Postagens

Mostrando postagens de maio, 2010

Iquique

Imagem
Como eu falei no post anterior, Iquique entrou no nosso roteiro por ser um ponto estratégico entre San Pedro e Santiago, de onde voltaríamos para o Brasil de avião. Acabou sendo a escolhida, em detrimento de Antofagasta, Calama e Arica, que eram as outras opções. Em Arica já tínhamos estado em 2003, em Calama a única atração seria conhecer as minas de Chuquicamata e Antofagasta não parecia ter nada além do porto que fosse atraente. Já Iquique tinha algum interesse histórico, como vou falar a seguir, e a ZOFRI – Zona Franca de Iquique, que é sempre um atrativo para quem quer aproveitar o mochilão para voltar para casa com um tênis ou um eletrônico pela metade do que custa no Brasil. Iquique, de certa forma, parece com uma cidade do Velho Oeste. A cidade teve um boom e crescimento no final do século XIX e início do século XX, quando se descobriu o potencial comercial das minas de nitrato em suas redondezas. Ela pertencia à Bolívia, como toda costa norte chilena até Antofagasta, mas

A surpresa de Iquique

Imagem
O ônibus entre Calama e Iquique estava previsto para chegar no destino final por volta das 8h da manhã. Estávamos certos disso, mas fomos acordados às 5h da manhã com a notícia de que já havíamos chegado. Está certo que fazer uma viagem mais rápido do que o previsto é bom, mas não quando não se tem para onde ir. Tínhamos reservado no site do HostelWorld, ainda em San Pedro, uma noite no único albergue do Hostelling International em Iquique. As diárias, como de costume, começam sempre às 12h de um dia e terminam ao meio-dia do dia seguinte. Chegando às 5h da manhã, sem reserva para antes do meio-dia, ficamos num mato sem cachorro. Havia duas holandesas na mesma situação e propusemos que fôssemos todos junto ao albergue, para ver se conseguíamos pouso antecipado – nem que para isso tivéssemos que pagar por um quarto. O táxi andou e andou bastante. A rodoviária de Iquique é bem longe do albergue e da parte mais nova da cidade. Quando chegamos ao albergue, a pessoa que estava na p

Despedida de San Pedro

Imagem
Na tarde após o retorno dos gêiseres, não fizemos nada de significativo. Depois do almoço, voltamos ao albergue, onde combinamos com os brasileiros que haviam chegado para ficar em nosso quarto que deixaríamos nossas bagagens no mesmo lugar até o final da tarde, quando viajaríamos a Calama e de lá para Iquique. Assim, não precisaríamos ficar com as mochilas a tarde inteira e poderíamos tomar um banho antes da viagem de ônibus. Depois de trocarmos de roupa para suportar o calor da tarde, demos mais umas voltas pelo centro, principalmente para comprar algum presente que ainda faltava para amigos e familiares. Não demorou muito e já estávamos num barzinho novamente – vazio àquela hora da tarde, se não fosse por nós. As passagens de ônibus já estavam compradas desde o dia anterior. Vira e mexe, no Chile se acaba comprando passagens da TurBus, que é companhia com maior número de ônibus e linhas, com mais opções de horários – embora com preços mais altos. A nossa estava marcada para um

Gêiseres de El Tatio

Imagem
Depois do Valle de La Luna, chegamos na cidade e já planejamos uma saída noturna. Fomos a um Café, bem na esquina da rua ao lado da praça central. Não consigo lembrar o nome, mas, olhando o guia de viagem, acho que era o Café Export. Ali jantamos, acabamos com a cerveja do lugar (literalmente, porque ao final o garçom ia comprar cerveja em outro boteco para continuar nos servindo) e ficamos até altas horas. Apesar da noite anterior, o dia seguinte era daqueles em que se tinha de levantar às 4h da manhã para fazer passeio. O objetivo era a visita aos gêiseres de El Tatio. Acordar foi difícil, mas ficar na rua, no meio da madrugada, com temperaturas negativas, esperando o tour nos pegar também foi tão ou mais difícil. Logo na saída, o guia explicou que o ônibus passaria por estradas de terra e pedra a maior parte do tempo e que sentiríamos a altitude pegando na medida em que subíssemos. Não dava para ver muita coisa naquela escuridão da madrugada, mas o guia não estava mentind

Valle de la Luna

Imagem
Já havíamos acertado no dia anterior um passeio ao Valle de La Luna com uma agência, que é o meio mais barato e fácil de fazer esse tour. Como a saída estava prevista para as 3 da tarde, ainda tivemos tempo para almoçar tranquilamente, antes de ir para a frente da agência esperar o ônibus, junto com uma galera que estava na mesma. O passeio ao Vale da Lua atrasou um pouco na saída, mas cumpriu com o que prometeu. A primeira parada foi justamente o Vale da Morte, no qual tínhamos passado a manhã. Mas, dessa vez, era pela parte de cima que o vimos, por onde os veículos podem passar. Enxergamos de longe e do alto todos os lugares por onde andamos de bike pela manhã e até a duna em que o pessoal faz sandboard. A vista lá de cima permite ver e entender bem a geologia da região, que é marcada pela divisa entre a Cordilheira dos Andes e as serras que vão em direção ao Oceano Pacífico. O lugar lembra um pouco aquilo que se vê na TV sobre o Grand Canyon: camadas de rochas de diferentes

Valle de la Muerte

Imagem
No dia seguinte, acordamos num horário relativamente bom, não muito cedo nem muito tarde, afinal de contas fazia dias que vínhamos acordando cedo, seja para viajar, seja para passeios. O albergue não oferecia café da manhã, por isso fomos direto a um café na Calle Caracoles, para fazer uma refeição mais completa. Não sai muito barato, mas o “pacotões” de café da manhã realmente valem a pena nesses lugares. Desde torradas e omeletes a sanduíches, com chá e achocolotado, dá para fazer qualquer combinação. O passo seguinte foi providenciar o primeiro objetivo do dia: conhecer o Valle de La Muerte de bicicleta. Há vários lugares para alugar bicicletas em San Pedro, com preços bem parecidos. O importante é verificar bem o estado das bikes, para não passar perrengue no caminho. Assim que nos decidimos, pagamos qualquer coisa em torno de 10 dólares para sair com as “magrelas” para os lados do Vale da Morte. O tal vale fica a uns 2 ou 3km da cidade, na estrada em direção a Calama. Lo

Tarde preguiçosa

Imagem
Livres das mochilas, nos pusemos a encontrar um lugar para almoçar. Tomamos um chopp e comemos descansadamente, como quem tira férias das férias por um momento. Não pretendíamos fazer nenhum passeio fora naquele primeiro dia, só ficar vadiando pela cidade e conhecendo o que podia ser visto a pé. Fizemos a digestão na pracinha da cidade, olhando o movimento – na maioria das vezes de mochileiros chegando de viagem e ainda procurando hospedagem. Tomamos café, comemos sobremesa, e depois fomos ao caixa automático (um dos dois que a cidade tem) para sacar uns pesos chilenos. Até então, estávamos usando um estoque de moeda chilena que eu tinha de uma viagem anterior a Santiago, da qual ainda falarei aqui no blog. Depois, entramos no museu arqueológico Gustavo Le Paige, que é a “maior atração turística” da cidade. A entrada é bem baratinha, mas mão tem nada demais no museu, que é dedicado a povos atacamenhos pré-colombianos e os objetos por eles deixados. O mais interessante mesmo é le

Albergue em San Pedro

Imagem
Até fazermos a imigração em San Pedro e chegarmos no centro da cidade, já passava do meio-dia. Não tínhamos nem mesmo uma reserva de albergue, já que não sabíamos exatamente quando chegaríamos na cidade e nem qual escolher, dada a infinidade de opções – todas com muito pouca informação. Saímos andando pela cidade, primeiro parando nos albergues recomendados no Lonely Planet. Sinceramente, nenhum valeu a pena. O albergue “oficial”, filiado à Hostelling International, parecia mais um amontoado de quartos sem nada dentro, com uns triliches altíssimos, que não nos atraíram nenhum pouco. O pátio, bem pobrinho e sem vida, não parecia ser um lugar muito alegre à noite. Outra opção era um albergue de um casal de eslovenos que se apaixonou pela cidade e ficou, chamado Sonchek. Até entramos e demos uma olhada, mas parecia mais uma pousada para pessoas mais velhas, com tudo muito organizadinho e sem agitação. Não havia disponibilidade para um dos dias em que ficaríamos lá, por isso teríam

San Pedro de Atacama

Imagem
San Pedro de Atacama é uma cidade com menos de 5 mil habitantes, que não tem aeroporto, não tem praia, não tem montanha, sem bons restaurantes e com hotéis no máximo razoavelmente confortáveis. Fica a pelo menos 150km de qualquer cidade com infraestrutura razoável e não tem nada que possa ser qualificado como uma história com interesse especial. Nenhum filme de renome foi filmado aqui, não é terra para prática de esportes radicais, fica num dos lugares mais secos do mundo e tem temperaturas que conseguem variar, num só dia, de -10°C na madrugada a uns 30°C no meio da tarde. Além do mais, tornou-se um dos lugares mais caros da América do Sul. Apesar de tudo isso, é um dos maiores pontos turísticos do Chile e qualquer gringo metido a mochileiro que se preze e que tenha planos de vir à América Latina sabe o seu nome e conhece onde fica. A cidade é realmente peculiar e soube muito bem vender o seu peixe. Por ser quase um oásis no meio do deserto do Atacama, tornou-se uma base para p

Na estrada

Imagem
Ao deixarmos a caminhonete na qual viajamos por três dias, encontramos uma fila de gente embarcando num ônibus para San Pedro de Atacama, que também era o que deveríamos tomar. O próprio guia, antes de se despedir, foi quem nos encaminhou ao ônibus da agência Cordillera. Não demorou mais do que meia hora até começarmos a curta viagem até San Pedro. O primeiro trecho de estrada, de menos de 20km, é de terra, ou melhor de ripio. As paisagens são as melhores do trecho: a outra face do vulcão Llicancáhur, aquele mesmo que se vê desde as lagunas do altiplano. O detalhe é que, do lado chileno, pode-se ver com mais clareza a calota de neve permanente que existe no topo. Dizem os guias que naquela neve no topu do vulcão há um lado com espécies aquáticas que constituem um bioma único no mundo, com espécies de crustáceos que não são encontrados em nenhum outro lugar. Assim que o trecho de terra termina, entra-se numa estrada muito bem conservada, bonita, e quase toda em declive, até Sa