Alertas e cuidados na Tailândia

A Tailândia é um país acostumado com a presença constante de turistas ocidentais e zela muito pela segurança desse pessoal, porque muitas regiões têm no turismo a principal fonte de renda. Não cheguei a me informar sobre isso, mas acredito que o próprio governo tenha programas de educação voltados para essa indústria, porque existe a impressão de que essa preocupação com o bem estar do estrangeiro é muito disseminada – desde pequenas coisas como deixar o molho apimentado separado na comida como na questão da honestidade na venda de serviços turísticos em empresas sérias.

Apesar disso tudo, uma pessoa que viaja pela primeira vez ao país (e à Ásia, como foi o nosso caso), precisa saber de alguns pequenos problemas que existem para saber como preveni-los:

- Clima – o clima da Tailândia é, em sua maioria, tropical, como na Amazônia brasileira. Isso significa temperaturas que no ano inteiro não oscilam muito, ficando sempre entre os 25ºC e os 35ºC, com sensação térmica maior, por causa da constante umidade. Só nas regiões montanhosas do norte do país é que se tem um clima mais fresco no “inverno”, com algo em torno de 15ºC pela manhã. No “verão” das regiões montanhosas, porém, faz ainda mais calor que no sul. O que diferencia a região da nossa Amazônia são as monções – um longo período de cerca de 5 meses em que chove desesperadamente e que, por isso mesmo, é a baixa temporada para o turismo. De um modo geral, diz-se que as monções vão de junho a novembro, mas existem algumas especificidades regionais. Por exemplo, em Ko Samui (no Pacífico), as monções começam e terminam um pouco mais tarde do que em Phuket (no Índico). Procure se informar, porque monção, além de muita chuva, significa mar bravo (bom para o surf, é verdade) e muitas atrações e passeios fechados, além de atrasos em voos. A alta temporada vai de dezembro a abril, que é o período mais seco. Entre abril e junho também é seco, mas quente demais, segundo a maioria.

- Água potável – a água de torneira não deve ser bebida em nenhuma circunstância, em qualquer região do país. O tratamento é suficiente para garantir a limpeza e o uso geral, mas existe risco de contaminação com algumas doenças, como hepatites e febre tifoide. Por isso, os bons hotéis sempre dão de graça (e repõe todos os dias) garrafas de água potável. Se for ficar em albergues ou se o seu hotel não faz isso, compre água mineral ou filtrada em mercadinhos ou mesmo bancas de rua. O gelo usado pelos vendedores nos drinks, supostamente, também é filtrado.
- Drogas – a Tailândia tem uma legislação muito rígida em relação a drogas, tanto que você deve lembrar de filmes como “Pela vida de um amigo”, em que ocidentais são condenados à morte por tráfico e de outros em que a posse de pequenas quantidades gerou penas muito longas. Apesar disso, sabe-se que o país é um lugar onde os turistas consomem muito. No norte, como ainda existe tráfico de ópio vindo de Myanmar, há barreiras frequentes nas estradas, em que se revistam ônibus. Nos aeroportos, há controle discreto das bagagens, mas sempre presente. Nas ilhas, a presença da polícia não se faz perceber muito, mas é justamente por saber do receio que os ocidentais têm dessas penas altas que há relatos de golpes nos quais o traficante vende a droga e dali a 5 minutos um “policial” vem e dá o flagrante. Na verdade o policial é um golpista e o turista é extorquido sob a ameaça de ser processado e preso.

- Pequenos golpes – todos os guias impressos, sites de embaixadas e “manuais de sobrevivência” na Tailândia falam dos golpes aplicados pelos condutores de tuk tuk em Bangkok. O turista é abordado por alguém perto de locais turísticos, como o Grande Palácio, o Wat Pho ou a Casa de Jim Thompson, que pergunta o que a pessoa está fazendo na cidade, o que vai fazer, e oferece uma corrida de tuk tuk bem mais barata do que o esperado para chegar ao lugar. Essa corrida, porém, sempre implica na parada em lugares para fazer compras de artesanatos ou de joias, em regiões distantes e pobres da cidade, nas quais o turista se sente coagido a comprar algo para ser levado de volta. Os tuk tuk ganham cupons de combustível desses lugares, por isso aderem em grande número a esse golpe. O mesmo resultado ocorre quando a pessoa aborda um tuk tuk, pede para ir a um lugar e o condutor diz que ele está fechado, mas que vai leva-lo a outro lugar bem melhor. Todo mundo anda de tuk tuk em um momento ou outro, por isso a dica é deixar bem claro o lugar para onde se quer, repetindo mais de uma vez o nome do lugar, rejeitando qualquer proposta alternativa do condutor e acertando antes de entrar o preço. Se for abordado por alguém, simplesmente agradeça a informação e saia. Já tive que fazer isso pelo menos duas vezes em Bangkok.

-Falso dano em aluguel – costuma-se contar muito sobre situações em que o turista aluga uma moto ou um jet ski e, na devolução, vários danos não percebidos na retirada são detectados pelo locador e cobrados do turista, como se tivessem sido causados por ele. Procure locais com aparência mais respeitável, inspecione bem o objeto antes de locá-lo e em último caso chame a polícia.

- Pequenos furtos de bagagem – embora seja muito seguro de se andar na rua, devendo-se apenas cuidar com eventuais batedores de carteira em lugares muvucados, a Tailândia oferece um risco para passageiros de ônibus de longas distâncias, especialmente em trajetos noturnos. São frequentes os relatos sobre empresas que não sejam as mais renomadas em que as pessoas têm objetos e mesmo roupas furtados da bagagem colocada no bagageiro do ônibus, porque alguém fica escondido nessa parte do veículo durante a viagem, abrindo as malas e mochilas, tirando o que interessa e fechando bem direitinho tudo de novo, para que nada se perceba na chegada. Evite isso escolhendo boas companhias, colocando objetos de valor numa mochila menor na parte de cima do ônibus ou preferindo o avião, que é bem mais barato do que no Brasil.

- Respeito ao Buda – ocidentais devem demonstrar respeito em lugares sagrados, como templos em que existam imagens de Buda. Sapatos devem ser deixados do lado de fora, demonstrações públicas de afeto (beijos, abraços, carícias) não devem ocorrer, o silêncio deve ser respeitado e nunca se pode colocar as solas dos pés para a frente, apontando para o Buda. Quando for sentar no chão do templo, deixe os pés para os lados ou sente-se sobre as próprias pernas, ou cruze-as. Não são admitidas roupas como regatas, calções muito curtos e bonés. Para mulheres, o cuidado é ainda maior com relação a não mostrar os ombros (pode-se usar uma echarpe ou qualquer coisa que cubra o colo) e ter calças ou vestidos que cubram até abaixo do joelho. Em lugares como o Wat Phra Kaew e o Grande Palácio, fiscais rigorosamente aplicam essas regras, não deixando entrar quem não está vestido adequadamente ou pedindo que as pessoas se cubram novamente se lá dentro resolveram se descobrir. Estátuas do Buda não podem ser levadas para fora da Tailândia sem autorização e caso alguma for detectada na bagagem sem essa licença especial (que algumas lojas têm), o bem é confiscado.

- Respeito ao Rei – o rei tailandês é o monarca que está há mais tempo no poder no mundo, desde 1946. Ele é venerado por sua caridade e mesmo quando há golpes de Estado, é mantido no poder pelo que representa para as pessoas. Há imagens dele em todos os lugares importantes e mesmo em grandes empresas e hotéis. Não se deve debochar dele ou fazer comentários jocosos com os locais e especialmente com autoridades, porque isso é crime. Há frequentes notícias sobre ocidentais processados por crimes de injúria contra o rei. Atitudes como queimar ou rabiscar as notas do dinheiro local (que têm a imagem do rei) também podem ser ofensivas e se enquadrar nesse crime. O hino nacional, composto por ele, é tocado às 8 da manhã em alguns locais, como estações ferroviárias e rodoviárias (e até mesmo em hotéis, em dias como o domingo), e esse é um momento de respeito.

Falando assim, parece difícil, mas é tudo muito tranquilo. Essas são as situações potencialmente causadoras de problemas, o que não significa que você vai enfrenta-las. A dica é sempre permanecer tranquilo, combinar muito bem com as pessoas o que se quer fazer e quanto será pago pelo serviço que tudo correrá bem. Como o inglês dos tailandeses é bem difícil de entender, não tenha vergonha de dizer que não entendeu e pedir que repitam. Fale devagar para ser compreendido e entenda que às vezes um aparente deslize pode ter sido um erro de tradução, como um garçom que chega todo sorridente com uma taça de vinho branco, dizendo, “Red wine, Sir!”, que já me aconteceu.

Comentários

Viajana disse…
Muito bom este post! Obrigada pelas dicas.
Anônimo disse…
Que legal! Obrigada!
Anônimo disse…
Obrigado e parabéns. Ótimas explicações e dicas, com muita didática.
Maria Lucia disse…
Adorei as dicas! Valeu!!
Larissa Avila disse…
Oi!! Vi aqui q vc colocou que junho é época das monções e tb seco... será que junho é uma boa época para ir pra Tailandia???

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