Caminhonete a las Nubes


Como chegamos em Salta num domingo pela manhã, já sabíamos de antemão que não poderíamos fazer o passeio do Tren a las Nubes no próprio trem, já que ele só ocorre aos sábados, conforme informado no site. Cheguei até a ligar antes, ainda do Brasil, para confirmar se não haveria qualquer saída no meio da semana, como ocorre na alta temporada, mas a resposta foi negativa.

Certos de que o único jeito era fazer um tour "rodoviário", fomos à luta. Entramos em várias agências de turismo e o que vimos é que o tour padrão que é vendido consiste em colocar grupos de 8 a 14 pessoas numa van ou microônibus, que sai de Salta às 7h da manhã, chega em San Antonio de los Cobres para o almoço, depois volta. Para conhecer o viaduto de La Polvorilla, que fica uns km adiante de S Antonio, é necessário um veículo de tração 4x4.

Foi aí, de posse dessa última informação, que começamos a negociar. As moças da agência que mais simpatizamos nos disseram que os tours de caminhonete 4x4 se consideram tours privados. Paga-se por 4 pessoas, independentemente de viajarem 4 ou menos. Como estávamos em 3, talvez fosse mesmo a opção mais conveniente, porque assim poderíamos fazer mais paradas para fotos, ter mais privacidade e ainda ir até La Polvorilla. Perguntamos se não havia como fazer a volta por um caminho diferente, e a resposta foi positiva. Já que era privado, poderíamos escolher tudo.

Foi assim que fechamos nosso primeiro passeio pela região de Salta num formato bem melhor do que o normalmente vendido: iríamos fazer todo o percurso padrão até San Antonio, seguiríamos a La Polvorilla, e na volta, passaríamos pelas Salinas Grandes e por Purmamarca. Como não teríamos problema se houvesse uma quarta pessoa, deixamos ao critério da agência conseguir mais um turista sozinho, para rachar o preço total.

Para nossa sorte, apareceu um americano que foi junto conosco e fechou o tour.

Na manhã seguinte, na hora combinada, a caminhonete estava nos esperando em frente ao albergue. O guia, cujo nome não lembro, foi muito simpático e explicou bastante sobre o que faríamos.

A primeira paradinha foi para comprar folhas de coca, para ajudar na altitude. Todo dia acabou sendo assim: paradinha em mercadinho para compras de última hora, inclusive as famosas hojas.

O tour propriamente dito começa a uns 20km do centro, na estação que marca o início do trajeto do Tren a las Nubes. Uma locomotiva da época do início das viagens está exposta numa praça ao lado (foto).
A ferrovia, na época a mais alta do mundo, foi inaugurada na década de 50, tendo se tornado ponto turístico já nos anos 70. Com as privatizações dos anos 90, caiu nas mãos da iniciativa privada e acabou sucateada. O serviço de transporte de cargas foi quase extinto e até mesmo o trem turístico parou por alguns anos. Só há menos de 3 anos é que foi retomado, nos moldes atuais, com outra empresa operando.

A Ruta Nacional 51 acompanha e se entrecruza com a ferrovia praticamente o tempo todo. Os vários túneis e as várias pontes podem ser vistos e visitados por quem segue de carro ou caminhonete.

A cada ponto de maior interesse, como a ponte da foto, fazíamos uma parada. Cedo da manhã, ainda havia pouca gente e, como não há movimento, deu até para tirar as clássicas fotos deitado nas linhas do trem.
Não demora muito para que a estrada comece a serpentear montanha acima. A altitude, que acompanhávamos pelo GPS que o Rafael levou na viagem, subia rapidamente. Creio que em 2hs já estávamos a 3.000m sobre o nível do mar.

Com o sol já alto, a paisagem foi ficando cada vez melhor. As rochas multicoloridas das montanhas vão mostrando a cara e algumas paisagens de tirar o fôlego rendem fotos bem legais.

Já acima dos 3.000m, fizemos uma parada num vilarejo indígena chamado Santa Rosa de Tastil, onde há artesanato e um museuzinho público que expõe artefatos dos povos da região e pedras que são utilizadas como instrumentos musicais - quase um piano! Com o frio pegando e o vento zunindo nos ouvidos, me vi obrigado a comprar um chulo, aquele famoso chapeuzinho de peruano/boliviano que cobre cabeça e orelhas. Quase igual aos de Salta, só que mais barato.
Naquela altitude, aliás, frio já era o que mais fazia. Nas primeiras cachoeiras congeladas, até paramos para umas fotos, mas a paisagem se tornaria comum ao longo do caminho.

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Procuro companhia com mochila para ir a Salta, pois amigos de minha faixa de idade estáo cuidando de netos e vendo futebol pela televisão. Saio de Teresopolis, rj, foz do iguaçu e Salta. Tenho 67 anos mas disposição de 66 anos rsrsrsr e mail: apioclaudio@gmail.com

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