Quebrada de Humahuaca

A Quebrada de Humahuaca sempre me pareceu algo um tanto exótico, seja pelo nome estranho, seja pela localização, entre o norte argentino e o sul da Bolívia. Quem já prestou atenção naquela musiquinha de “carnavalito” que tocava por aqui até em versão dance, vai lembrar de ter ouvido esse nome:

Llegando está el carnaval quebradeño, mi cholita,
Llegando está el carnaval quebradeño, mi cholita.
Fiesta de la quebrada humahuaqueña para bailar
Erke, charango y bombo
carnavalito para bailar, bailar, bailar, bailar

A tal quebrada é patrimônio natural da humanidade, tombado pela UNESCO. Além de ter vestígios de civilizações de mais de 10 mil anos, o lugar assumiu importância como via de comunicação entre os Vice-Reinos do Peru e do Rio da Prata, nos tempos de colonização espanhola. Como é um vale irrigado entre altas montanhas dos Andes, numa região desértica, tornou-se o caminho óbvio entre essas regiões.

Nos tempos da independência argentina, a região foi palco de várias batalhas entre os colonos e os exércitos fiéis à Coroa.

Atualmente, o interesse turístico se dá tanto em função dessa parte histórica como pela beleza da região, que tem um ar quase tibetano. Além disso, o tal “carnavalito” é famoso por lá atrai gente em função da festa, mesmo.

O vale, no entanto, tem centenas de quilômetros e se estende por mais da metade da província de Jujuy, e por isso não há uma forma única de conhecê-lo. A maioria dos guias recomenda passar um dia ou algumas horas nos povoados mais importante da quebrada: Purmamarca, Tilcara, Uquía e Humahuaca.

Purmamarca, que tem a melhor estrutura de turismo, inclusive com alguns resorts, nós já tínhamos conhecido na volta do passeio a San Antonio de los Cobres, La Polvorilla e Salinas Grandes. Restavam, portanto, as demais, mas nem cogitamos passar em Uquía, a menor delas.

Para “fazer” a quebrada, então, decidimos sair bem cedinho de Salta, num dos primeiros ônibus da manhã, já com o check out do albergue, para parar primeiro em Tilcara e, à noite, dormir em Huamahuaca, numa pousada filiada à Hostelling International.

Compramos as passagens no centro de Salta, numa lojinha da empresa Balut que fica em frente à Plaza 9 de Julio, ao lado da Intendência. Demos sorte em enxergá-la, porque estávamos prestes a perder um deslocamento até a rodoviária só para fazer isso.

DICA: como a região de Jujuy é muito usada para contrabando e tráfico, a polícia faz muitas buscas em ônibus que viajam por ali. A maioria dos turistas bem intencionados viaja com as empresas Balut e Flechabus. Como a polícia sabe disso, costuma incomodar menos essas empresas, preferindo atacar mais os ônibus de empresas menores, mais baratos.

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