Humahuaca

Chegamos em Humahuaca por volta das 5h e meia da tarde, sem ter reserva em nenhum albergue ou hotel. Pelo que nos informamos, a pousada filiada ao Hostelling era longe demais, por isso decidimos dar uma olhada no que havia mais ao centro. Começamos a andar pelas ruazinhas centrais da cidade, mas não tivemos muito sucesso. Alguns albergues pareciam sem graça ou ruins demais; os melhores estavam lotados e, numa última esperança, fomos até o “Hotel de Turismo” da cidade, mas achamos o lugar sinistro demais.
Toda cidade argentina com um mínimo de potencial turístico tem um “Hotel de Turismo”, administrado pelo governo. O problema é que foram construídos geralmente nos anos 50 ou 60 e não receberam muito investimento desde então. O Lonely Planet já advertia que o lugar parecia abandonado, mas não imaginamos que era tanto.
Desistimos da nossa busca e, já cansados de carregar a mochila nas costas, pegamos um táxi até a pousada da HI, do outro lado do rio e quase fora da cidade. O lugar, chamado Posada El Sol, é bem ajeitadinho, mas não tem nada demais. Havia alguns gringos jogando cartas na área de uso comum, mas com cara de tudo terminaria cedo.
Pegamos um quarto privativo de 4 pessoas, que era só o que havia disponível, deixamos nossas coisas e saímos para conhecer a cidade nas poucas horas em que ficaríamos ali. Descemos a pé desde a pousada até o centro, pois segundo nos disseram seria mais rápido que esperar um táxi vir nos buscar.
Logo que descemos para o centro, já estávamos nos arrependendo de não ter passado aquela noite em Tilcara. Ao contrário de lá, Humahuaca parecia uma cidade bem mais empobrecida e sem graça.
Embora seja uma cidadezinha maior, com cerca de 8 mil habitantes, não parece ter tanta vocação ao turismo, sendo mais um lugar de importância histórica mesmo. O frio era bem maior do que nas outras cidades em que já tínhamos estado e nos diziam para nos prepararmos para um frio ainda maior de madrugada, quando partiríamos para La Quiaca, na fronteira norte.
No centro, as atrações básicas de uma cidade pequena foram as únicas coisas que vimos. A pracinha central, tomada de vendedores, ruelas calçadas com pedras, a igreja (meio moderninha e descontextualizada) e um monumento de gosto muito duvidoso, no alto de uma escadaria, no ponto mais alto da cidade.
O tal Monumento de La Independência é a estátua gigante de um índio com um ar vitorioso, no alto de um pedestal, ao qual se chega depois de uma cansativa subida. Lá de cima, a melhor surpresa da cidade: uma vista panorâmica das montanhas ao leste, iluminadas pelo pôr-do-sol que começava atrás de nós, deixando as montanhas douradas e vermelhas e ressaltando as construções brancas da cidade.
A subida castigou o fôlego. Foi o primeiro esforço físico a mais de 3.000m que fizemos e, por isso, decidimos parar num café para tomar algo e nos esquentar. O lugar, quase vazio e com um péssimo serviço, embora num prédio histórico bem legal, serviu mais para ficarmos pensando no que fazer e para conferir as fotos batidas nos últimos dias.
Depois do café, embora ainda fossem só umas 20hs, demos apenas mais algumas voltas pela praça e pela igreja e já saímos em busca de um lugar para jantar. Paramos no El Portillo, recomendado no Lonely Planet, que acabou se revelando uma escolha boa. Baixamos até um vinho, por causa do frio. Acho que não havia nenhum argentino comendo lá, como já é de se esperar em restaurantes indicados em guias estrangeiros.
Já eram quase 10h da noite quando pegamos um táxi de volta à pousada e nos recolhemos. Deixamos acertado com um taxista, com a ajuda do dono da pousada, um horário para que nos levassem à rodoviária às 5h da manhã, quando partiríamos para La Quiaca. A passagem, da Balut, já estava comprada desde Salta; se não fosse por isso teríamos deixado para sair mais tarde, já que todos nos diziam que éramos loucos por sair tão cedo num dia tão frio.

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