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Mostrando postagens de fevereiro, 2010

Para entender o Salar de Uyuni

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Na foto acima (se clicar em cima, dá para ver melhor), feita com o Google Earth, aparece o Salar de Uyuni, como visto a partir dos satélites. No canto inferior direito da foto, está a cidade de Uyuni; a mancha branca que domina o centro da foto é o salar propriamente dito. O salar tem cerca de 139km de largura, no sentido oeste-leste, e 110km no sentido norte-sul, em suas partes mais extremas. No total, uma área de 12.000km² (duas vezes o tamanho do Distrito Federal). Como eu falei no post anterior, sua altitude é praticamente a mesma em toda a sua área, com uma variação máxima de 4cm: são 3.650m acima do nível do mar. Politicamente, todo salar está dentro da Bolívia, mas dois departamente têm jurisdição sobre partes dele: Oruro e Potosí. Bem no centro geográfico do salar fica a Isla del Pescado. Sim, uma ilha no meio do sal. É ali que os tours param para fazer o almoço e para passear. A Isla del Pescado é uma reserva natural boliviana, para cuja entrada se paga um ingresso (o resto do

Hotel de Sal

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Depois da paradinha em Colchani, finalmente entramos de fato no Salar de Uyuni. A experiência é muito interessante. Começou realmente aquele trecho em que tudo que se vê é o céu azul e o chão branco. Só prestando mais atenção e olhando para o lado certo é que se enxergam também algumas montanhas. Dizem que no período das chuvas, quando há uma lâmina de água sobre o salar, tudo fica ainda mais bonito, porque a água acaba funcionando como um espelho do céu. O resultado é uma sensação de que se está dirigindo sobre as nuves, porque tudo fica igual - céu e terra, sem linha do horizonte visível. Deve ser paulada mesmo. Como estrada, o salar funciona que é uma beleza. O chão é extremamente compacto - leia-se duro - e plano. Na imensidão do salar, não há uma variação entre o maior e o menor nível de altitude do solo do que uns 4cm. Isso faz do Salar de Uyuni a maior superfície sólida realmente plana do mundo. Isso tanto é verdade que os satélites de GPS costumam calibrar seus sensores de alti

Margens do Salar

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Depois do cemitério de trens, anda-se uns 50km até a próxima parada: um vilarejo às margens do Salar de Uyuni. A estrada, é claro, é de terra até lá, com alguns trechos de solavancos. A paisagem, no entanto, vai ficando cada vez mais bonita, sendo possível enxergar vulcões que rodeiam o salar por toda a parte, cobertos de neve. O tal povoado se chama Colchani e fica ainda em terra firme. Ao seu lado, porém, existem algumas pequenas construções próximas aos locais onde se explora o salar, que é onde as caminhonetes param com os turistas. Por ali, como não poderia deixar de ser, o que mais há é artesanato feito com sal. Desde pequenos bibelôs até cadeiras e mesas, tudo é feito de sal. Até perguntamos como é que se faz para conservar esse tipo de material em lugares úmidos como aqui no Brasil, e responderam que era bom envernizar para não ir se desgastando. Há até um pseudo-museu do sal, com entrada gratuita, que na verdade apenas reúne objetos feitos de sal em escala um pouco maior do qu

O início do tour

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Por volta das 10h30 da manhã, no horário marcado, nos reunimos na agência "Relâmpago", bem ao lado do hotel em que dormimos em Uyuni, para fazer o pagamento da parte restante do pacote (apenas um sinal havia sido adiantado em Villazón), escolher nossos sacos de dormir e conhecer o veículo que seria nossa "casa" por três dias. Foi só nessa hora que nos lembramos de fazer a saída da Bolívia, praxe adotadas por vários mochileiros para não ficar irregularmente no país caso o posto de imigração de Laguna Verde estivesse fechado quando cruzássemos em direção ao Chile, três dias depois. Há um posto de imigração quase em frente à estação ferroviária e, ali numa mesinha, um sujeito que cobra uma "taxa" para carimbar os passaportes com três dias de antecedência (sim, era sexta e ganhamos o carimbo de domingo). Não sai mais do que R$ 2,00 a tal ilegalidade, mas evita uma eventual dor de cabeça numa próxima vinda à Bolívia. Nosso carro atrasou cerca de uma hora, mas l

Uyuni

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Lá pelas 10 horas da noite, pegamos no sono e não vimos mais nada no trem. Assustados, no entanto, fomos acordados algumas horas depois, com a movimentação das pessoas e conversas altas, dando a entender que já estávamos chegando em Uyuni. Olhei no relógio e era 1 da manhã, por isso cheguei a suspeitar que não seria verdade. O trem só deveria chegar em Uyuni à 1h30 e, pelo que sabíamos, já vinha com um atraso de 45 minutos, pelo menos. Os vidros estavam congelados, por isso não dava para olhar para fora direito. Alguns minutos depois, o trem efetivamente parou e realmente estávamos em Uyuni. Como as mochilas haviam sido despachadas para um vagão de bagagem e como li que era bom não dar bobeira nessa hora - sob pena de ficarmos sem elas - tratei de descer ligeiro do trem enquanto os guris ainda se arrumavam para dar jeito de encontrá-las. Com um frio que calculo ser de -10°C, aquela bobeira de quem recém acordou e aquela movimentação toda, a cena que vi parecia de guerra. Um trem semi-c

Trem Villazón - Uyuni

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Cerca de uma hora antes do horário de saída de nosso trem a Uyuni, decidimos ir para a estação. O "pacote" que tínhamos comprado na agência de Villazón incluía o táxi até lá. Foi só na hora em que o taxista chegou que nos avisaram que deveríamos colocar máscaras contra a gripe, senão não nos deixariam sequer entrar no prédio da estação - muito menos embarcar. Embora um pouco surpresos, acreditamos e colocamos (eu, pela primeira e única vez na viagem) as ditas máscaras. Quando chegamos lá na estação, vimos que na sala de espera não havia quase ninguém de máscara, mas os guardas as estavam usando. A estação de trem de Villazón, como muitos prédios públicos e bancos bolivianos, parece uma área militar. Acredito que, para não deixar que indigentes usem esses lugares para dormir ou para que o comércio informal não se instale de vez, sempre colocam um policial vigiando esse tipo de lugar. Como o uniforme é verde e sempre usam um rifle, completa-se o cenário de "zona militar&qu

Villazón

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As horas que passamos em Villazón foram algumas das poucas para as quais não tínhamos absolutamente nada planejado em toda a viagem. A cidade, de fato, não tem atrações turísticas propriamente ditas, mas valia a pena conhecer uma cidade boliviana fora desse circuito, que não está na vitrine. Depois de deixarmos nossas coisas na agência, a primeira coisa que fizemos foi tentar sacar dinheiro no único caixa automático da cidade que aceita cartões internacionais. Sem sucesso. Estava em reparos e, em todas as vezes que voltamos lá para ver como andava, o sujeito encarregado do conserto prometia que dali a meia hora já estaria tudo normal. Um dos guris queria um termômetro para levar na viagem. O dono da agência recomendou lojas perto do mercado público, na verdade um feirão a céu aberto próximo da estação ferroviária. Lá fomos nós, perguntando de loja em loja onde seria o tal, lugar, mas não conseguimos nada. Pelo menos demos umas voltas por um lugar totalmente "off the beaten track&q

Passagens de trem para Uyuni, com reserva do tour pelo Circuito Sudoeste

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Depois de muita, mas muita pesquisa na internet, acabei descobrindo duas possibilidade de reserva antecipada de passagens de trem entre Villazón e Uyuni. A primeira delas não funciona para nós, brasileiros, que estamos saindo daqui do nosso país. Ela é feita pela empresa Balut, de ônibus. Na estação rodoviária de Retiro, em Buenos Aires, é oferecido a quem compra uma passagem de ônibus Buenos Aires – La Quiaca o serviço de reserva de passagens de trem. No entanto, o serviço deve ser pago em dinheiro, na própria estação Retiro, e só é feito para quem compra a passagem de ônibus desse trecho. A segunda opção, que foi a que acabamos conseguindo, hoje parece lógica, mas foi muito difícil descobrir. Há pelo menos uma agência em Villazón, a Imperio Inca Tours , que oferece pacotes em que vende as passagens de trem entre Villazón e Uyuni e já reserva o Tour pelo Circuito Sudoeste, a partir de Uyuni, em parceria com agências dessa cidade. Só descobri a existência dessa agência, chamada Imperi

Logística de organização para o Tour ao Salar de Uyuni

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Um tour pelo Salar de Uyuni não escapa de algumas opções bastante restritas; todas elas envolvem uma passagem pela cidade boliviana de Uyuni, no altiplano e a apenas 100km do próprio Salar, bem como o uso de veículos 4x4 particulares bolivianos, que são preenchidos pelas agências de turismo chilenas ou bolivianas com turistas de diferentes agências (até 6 pessoas por veículo, mas pode pagar “privado” e ir com menos gente). 1 - Pode-se fazer um simples passeio pelo Salar de Uyuni, conhecendo um vilarejo produtor de sal nos seus arredores, o famoso hotel de sal, o salar em si e a Isla Del Pescado (exceto em tempos chuvosos, quando nem sempre se consegue chegar até lá), em passeios de um dia, que geralmente incluem uma passada pelo “Cemitério de Trens”, saindo e chegando em Uyuni; 2 - Pode-se fazer o Tour Salar + Lagunas (“Circuito Sudoeste”), que é o mais comum e que inclui, além das atrações mencionadas no item anterior, passeios pelas Lagunas Cañapa, Hedionda, Colorada e Verde

Fronteira La Quiaca - Villazón

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Ao chegarmos na fronteira, que estava aberta havia apenas uns 20 minutos, encontramos uma fila de umas 15 pessoas na nossa frente. Até achamos que seria rápido, mas logo nos decepcionamos. Acredito que tenham demorado mais de 15 minutos apenas discutindo com um pai que achava um absurdo ter de mostrar os documentos do filho e a autorização do juiz para levá-lo ao exterior. Como de costume nas fronteiras argentinas, apenas um policial da Gendarmería atendia a fila inteira, bem devagarzinho, enquanto outros 4 tomavam mate e contavam piadas. Parados, começamos a sentir o frio, que nessa hora devia ter diminuído para 0°. Ao lado da fila, toda hora passavam moradores locais que são dispensados dos trâmites burocráticos. A fila começou a crescer com a demora e o aglomero era grande. A gurizada lembrou da gripe suína e até fez uso das máscaras. A situação ficou realmente dramática quando um velho passou mal e deu uma golfada de vômito no chão, forçando a fila a fazer um “desvio”. Uns pe