Trem Villazón - Uyuni

Embora um pouco surpresos, acreditamos e colocamos (eu, pela primeira e única vez na viagem) as ditas máscaras. Quando chegamos lá na estação, vimos que na sala de espera não havia quase ninguém de máscara, mas os guardas as estavam usando.
A estação de trem de Villazón, como muitos prédios públicos e bancos bolivianos, parece uma área militar. Acredito que, para não deixar que indigentes usem esses lugares para dormir ou para que o comércio informal não se instale de vez, sempre colocam um policial vigiando esse tipo de lugar. Como o uniforme é verde e sempre usam um rifle, completa-se o cenário de "zona militar".
Após alguns minutos, descobrimos que passáramos a manhã inteira com o relógio errado. O fuso horário não tinha apenas uma, mas duas horas de diferença em relação à Argentina e, por isso mesmo, o trem só sairia dali a quase duas horas, e não uma, como pensávamos. Eu sou o campeão absoluto de errar nessas trocas de horário, por isso nem tento mais...
Depois de um tempo sentados, entendemos a lógica da estação. Na área de espera, podíamos ficar sem máscara, mas para passar para o setor de embarque, o que começou uma hora antes do trem sair, passaríamos por uma inspeção de saúde e seríamos obrigados a usar máscara.
Uma longa fila formou-se, mas conseguimos ficar bem na frente. Perguntaram-nos se tínhamos um papelzinho dado na imigração, e quando pensei que era a deixa para nos extorquirem algum dinheiro, explicaram poderíamos ter sido submetidos à inspeção de saúde na fronteira e, nesse caso, não precisaríamos passar por outra na estação. Como não tínhamos, continuamos na fila.
Entramos os três na sala de exame, onde uma enfermeira nos olhou um pouco, examinou as máscaras, fez algumas perguntas e nos deu um papelzinho comprovando que tínhamos passado no exame. Ela nos pediu encarecidamente que continuássemos com as máscaras no trem.

Nossas passagens, de primeira classe, tinham lugar marcado e davam direito a um lanche, bem como de acessar o vagão restaurante.
Assim que a viagem começou, surpreendemos muito positivamente com o trem. As poltronas eram muito confortáveis - tipo ônibus leito - e a limpeza impressionava. A todo tempo um funcionário passava para lá e para cá (de máscara e luvas) limpando alguma coisa. Um telão de não sei quantas polegadas passava videoclipes de música e programas do tipo Mr. Bean e "videocassetadas". Os banheiros eram bons, para o padrão ferroviário e havia um controle de temperatura que deixava o ambiente em uns 15°C ou 18°C, permitindo que ficássemos de mangas curtas.




Depois do chá, descansamos algumas horas e, à noite, fomos novamente para o vagão do restaurante, dessa vez para jantar, por nossa conta. O menu era bem variado e até comemos algo com carne, coisa rara na Bolívia. Aproveitamos ainda para tomar umas quantas cervejas e a todo tempo comentávamos sobre a "maravilha" que era o trem.

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Abraços
Danilo