Istambul - Sarajevo

Na hora marcada, talvez com uns 5 minutinhos de atraso, estávamos de volta ao Cheers Hostel. Pegamos nossa bagagem de mão que estava no quarto e pedimos ao pessoal do albergue para chamar um táxi.

Em meia hora, depois de uma viagem a 120km/h como na vinda, e pagando as mesmas 30 e poucas liras, chegamos ao aeroporto com tranquilidade (é importante dizer ao taxista qual aeroporto você quer ir, porque há dois deles – um no lado asiático, para voos domésticos, e outro do lado europeu, para voos mais longos, chamado “Atatürk”).

Diferentemente da maior parte do mundo ocidental, e talvez por questões de segurança, há controle de raio-x logo na entrada do aeroporto, antes mesmo do check in. Uma vez lá dentro, é tudo muito tranquilo, porque há espaço de sobra e muito mais atendentes de check in do que em aeroportos brasileiros.

Os guris ainda precisavam despachar as coisas deles, mas eu e o Harold pudemos ficar numa lancheria esperando. Quando os outros estavam prontos, fomos para a fila de imigração, para fazer a saída do país, e em meia hora já estávamos do lado dos free shops. Como o aeroporto é muito grande, demos uma boa pernada até o portão de embarque do nosso voo, que estava confirmado no horário previsto: 12h35 de domingo, horário local (6hs na frente de Brasília).

Por um momento, chegamos a pensar que voaríamos num avião da Bosnia Airlines, já que um code share com a Turkish estava sendo anunciado, mas logo vimos que era um A320 da própria Turkish que nos levaria a Sarajevo (em turco, a cidade é anunciada como Saray Bosna). O voo foi melhor do que muitos dos que já fiz entre países europeus. Apesar do calor intenso, o ar condicionado estava numa temperatura ideal, a comida era bem melhor do que normalmente as companhias servem em voos curtos como aquele, de apenas 1h30, e as atendentes muito simpáticas. Parabéns para a Turkish Airlines também por esse voo.

Tudo ficaria perfeito nossas mochilas estivessem realmente na esteira de Sarajevo quando chegássemos. Nossas esperanças haviam diminuído um pouco, porque conseguimos ver pela janelinha a maior parte da bagagem sendo embarcada, inclusive as mochilas do Diego e do Rafael, mas não a minha e a do Harold. Confesso que fiquei o tempo inteiro imaginando a chateação de ter que perder tempo de passeio para comprar uma mochila nova em Sarajevo e roupas para aguentar os primeiros dias de viagem, já que não teríamos tempo suficiente em lugar nenhum para conseguir receber as mochilas eventualmente extraviadas de volta.
Pela janelinha, acompanhei boa parte da hora e meia de voo, desde a decolagem de Istambul, que se revelou uma cidade quase infinita para quem olha de cima (são 12 milhões de habitantes, quase sem prédios maiores do que quatro andares), passando pela Bulgária e pela Sérvia (cheguei a ver Belgrado de longe), até o interior da Bósnia, que é todo verde e montanhoso.

O tempo estava nublado, como previsto, quando nos aproximamos de Sarajevo. A expectativa tomou conta de todos nós, e as brincadeiras com o fato de estarmos chegando num país que só é conhecido no Brasil por causa da guerra eram a tônica dos comentários. As outras pessoas, no entanto, pareciam encarar com tranquilidade a viagem, que só era uma “aventura” na nossa cabeça mesmo.

Quando o aeroporto apareceu lá embaixo, vimos como era pequeno e simples. O único movimento naquele horário era justamente o do nosso avião.

Ao desembarcar, com a adrenalina a mil por causa da expectativa sobre as mochilas, ainda tivemos de passar pela imigração. Fomos ligeiro para sermos os primeiros, mas vimos que havia pelo menos 6 cabines atendendo, mais do que haveria aqui no Brasil. Deu tempo até de trocar de fila, porque não gostamos da cara mal humorada de uma oficial com cara de megera. O guardinha que nos atendeu perguntou o que faríamos no país e por onde passaríamos, respondi que passaríamos uma noite em Sarajevo, outra em Mostar, e depois seguiríamos para a Croácia e que estávamos os 4 viajando juntos. Ele só inseriu dados no sistema e carimbou os quatro passaportes. Até havia pensado que ele faria aquela mesma pergunta da mulher no aeroporto de Istambul (“Cadê o visto para a Bósnia?”), mas foi tudo tranquilo.

Mal saí da cabine e enxerguei a minha mochila na esteira. Era a primeira de todas. Um alívio. Corri para pegá-la e vi que estava tudo ali, embora estivesse meio rasgada/descosturada na parte debaixo, deixando à mostra um pedaço da sacola plástica que continha um tênis extra que eu estava levando. Não demorou muito e veio uma das mochilas embarcadas em Istambul. A do Harold ainda ficou no suspense por mais uns minutos, mas no final estávamos todos com nossas bagagens, para minha tranquilidade. Ainda não foi dessa vez que passei pela situação desgraçada que é ter uma bagagem extraviada!

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