Tilcara

Saímos “quebrando geada” de manhã para pegar o ônibus até Tilcara. São cerca de quatro horas de viagem desde Salta.

Depois que termina a auto-estrada duplicada entre as capitais de Salta e Jujuy e se entra de vez na Ruta Nacional 9, a paisagem fica deslumbrante. Começa-se a subir gradualmente até mais de 2.500 metros sobre o nível do mar (em La Quiaca, na fronteira com a Bolívia, são mais de 3.440m).

Ao lado direito de quem vai em direção ao norte, o rio Grande acompanha o tempo todo. Esse rio, como a maioria dos rios de montanha, é raso e bastante largo, em função dos sedimentos que descem morro abaixo. Em época de degelo, inunda boa parte do vale (a estrada está quase sempre numa parte mais alta, para evitar problemas com isso).

Entre o rio e a estrada, está ainda a ferrovia “Belgrano”, que era a ligação ferroviária entre Buenos Aires e a Bolívia. Assim como aconteceu no Brasil, no entanto, o sistema foi progressivamente abandonado após a privatização e hoje as linhas de ferro está inservíveis.

O que chama a atenção nessa paisagem, como já disse no post anterior, é o fato de ela parecer com aquilo que se vê na TV como sendo o Tibet. Montanhas que alternam entre o dourado, o vermelho e o verde, iluminadas pelo sol da manhã, sempre com uma névoa, com um vale lá embaixo. Até mesmo a população, de traços indígenas (e portanto parecida com asiáticos) contribui para isso. São várias as paradas que os ônibus fazem para pegar passageiros no caminho.

Praticamente nem assisti o filme que passava na TV do ônibus. Fiquei só admirando a paisagem o tempo todo e lendo o que haveria para se fazer em Tilacara.

Chegamos na cidadezinha por volta das 11h da manhã. A estação rodoviária era bem simples, mas não pior do que muita aqui no interior do Rio Grande do Sul. Logo nos informamos sobre os horários de ônibus para Humahuaca e procuramos um guarda-volumes para deixar as mochilas grandes.

Com uma temperatura bem agradável para aquela altitude e um sol a toda, saímos pelas ruelas do vilarejo, que de cara nos pareceu muito simpático.

Ficamos surpresos com o bom nível das pousadas, dos cafés e dos restaurantes de Tilcara. Na minha opinião, pareceram melhores até que os do centro de Purmamarca. O lugar é todo estiloso, com cara de Velho Oeste chique. Como em qualquer buraco da Argentina, tudo tem sempre a cara de um designer e música house ao fundo.

Depois de nos localizarmos e conseguirmos informações sobre os horários do museu da cidade e de como chegar à fortaleza de pedra que é a sua maior atração, decidimos almoçar mais cedo para já ficarmos prontos para a tarde. Paramos num restaurantezinho com uma área externa e ali pedimos humitas de entrada (tipo uma pamonha doce na folha de milho) e massa de prato principal. Uma das melhores refeições de toda a viagem.

Depois, andamos pela pracinha da cidade, tomada por vendedores de roupas e artesanato. Conhecemos a igreja local, que tinha a peculiaridade, posteriormente percebida como onipresente na região, de ter a imagem de Cristo vestida com uma saia. O estilo da igreja, igualmente, era do mesmo que depois veríamos em San Pedro de Atacama e que já tínhamos visto em Purmamarca. Tudo, na parte interna, é feito de cactus, que substitui a madeira nos móveis.




Conhecemos também o Museu Arqueológico da cidade, que não é muito grande, mas vale a visita. A maior parte dos objetos à mostra é de artesanato dos povos pré-colombianos da região.

Na saída, compramos umas frutas numa feira para ir comendo no caminho até a Pucará.

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