Haiti

Dias atrás, depois de ter lido alguma coisa que me chamou a atenção na revista Viagem e Turismo desse mês e pela primeira vez na vida, fui pesquisar como funcionam os cruzeiros marítimos.

Entrei nos sites da Royal Caribbean, da Norwegian Cruise Lines, da MSC e da Costa Cruzeiros. Os que mais me interessaram, para um futuro ainda a médio prazo, foram os da Royal, que de um modo geral aproveitam melhor o tempo e têm roteiros melhores.

Uma coisa me chamou a atenção, no entanto. Em vários dos cruzeiros que saem de Fort Lauderdale, na Flórida, uma das paradas ocorre no Haiti.

Haiti? Sim, Haiti!

Fiquei pensando... Qual é o turista americano que pagaria para conhecer algum lugar num país que deve despertar os piores medos no seu imaginário? Em meio a lugares paradisíacos como Ilhas Virgens, Saint Barths, Turks & Caicos, etc., o que levaria pessoas a pararem no país mais pobre do continente, aquele mesmo que agora ocupa nossas primeiras páginas em função do terremoto dessa semana.

Algo de especial deveria existir para essa inusitada parada.

Decidi então pesquisar o que haveria de atrações em “Labadee”, o local do Haiti em que os navios atracam.

Aí a verdade logo apareceu. Labadee, na verdade, é um porto particular localizado uma península ao norte do país. A área foi arrendada pela Royal Caribbean junto ao governo haitiano e passou a ser administrada exclusivamente pela empresa, que cercou toda a linha que a limita com o resto do país (o dinheiro pago tornou-se a maior fonte de renda relacionada a turismo para esse governo).

Segundo informações da Wikipédia, há 300 pessoas empregadas para manter a infra-estrutura do resort e é permitido o ingresso de mais 200 pessoas previamente credenciadas para exercer o comércio na pequena região. Ninguém entra sem autorização e os turistas são proibidos de sair da área.

Não poderia deixar de ser diferente. O Haiti dos cruzeiros é 100% artificial...

Há relatos de que, no início, as companhias sequer avisavam os turistas que eles estavam desembarcando no Haiti. Diziam apenas que era a “ilha” de Labadee, para não assustá-los.

Há um interesse eminentemente comercial por trás disso, também. Como os países caribenhos têm grande parte de sua renda advinda de taxas cobradas pelo atracamento de navios em seus portos, os empresários sempre buscaram pôr em prática uma idéia para cortar esses custos: ter o próprio porto num paraíso tropical particular. Nesse caso, foi mais ou menos isso que aconteceu.

Agora, numa relação mais aberta com o país, já há notícias inclusive de que a empresa ajudará no salvamento das vítimas do terremoto enviando mantimentos através de seu porto patricular.

Comentários

Anônimo disse…
Oi Andre. Eu trabalho para a Royal Caribbbean e ja estive em um navio que ia para Labadee. Eh na verdade vergonhosa a discrepancia entre a porcao privada da ilha e o restante. Para voce ter uma ideia, a parte pertencente a Royal eh cercada com grades altissimis e monitorada pela policia. Enquanto as pessoas estao comendo, bebendo e se esbaldando ve-se pessoas pauperrimas nas grades pedindo "one dolar". Enfim. So vendo para entender. Mas eh um pais lindo.
Anônimo disse…
Como assim os turistas sao proibidos de sair?!!?!? Tipo, a ilha é deles só entra quem eles quiserem, tudo bem, mas nao poder sair já é demais, nosso direito de ir e vir?!?!!? Horrivel isso e todo o resto! Vergonha

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