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Mostrando postagens de fevereiro, 2008

De Arica a San Pedro de Atacama

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O ônibus que pegamos em Arica foi o melhor de toda a viagem. Como eu já tinha dito no post anterior, o nome da empresa era Pullman Bus. Revirando minhas coisas, encontrei o canhoto da passagem e vi que custou 8.000 pesos (hoje igual a 16 dólares), o que não é muito, considerando que são umas 9 horas de viagem até Calama. As poltornas eram bem largas, reclinavam bastante, havia serviço de bordo (sanduichinhos, chocolate), ar condicionado na temperatura ideal, filme em volumes razoáveis. A única coisa que estranhamos foi um sujeito que recolhe os passaportes de todo mundo, para fazer anotações lá na frente, e demora um bom tanto para devolver - não havia como não ficar meio preocupados em ser privados do único documento de viagem que tínhamos. Deu para dormir muito bem, mas pelo menos 2 vezes durante a viagem, no meio da madrugada, fomos acordados e obrigados a descer do ônibus para passar por umas espécies de aduanas internas. O que entendi é que existem zonas de proteção sanitár

Arica

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O táxi nos deixou na estação rodoviária internacional de Arica e, assim que percebemos que ali não havia passagens para destinos nacionais, fomos para outro terminal, ao lado, onde estavam as companhias que vendem passagens para cidades mais próximas. Depois de muita pesquisa, acabamos comprando uma passagem para Calama, cidade próxima a San Pedro de Atacama, com saída às 21h30, pela empresa Pullman Bus (que se revelaria uma ótima escolha). Deixamos as mochilas em um guarda-volumes e só levamos o que seria necessário para passar uma tarde na praia. Da rodoviária até a orla é pouco mais de 1km, por isso fomos caminhando mesmo. Como já tinha passado do meio-dia, a primeira coisa que fizemos foi encontrar um lugar para almoçar. Acabamos escolhendo uma pizzaria. Passamos aquela tarde na praia, caminhando para lá e para cá, mais descansando que qualquer outra coisa. Embora seja considerado o balneário com as águas mais quentes do Chile e mesmo sendo janeiro, a água era m

De Cusco ao Chile

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A viagem entre Cusco e Tacna não começou nada bem. O espaço entre os bancos era mínimo, o ar condicionado parecia que não daria conta do calor e, em alguns minutos, a coisa piorou de vez. Do nada, um sujeito levantou e começou todo um discurso de que tinha perdido o emprego, que tinha não sei quantos filhos e que precisava sobreviver. Em seguida, passou a falar das maravilhas que as suas barrinhas de cereal faziam à saúde. Passou de banco em banco, constrangendo todo mundo a comprar pelo menos uma, salientando os benefícios que uma barrinha feita com técnicas "incas" trariam. Passado o primeiro incômodo, não demorou muito e outro indivíduo se apresentou. Contou uma história parecida e disse que, para viver, tocada violão. Tirou uma viola da mochila e começou a tocar músicas típicas da região, gritando de um jeito bem desafinado. De tanto em tanto, passava com o chapéu, pedindo colaborações. Naquela hora, eu juro que me deu um desespero, pior do que qualquer outra viagem que

A volta para Cusco

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O trem de retorno saía cedo, lá pelas 5hs da manhã. Não dormimos mais do que umas quatro horas e por isso mesmo já havíamos deixado tudo pronto para acordar e ir direto para a estação. Ao contrário do trem entre Quijarro e Santa Cruz, este era muito confortável, melhor até do que muita coisa que se vê no Leste Europeu. O preço, relativamente caro, cerca de 4 vezes mais que a passagem normal, faz com que os turistas fiquem separados dos habitantes da região. Há mais de um trem por dia e àquela hora não havia muita gente viajando (para ter acesso aos horários e preços, veja o site da PeruRail ). A viagem é muito bonita, passando por vários túneis, numa estrada de ferro que acompanha o rio Urubamba e as montanhas ao lado. Em 2004, houve um grande deslizamento de terra que deixou a linha interrompida por vários dias. Apesar de tudo, não há como não dormir, em razão do cansaço. Lá pelas tantas, alguém de nós resolveu ler bem as passagens e conversar com outros turistas. Foi aí que ficamos s

Descendo até Aguas Calientes

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Após decidirmos que já era hora de ir embora das ruínas de Machu Picchu, o Leonardo, o Diego e eu buscamos nossas mochilas no portão de entrada e começamos a descer para Aguas Calientes pela estrada "Hiram Bingham", que é esse zigue-zague que aparece na foto abaixo. A descida leva quase uma hora e é bastante cansativa para os joelhos, em razão do peso da mochila e do cansaço. Para ir mais rápido, o melhor é cortar caminho pelo meio da vegetação, entre uma reta e outra. Na maior parte do trecho, formaram-se trilhas no mato, havendo inclusive escadas para as partes mais íngremes. Chegando lá embaixo, às margens do Rio Urubamba, há uma grande placa de boas vindas ao Parque Nacional onde fica Machu Picchu. Para atravessar o rio, há duas pontes - uma para veículos, pela qual passam os ônibus que sobem até as ruínas levando os turistas que chegam de trem, e outra para pedestres (foto). Depois da ponte, segue-se pela estradinha costeando o rio por cerca de 3km, até o po

Machu Picchu

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Não é meu objetivo tratar aqui de detalhes sobre as ruínas da cidadela de Machu Picchu, informações que podem ser facilmente obtidas na internet , como por exemplo no verbete daquele sítio no Wikipedia . Também acho que muito do que se vê e se aprende só tem importância para quem esteve lá. Algumas coisas, no entanto, acho interessante comentar. A primeira que me vem à cabeça é que, ao contrário do que imaginamos aqui no Brasil, aquele "c" na palavra "Pi c chu" não é mudo na pronúncia correta do nome das ruínas. Os locais falam "Mátchu Píktchu". Outra coisa que não imaginamos, a não ser depois de lermos mais a respeito ou de ouvir a informação dos guias, é que a cidade não é tão antiga quanto se pensa. Estima-se que tenha sido construída por volta de 1450, ou seja, apenas 50 anos antes da chegada dos espanhóis. Nesse ponto, embora seja uma das coisas mais legais para se conhecer no mundo, nem se compara em antigüidade com as Pirâmides do Egito, o Coliseu

A entrada em Machu Picchu

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A visão que se tem de Machu Picchu logo depois de descer do alto da montanha chamada Machu Picchu, na parte final da Trilha Inca, é espetacular. O caminho de pedras vai costeando a montanha oposta à cidade e, de tanto em tanto, tem partes mais largas que funcionam como verdadeiros mirantes da cidade. Nesse ponto é que tirei a foto abaixo, que inclusive já usei no post sobre meu primeiro mochilão. A sensação de estar ali é muito boa. É sensação de objetivo alcançado, de "dever cumprido", de que tudo deu certo, apesar da nossa inexperiência. Não tem como não lembrar as horas no trem entre Quijarro e Sta Cruz, tudo que fizemos em La Paz, a correria para pegar o ônibus para Cusco... A cidade ainda vazia lá embaixo e o dia de sol mostram que acertamos mesmo em ter feito tudo da forma como fizemos. Não tenho bem certeza, mas acho que essa visão mais de cima (que na minha opinião é a melhor) não é acessível por quem entra direto na cidade, sem fazer a trilha. O ponto em que os que f

4º Dia na Trilha Inca

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Antes mesmo que o sol nascesse, já estávamos de pé. Tínhamos sido avisados na noite anterior que deveríamos acordar por volta das 4h30 para tomar café e começar a caminhada às 5hs, quando abriria o último posto de controle da Trilha, em Wiñay Wayna. Às 8hs, os portões de Machu Picchu se abrem para os que vêm de trem até Aguas Calientes e sobem de ônibus até as ruínas. São centenas de pessoas, a maioria em grupos de 30 a 60 pessoas, que invadem o lugar e tornam a experiência bem menos atraente. O objetivo é chegar antes deles e aproveitar ao máximo Machu Picchu enquanto ela é só dos mochileiros que vêm pela Trilha. Ainda estava bem escuro. Foi a única vez em que tivemos que usar lanternas para caminhar. Ao contrário dos outros dias, a concentração de gente era bem grande, quase uma fila indiana de pessoas apressadas para chegar o quanto antes a Machu Picchu. A fila já estava formada em frente ao posto de controle, que efetivamente abriu às 5hs em ponto. Creio que, por cerca de uma hora,

3º Dia na Trilha Inca

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Acordamos um pouco mais tarde na manhã do terceiro dia de trilha, por volta das 8hs. O café da manhã já estava servido e em seguida estávamos caminhando novamente. O terceiro dia se destaca por uma forte subida no início, até o Paso de los Venados; depois, um trecho sinuoso, mas relativamente plano, finalizando com uma forte descida. A primeiva visão que se tem do dia é parecida com aquela que se teve do Warmiwañuska: o acampamento de Pacaymayo lá embaixo, em meio às montanhas, com riachos descendo em vários pontos, como na foto ao lado. No alto dessa primeira subida, há um pequeno conjunto de ruínas chamado de Runkurakai. O guia explica que se tratava de um ponto de apoio para os viajantes incas que percorriam aquele caminho. A Trilha Inca, na verdade, aproveita trechos de 3 caminhos incas que ligavam pontos do Vale Sagrado a Cusco, capital do Império. Como não havia qualquer tipo de veículo e não eram usadas carroças - apenas lhamas -, a largura da trilha era apenas o suficiente par

2º Dia na Trilha Inca

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O segundo dia, segundo o guia, seria o mais puxado. A maior parte do tempo seria gasta em subidas até o Passo de Warmiwañuska ("Mulher Morta", em quechua), ponto mais alto da Trilha, com 4.215m de altitude. Justamente em razão do maior esforço, seria o dia de menor tempor de caminhada. A previsão era de que no início da tarde já estaríamos no próximo acampamento. Levantamos cedo. Cerca de 5hs da manhã, chamaram-nos para o café da manhã. O dia amanheceu chuvoso, e assim continuou até a tarde. Nesse dia, é fundamental que a pessoa mantenha o seu próprio ritmo, sem tentar acompanhar quem vai mais rápido ou muito menos os porteadores , que ultrapassam os turistas numa velocidade invejável. Creio que eu e o Diego tenhamos levado umas 4hs subindo até o passo naquele dia. O Leonardo vinha uma meia hora atrás. O Giórgio chegou uma hora antes de nós. A paisagem vai mudando à medida que se sobe. De uma vegetação abundante, passa-se para vegetação rasteira, com pequenas árvores. É muito

1º Dia na Trilha Inca

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Conforme combinado, por volta das 7hs da manhã uma van da agência que nos levaria a Machu Picchu veio nos buscar no hotel. Eu e o Leonardo já estávamos melhor, apesar dos problemas no fígado horas antes. Fomos de van até os arredores de Ollantaytambo, alguns metros antes do km82, onde entraríamos na Trilha. Visão do trem que vai a Machu Picchu e do Urubamba, na entrada da Trilha Naquele local, serviram o que seria o almoço do dia: massa com molho vermelho e sopa com ovo. Foi também a oportunidade para conhecermos o pessoal que faria parte de nosso grupo pelos próximos dias. Além de nós 4, havia uma equatoriana, um casal de belgas, um português e 3 franceses (não me lembro se 2 não eram suíços). O guia se chamava Epifanio e ficamos felizes ao perceber que foi a mesma pessoa que nos abordou na praça no dia anterior para vender o pacote. Havia ainda uns 4 porteadores - pessoal que carrega e monta as barracas e que faz a comida. Logo depois do almoço, entramos na trilha. Há um controle d

Preparativos para a Trilha Inca

No post de hoje, vou tratar de alguns preparativos que acho que são importantes para fazer a Trilha Inca, nos moldes em que a percorremos. BAGAGEM : para fazer a Trilha, quanto menos bagagem melhor. Não tem como levar apenas uma mochilinha pequena, porque afinal de contas são 4 dias longe da cidade. De outro lado, é loucura carregar todo aquele peso que você vem trazendo desde o Brasil em 4 dias de caminhada, com altitudes que variam de 2.400 a 4.000m acima do nível do mar. Assim, a melhor coisa a fazer é deixar parte de suas coisas em Cusco . A maioria dos hotéis e albergues fornece esse serviço de graça mesmo, desde que você tenha se hospedado lá antes da Trilha ou tenha reserva para depois dela. Aproveite para deixar na cidade coisas como presentes, roupas que você usa para sair à noite, potes grandes de shampoo, etc. Leve só o básico : roupas para 4 dias de caminhada, tênis resistente ou bota para trekking, capa de chuva para você, capa de chuva para a mochila, saco de dormir (inf

Contratando a Trilha Inca

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Originalmente, pensávamos que percorrer a Trilha Inca até Machu Picchu era uma coisa para fazer por conta própria. Daí é que surgiram os planos de levar barracas, utensílios para comida, entre outros equipamentos de camping. Alguns meses antes de viajarmos, porém, descobrimos através do site Machu Picchu - Nas asas do condor (link ao lado, nos recomendados) que a coisa já não era mais bem assim. Desde que o Presidente Alejandro Toledo assumiu, tornou-se obrigatório o acompanhamento de um guia de uma agência credenciada. Com o risco de desmoronamento progressivo das ruínas da cidade, o número total de visitantes passou a ser restringido também, exigindo-se identificação individual dos turistas, tanto para conhecer a cidade propriamente dita (com acesso por ônibus) como para fazer a Trilha. Os lugares para acampar também estão pré-definidos, sendo vedado, por exemplo, dormir em lugares onde há ruínas. Hoje, as regras atualizadas para a Trilha Inca podem ser obtidas de forma muito fácil,

Um pouco mais sobre Cusco

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Em Cusco, tem-se realmente a sensação de estar num lugar com importância turística mundial. Há mochileiros de todas as partes do mundo, especialmente europeus de países mais ao norte (Alemanha, Inglaterra, países da Escandinávia), americanos, argentinos e brasileiros. Exatamente em razão disso, nota-se mais profissionalismo nas agências de turismo e nos serviços, quando se faz alguma comparação com a Bolívia. Os preços, também, já não são baratos quanto na primeira parte da viagem, mas nada que assuste. Há muita coisa para ver e fazer em Cusco. Depois de passar pelo menos um dia vasculhando o centro, sem maiores compromissos, bem como conhecendo mercados de artesanato, lojas de produtos de lã de lhama e museus, o ideal é fazer passeios de um turno inteiro a ruínas próximas à cidade, como Sacsayhuamán (logo acima da cidade, com ruínas que revelam pedras encaixadas de maneira ainda mais perfeita do que em Machu Picchu) e Ollantaytambo . À noite, também há opções, a maioria pertinho da

Chegando em Cusco

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Cuzco (na grafia mais usada) ou Cusco (na grafia oficial do Peru) é a cidade base para quem quer fazer a Trilha Inca ou simplesmente conhecer Machu Picchu. Há um aeroporto internacional que recebe milhares de turistas todos os anos e lojas que vendem todo tipo de equipamento. Brinca-se que uma pessoa pode sair do serviço só com um terno e chegar na cidade no dia seguinte que encontrará tudo que precisar para fazer a Trilha Inca. Nós chegamos na cidade por volta das 5hs da manhã, enquanto ainda estava amanhecendo. Apesar do frio que passamos no ônibus (que tinha banheiro, mas não fazia paradas para lanche), conseguimos dormir o suficiente. Depois de alguns minutos pensando o que fazer, decidimos aceitar uma das muitas ofertas de táxi grátis até o centro, para conhecer albergues, sem compromisso. Acabamos não ficando com o primeiro, que era realmente muito ruinzinho. Com toda a bagagem, caminhamos umas boas quadras e passamos por pelo menos 4 albergues e hotéis até nos decidirmos pelo Ca