Sarajevo - Vratnik

Logo depois da Praça dos Pombos, ao noroeste, começa uma subida que marca o início do bairro de Vratnik.

A primeira coisa interessante que encontramos nesse lugar foi uma loja de antiguidades com artigos supostamente originais da II Guerra Mundial, logo do outro lado da avenida ao lado da praça. Até mesmo um cartaz em alemão de que “nessa loja é proibida aos judeus fazer compras" exposto na vitrine dava um “clima” para o lugar. Capacetes de soldados, condecorações militares, cédulas e moedas antigas, algumas bandeirinhas e outros itens para colecionar deixariam qualquer fanático por II Guerra entretido por um bom tempo.
Um pouquinho mais para cima e já se vê várias casas e sobrados com bastante marcas de guerra ainda nas paredes – lugares onde ainda não chegou dinheiro para restaurações.

Sem nos darmos por conta (o mapa do Lonely Planet que eu estava usando não ia muito além do centro), acabamos parando bem ao lado de vários pequenos cemitérios, quase no meio da cidade. O primeiro, e mais antigo de todos, tinha lápides quase ilegíveis e os guris chegaram até a duvidar que fossem lápides. Mas pela cor branca num gramadinho, não tinha como serem outra coisa.

À medida que fomos subindo, encontramos mais e mais cemitérios, a maioria de muçulmanos (o estilo das lápides mudam conforme a religião). Quando começamos a ler, vimos que a maioria esmagadora era de gente que morreu entre 1993 e 1994, período mais intenso do Cerco de Sarajevo, que é um dos episódios mais conhecidos da Guerra da Bósnia.

Os cemitérios são bem diferentes do que vemos por aqui. Parecem quase valas comuns ou cemitérios de indigentes, porque não há demarcações de onde foram feitos os buracos, apenas uma série de pequenos postes quadrados brancos, um ao lado do outro, com pouco espaço entre si, quase que aleatoriamente colocados na grama verde.Um pouco depois dos cemitérios, chegamos às muralhas de uma antiga fortificação, que inclusive tem um pórtico cobrindo a rua que dá acesso às partes mais altas do bairro. No caminho, numa área mais residencial, passamos por várias casas antigas, com sinais típicos da religião dos seus moradores (embora a maioria seja muçulmana, há casas com sinais católicos e até judeus).
Por fim, já cansados da subida, chegamos ao nosso objetivo: um mirante no alto das muralhas, do qual se podia ver quase toda a cidade, de onde são tiradas muitas das fotos que servem de cartão postal para Sarajevo. Apesar de valer a pena pela vista, o lugar tem cara de ser meio perigoso à noite ou para pessoas desacompanhadas, vez que há um pouco de lixo, algumas pichações e alguns indícios de que pessoas vão lá para se drogar (policiamento, então, nem pensar – acho que não vi um policial sequer na Bósnia inteira, a não ser na imigração).

Só de lá de cima é que percebemos que a cidade inteira era rodeada por cemitérios como aqueles que vimos de perto, enquanto subíamos.

Depois de quase meia hora de fotos, de tentativas frustradas de fazer uma panorâmica legal e de descanso, fomos descendo ladeira a baixo, por um caminho diferente (e sem atrativos) daquele pelo qual subimos.

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