Uyuni

Os vidros estavam congelados, por isso não dava para olhar para fora direito. Alguns minutos depois, o trem efetivamente parou e realmente estávamos em Uyuni.
Como as mochilas haviam sido despachadas para um vagão de bagagem e como li que era bom não dar bobeira nessa hora - sob pena de ficarmos sem elas - tratei de descer ligeiro do trem enquanto os guris ainda se arrumavam para dar jeito de encontrá-las.
Com um frio que calculo ser de -10°C, aquela bobeira de quem recém acordou e aquela movimentação toda, a cena que vi parecia de guerra. Um trem semi-congelado parando numa estação em plena madrugada, com várias "cholas" correndo para pegar suas coisas e mochileiros perdidos aqui e ali. Quando abriram o vagão de bagagens, uma cena que me lembrou aquele filme, "Dr. Jivago": havia pessoas dormindo, quase congeladas, no meio das bagagens.
Peguei as três mochilas e logo depois os guris já estavam ao meu redor. Quando o trem se foi, as coisas se acalmaram e pudemos checar se estávamos todos bem agasalhados. Não demorou muito e uma local se apresentou como sendo a pessoa que nos levaria ao nosso hotel, contratado em Villazón.
Tudo era muito previsível. Como já tinha lido, ela estava nos levando para um hotel diferente do contratado. Insisti e quase briguei que queríamos ir para o nosso hotel reservado, chamado "Sajama", mas ela nos convenceu de que o nosso ("Daison", esse da foto) era mais perto e mais confortável.

Revezamo-nos no banheiro para tomar banho e em meia hora já estávamos prontos para dormir. O frio lá fora era congelante, mas dentro do quarto todos conseguimos dormir bem.
Na manhã seguinte, com o céu azul e o clima ainda mais frio, saímos para encontrar a agência contratada ao lado do hotel, a qual nos providenciaria o café da manhã - que não era servido no hotel. Ela nos levou até uns restaurantezinhos na "alameda central" de Uyuni e falou com umas pessoas, repassando-lhes algo que seria um voucher para nossa refeição.
Comemos a céu aberto um farto café da manhã, com frutas, pães típicos, chá de coca e café, e até encontramos o argentino do trem com quem fizemos amizade.
Depois, demos jeito de encontrar o único caixa automático de Uyuni, que só abriria às 9h da manhã, mas que meia hora antes já tinha gente na fila esperando. Eu confesso que não acreditava que, pela primeira vez na vida, veria bolivianos (o dinheiro local) saindo de um caixa automático com ligação direto à minha conta, mas isso de fato aconteceu, depois de uns 20 minutos de espera. Sacamos o dinheiro necessário para os três dias de tour e nos pusemos a caminhar pelo centrinho de Uyuni.

Existem algumas construções vagamente inspiradas pela presença dos ingleses que andaram explorando recursos minerais na região no passado e, basicamente, monumentos em homenagem aos trens do país. O mais pitoresco é uma torrezinha com relógio bem no centro da cidade e um prédio vermelho ao seu lado.



Com essas idas e vindas, tiramos algumas fotos da cidade, que são essas que aparecem aqui no post.

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