Sevilla das exposições

A paisagem urbana de Sevilla é fortemente marcada pelos legados de dois grandes eventos que ocorreram na cidade: a Exposição Iberoamericana de 1929 e a Exposição Universal de 1992


A primeira delas envolveu 13 países de língua portuguesa e espanhola da América Latina, além de Portugal e Marrocos, e províncias e regiões da própria Espanha,  num evento que durou cerca de 1 ano. Para que os países e regiões fizessem suas mostras, foram criados vários pavilhões individuais, em diferentes estilos, sendo que o mais famoso é o Pabellón Mudéjar, esse que aparece na foto abaixo.


Mudéjar é o nome que se dá ao estilo que surgiu na Andaluzia após a Reconquista, quando arquitetos com experiência em construções árabes foram contratados para fazer obras civis para os cristãos, mesclando influências das duas culturas. 

Outro dos marcos mais importantes da Exposição de 1929 é a Plaza España, uma espécie de panteão onde estão representadas as cidades mais importantes do país em nichos ornados com azulejos, ao longo de uma base em meia-lua, com um canal de água à frente e grandes edifícios contínuos, onde até hoje funcionam órgãos do Governo (inclusive o ofício de imigração, onde é possível ver filas de imigrantes esperando renovar suas permissões de residência nos dias úteis).




A maioria desses prédios fica localizada ao redor do Parque de María Luísa, o "Central Park" de Sevilla. Embora esteja meio mal cuidado, com algumas fontes quebradas e partes da vegetação em más condições, é o parque mais bonito da cidade e sempre está cheio de gente caminhando, descansando ou fazendo piqueniques. 



Acabei conhecendo essa parte da cidade no dia em que houve a greve geral, até porque os maiores protestos estavam sendo realizados bem ali perto. Entretanto, deu para perceber que a polícia estava a postos para não deixar que as pessoas envolvidas na manifestação se aproximassem da área desses monumentos, que são tombados e protegidos pela UNESCO.

A segunda grande Exposição, realizada em 1992, coincidiu com o aniversário dos 500 anos do Descobrimento da América e, exatamente pelo vínculo que a cidade tem com esse fato, foi ali realizada. 

O evento teve um duração de 6 meses e, desta vez, foi concentrado na Isla de la Cartuja, uma porção de terra ao sul do rio Guadalquivir que, até então, concentrava apenas indústrias de cerâmica e funilarias. Hoje, os pavilhões que foram criados para aquela exposição continuam sediando eventos. Há também um parque temático infantil e, na antiga fábrica de cerâmica da Cartuja, existe uma galeria de arte contemporânea. 

O maior legado desta exposição universal, porém, foram a ampliação do aeroporto internacional, a urbanização da região ao redor da Ilha da Cartuxa e  as pontes que ligam o centro histórico da cidade ao outro lado do rio Guadalquivir. 



Segundo soube lá em Sevilla pelos colegas de mestrado do Harold, até 1992 só havia uma ponte ligando a cidade ao sul, na zona urbana: a Puente de la Triana (que é um bairro tradicionalmente ligado aos ciganos e ao flamenco). Todas as demais foram feitas para a exposição e hoje não dá mais para imaginar como a cidade vivia sem elas.

Comentários

Cláudia MeloO disse…
Muuuuuuito bom, amei o blog! Nunk fui a Espanha... rsrs mas sou apaixonada por ela... Louca pra um dia conhecer. Parabéns pelo blog.
Cláudia MeloO disse…
Muito bom este blog! Nunk fui a espanha rsrsrs, mas sou apaixonada por ela.

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