minha lista!
Comentários
Sou carioca e é a minha 1ª fez na Europa. chego a lisboa dia 11 p um congresso na Univ de Lisboa.
Obrigado pela ajuda.