Giro em Mykonos
Por sugestão do garçom, nos abrimos para o novo e pedimos um doce chamado baklava, que segundo ele era a mais tradicional sobremesa do país e seria um crime não experimentar. Realmente, era muito bom. Na definição do Wikipédia, baklava é um tipo de torta elaborada com uma pasta de nozes trituradas, envolvida em massa filo e banhada em xarope ou mel, existindo variedades que incorporam pistaches, avelãs e sementes de sésamo, papoula ou outros grãos.
Enquanto comíamos, percebemos que na sacada ao lado uma senhora de mais idade estava pescando. Sim, na própria sacada de casa, a mulher puxou um banquinho, pegou uma linha e uma vara, amarrou um pedaço de pão na ponta e tentou a sorte no mar agitado daquele dia. Em vão, ela ia tentando com pedaços cada vez maiores de pão. O engraçado era justamente o fato de ela estar fazendo isso numa casa caindo aos pedaços, num dos pontos turísticos mais visitados de Mykonos, como se estivesse a uns 50 anos atrás.
Depois de mais algumas voltas pela cidade e de até entrar em algumas lojinhas, fomos até o carro para dar mais algumas voltas pela ilha. Já estávamos certos de que faríamos o passeio à ilha de Delos no dia seguinte, por isso não haveria muito tempo para esperar dias melhores para conhecer as praias do lado sul.
Com o GPS ligado, fomos seguindo o caminho até Psarrou, uma das praias mais agitadas próximo à capital da ilha. Dali, seguimos para Platys Gialos, que até tinha algumas pessoas se banhando, outras deitadas nas cadeiras à beira do mar e algumas fazendo massagem na areia.
Nessas duas prainhas, tivemos um pouco a noção de como é que se aproveitam as praias por ali. Não é muito diferente do nosso jeito aqui no Brasil. Casas em condomínios, apartamentos e hotéis alugados por temporada, próximos ao mar e com uma infraestrutura razoável pertinho que permitem que a pessoa fique vários dias sem precisar pegar o carro.
Na praia de Psarrou, especificamente, muitas mansões do estilo “alemão aposentado” têm vistas privilegiadas da baía. Mesmo com o tempo feio, dava para ver as diferentes tonalidades do mar.
Dali, partimos de carro para as estradinhas mais complicadas que levam às famosíssimas praias de Paradise e Super Paradise, mas como era de se esperar, com aquele tempo e já em outubro, não havia mais nem uma viva alma por aquelas bandas. Essas praias não tem quase nada além de algumas mansões no alto dos morros e bares de praia, onde se aproveita o verão num estilo meio Ibiza/Jurerê/Punta Del Este.
De Paradise Beach até Ano Mera, uma cidade na parte mais alta e central da ilha de Mykonos, quase nos arrependemos de ter decidido conhecer o interior. As estradinhas, embora asfaltadas e sem buracos, eram cada vez mais estreitas e sinuosas. De quando em quando, tínhamos que dar passagem para algum agricultor que vinha dirigindo um trator, ou mesmo reduzir a velocidade para não correr o risco de atropelar alguma cabra pastando logo ao lado da faixa.
Levamos com certeza mais de 20 minutos para fazer pouco mais de 8km, mas finalmente chegamos a Ano Mera, onde a maior atração é o mosteiro ortodoxo de Panagia Tourliani, originalmente construído em 1580, em devoção à padroeira de Mykonos.
O lugar é bem interessante, todo cheio de ornamentações e com mobiliário de centenas de anos, mas como exige que o visitante esteja com os ombros cobertos, acabei entrando sozinho, enquanto a Gisele esperava do lado de fora, em meio aos vários gatos aparentemente mantidos pelos monges. Não é formalmente cobrada nenhuma entrada, mas a presença de um monge ao lado da caixinha de doações espontâneas logo ao lado da entrada da capela principal constrange qualquer um a pelo menos deixar e menor nota de dinheiro disponível – uns 5 euros.
Do lado de fora, no outro lado da praça principal da cidade, há uma feirinha de produtos locais. É o tipo de lugar que faz o cidadão esquecer que está numa das ilhas mais “badaladas” da Grécia, de tão tradicional.
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