Do outro lado de lá...

Assim que saímos do zoológico de Berlin, reencontramo-nos com o Rafael e o Marcelo e deixamos o Rodrigo com eles. Eu e o Diego faríamos um passeio até a Polônia e os outros três ficariam na cidade, conhecendo o museu egípcio e o interior do Parlamento.

A idéia de dar um pulinho na Polônia surgiu meio do nada, ainda nos preparativos da viagem. O Diego e eu estávamos vendo o que havia de interessante por perto de Berlin e eu propus a ele, que nunca havia ido à Europa, conhecer um pouquinho do lado de lá do continente.

Berlin fica a apenas 80km da fronteira com a Polônia e, pelo que vimos na internet, havia trens de meia em meia hora partindo para Frankfurt (Oder), de onde se passa a pé para o outro lado.

Tivemos um pouco de dificuldade para comprar a passagem na Hauptbahnhof de Berlin, mas em alguns minutos já estávamos embarcando. A viagem durou cerca de uma hora, passando por lugares bem bucólicos, alternados com bosques de pinheiros. Tudo parece (e é) meio deprimente no interior daquela região.

Frankfurt (que não é a Frankfurt-am-Main, sede da Bolsa de Valores e do aeroporto internacional), é uma cidadezinha pacata de pouco mais de 60 mil habitantes, que tem uma grande peculiaridade: com o final da Segunda Guerra Mundial, a cidade foi dividida ao meio e nunca mais voltou a ser uma só. Até 1945, a Alemanha ocupava parte do que hoje é a Polônia e a cidade de Frankfurt, dividida ao meio pelo rio Oder, acabou dando lugar a duas cidades: Frankfurt, do lado alemão, e Slubice, do lado polonês.
Durante a existência da Alemanha Oriental, os dois lados eram comunistas e as diferenças não eram tão evidentes. Porém, com a reunificação alemã, o lado polonês começou a ficar bastante empobrecido, enquanto que os cidadãos de Frankfurt cresciam em ritmo alemão.

Recentemente, as cidades voltaram a se aproximar, com o ingresso da Polônia na União Européia. Embora o controle de fronteiras ainda estivesse em vigor quando estivemos lá, em maio de 2007, em dezembro do mesmo ano a passagem passou a ser livre e irrestrita de um lado para o outro.

Da estação de trem de Frankfurt até a fronteira, tivemos de caminhar mais de um quilômtero. Até paramos num posto de informações para perguntar se estávamos no caminho certo e se não haveria nenhum problema em ir e voltar no mesmo dia, sendo brasileiros. Afinal, nossas bagagens estavam em Berlin e tudo o que tínhamos era uma mochilinha de passeio, com barrinha de cereal e um casaco, cada um. Como nos garantiram que era tranqüilo, seguimos, e assim foi.

A ponte tinha os postos de controle alemão e polonês bem no meio. Primeiro, no lado alemão, o oficial perguntou se realmente havíamos entrado pela França (em alemão, e eu entendi!), carimbou e nos desejou bom dia. Do lado polonês, o guardinha mal encarado só carimbou e nem nos olhou.
Slubice é uma cidade visivelmente menor e mais pobre que Frankfurt. Há muita gente sempre indo e vindo dali para comprar cigarros e outros produtos que são mais baratos daquele lado (soubemos, inclusive, que o lugar é uma zona franca que vem tomando empregos do outro lado).

As primeiras construções são quase todas ocupadas por lojas de cigarros. Mais adiante, começamos a ver o que se vê em qualquer cidadezinha pequena: colégio, biblioteca, prefeitura, igreja, pracinhas.
Embora não fosse nada ameaçador, sentíamo-nos observados o tempo todo pelos locais, que tem um aspecto bem diferente dos alemães.

Depois de alguma idas e vindas, resolvemos fazer o que a cidade tinha de melhor para oferecer: sentamos num barzinho e descemos uns (vários) chopps. Os preços (em zlotys) eram ridiculamente baixos, quando comparados com os da Alemanha - que já são baixos em relação a outros países da Zona do Euro. Não precisamos nem trocar dinheiro, porque se aceita euro por tudo quanto é canto em Slubice.

Comemos uma pizza de frutos do mar muito boa, enorme e muito barata. Como não era um lugar de atrações turísticas, acabou servindo só para um relax e para ver um pouco do que é o interior de um país ex-comunista.
Andar por Frankfurt, do lado alemão, acabou sendo uma experiência diferente, também, porque afinal só acabamos conhecendo lugares maiores.

Na volta, sem maiores problemas, passamos pela ponte e pegamos nosso trem de volta a Berlin. Uma cochilada de cerca de uma hora foi inevitável depois da cerveja, naquele trenzinho tranqüilo.

Comentários

Anônimo disse…
Oi! Eu vou pra Alemanha em dezembro e tenho uma dúvida. As pessoas lá falam inglês? Ou só alemão mesmo? To com medo de chegar la e não conseguir me comunicar, só sei umas palavras básicas em alemão!

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