Países que não exigem visto de brasileiros
É cada vez menor o número de países que exigem visto de
turistas brasileiros. Com o crescimento econômico do país entre os
anos de 2004 e 2008, de certa forma o Brasil ganhou fama internacionalmente
como um país de turistas gastadores e ávidos por conhecer outras culturas.
Mesmo com a crise de 2008 e, agora, de 2012 (em que o dólar, querendo ou não,
passou de R$ 1,60 para R$ 2,05), os brasileiros continuam gastando cada vez
mais no exterior. Tudo isso leva, obviamente, a uma pressão dos grupos
empresariais ligados ao setor de turismo dos destinos preferidos dos
brasileiros para que os governos locais minimizem as exigências na hora da
imigração.
Diminuiu, também, a ideia de que o brasileiro é um imigrante
ilegal em potencial. Essa percepção mudou radicalmente em países do sul da
Europa, como Portugal e Itália, e mesmo na Espanha, apesar de alguns problemas
diplomáticos persistentes. Na Flórida e em Nova York, da mesma forma,
brasileiro é visto como cliente, e não como ameaça aos empregos locais.
Em alguns posts ao longo desses últimos anos, tenho
destacado mudanças no regime de vistos de alguns países. Registrei, por
exemplo, a abolição de vistos para a Ucrânia (http://demochilao.blogspot.com.br/2012/01/ucrania-agora-sem-visto.html),
o acordo de supressão de vistos para a Rússia (http://demochilao.blogspot.com.br/2010/07/russia-sem-visto-para-turista.html),
a implementação do processo de autorização eletrônica de viagem para a
Austrália (http://demochilao.blogspot.com.br/2012/02/visto-australiano-agora-pela-internet.html)
e a desnecessidade de visto mexicano para quem já tem visto dos EUA (http://demochilao.blogspot.com.br/2010/05/visto-americano-agora-vale-para-o.html).
Sem dúvida alguma, o fato de um país exigir ou não visto
pesa na hora de montar um roteiro, principalmente em se tratando de um
mochileiro com orçamento apertado.
Não faz muito tempo, descobri que na Wikipedia em inglês, na
página http://en.wikipedia.org/wiki/Visa_requirements_for_Brazilian_citizens,
existe um arquivo de domínio público em que um mapa-mundi está colorido de
acordo com as exigências de visto para brasieiros. De certa forma, ele retrata
muito bem as regiões do globo onde somos bem-vindos sem essa burocracia toda e
onde não somos:
No mapa, a cor cinza significa que o visto é exigido; a cor
vermelha é o próprio Brasil; a cor verde mostra países vizinhos onde se pode ir
sem nem precisar tirar passaporte, levando a carteira de identidade; a cor azul
escuro mostra os países que não exigem visto; o azul claro são países que dão
visto na chegada ao aeroporto, pagando uma taxa; e os verde-petróleo são aqueles
que exigem a autorização eletrônica prévia.
No mapa, como se vê, os grandes destinos que ainda exigem
visto continuam sendo os EUA, o Canadá, a China, a Índia, o Japão, os países da
Ásia Central, boa parte do Oriente Médio e quase toda a África, com exceção dos
países mais desenvolvidos na área turística (Marrocos, Tunísia, Egito, África
do Sul, Quênia, Namíbia, Tanzânia, etc.).
Por mais que os EUA digam que estão perto de suprimir essa exigência,
porque a recusa de vistos a brasileiros já está próxima de 3%, sinceramente não
acredito na medida em médio ou curto prazo. A anunciada abertura de um
Consulado em Porto Alegre, com previsão de emissão de pelo menos 1000 vistos
por dia, é um forte indicativo disso. Ora, se estão pensando em abolir os
vistos, porque gastar milhões de dólares para fazer um consulado novo no Rio
Grande do Sul? Com o Canadá, por força de acordos comerciais e de imigração com
aquele país, não deve ser diferente.
Da mesma forma, ninguém
deve esperar a abolição de visto para a Índia ou para a China num horizonte próximo,
simplesmente porque esses países exigem visto até mesmo dos países mais ricos
do mundo. O mesmo vale para a Ásia Central e para países mais fechados do
Oriente Médio e da África e, curiosamente, para a Bielorrússia. Ingleses,
escandinavos, alemães; todos eles continuam tendo que tirar vistos para esses
lugares – logo não seremos nós que quebraremos a regra (muito embora o fato de
brasileiros e argentinos poderem entrar sem visto na Rússia contrarie essa “regra”).
De outro lado, acredito que, num futuro não muito distante,
estejamos com acordo de supressão de visto valendo para alguns lugares
específicos:
- Sérvia: ele já
foi assinado há alguns anos, ainda faltando apenas a publicação dos decretos
nos dois países. Quando entrar em vigor, o acordo vai “liberar a passagem” pelo
meio dos Bálcãs, porque hoje muita gente conhece a Croácia, a Bósnia e Montenegro,
ou a Bulgária e a Romênia, mas são poucos os que se prestam a fazer visto para
esse país.
- Japão: o país não
exige visto da maioria dos países “ricos”, como os da Europa e da América do
Norte, e ainda dispensa gente como argentinos, turcos e mexicanos dessa exigência.
Da mesma forma, a Coreia do Sul já dispensa o visto para nós. Ou seja, a única
justificativa para essa exigência parece ser o receio de imigração ilegal de decasséguis,
o que não se explica mais hoje em dia. Ou alguém acredita que mexicanos e
argentinos são turistas mais gastadores que brasileiros?
O que eu quero dizer com tudo isso?
É simples: se você está adiando uma viagem a algum país que
exige visto, esperando que logo deixe de existir essa burocracia, pense bem nas
possibilidades que há de ela efetivamente deixar de existir. Não adie, portanto,
viagens à China, à Índia ou aos EUA e ao Canadá, porque acho que você vai ter
que esperar sentado. No mais, há um mundo inteiro por aí que nos recebe bem –
então, porque não valorizar esses países?
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