Turco


Nunca tive a pretensão de aprender a falar turco, mas também não imaginava que seria um idioma cujas palavras não fariam o menor sentido para mim. Pouquíssimas são as expressões a respeito das quais se consegue vislumbrar alguma possibilidade de tradução sem o auxílio de alguma legenda ou subtítulo em inglês.

O turco, ao contrário do que eu pensava, não é nem um pouco parecido com o árabe, aos ouvidos de quem escuta. Na escrita, a profusão de letras com trema (ö e ü) faz lembrar um pouco de alemão.

Nos guias da Lonely Planet, li que o idioma turco falado atualmente, na verdade, é uma reinvenção artificial da revolução dos anos 20 e 30, quando se enterrou o Império Otomano, separou-se a religião da política e adotou-se o alfabeto ocidental como obrigatório. Como idioma recriado, foi feito de forma simplificada. Não há artigos e os verbos são todos regulares, com a exceção de um só, que acho que é o verbo “ser/estar”. Os plurais dos substantivos também são regulares e, por essa estrutura científica, o idioma foi utilizado como um dos modelos na criação do esperanto, a língua artificial criada por cientistas para ser a língua universal.

Embora não seja esperado de nenhum brasileiro que aprenda o idioma para fazer turismo na Turquia, é importante que se saiba ao menos como pronunciar algumas letras para poder dizer o nome dos lugares na hora de pedir informações ou de pegar um táxi. Por isso, vale a pena uma consulta rápida a essa seção, que quase todo guia de turismo tem.

Foi lendo essa parte do Lonely Planet que descobri que a letra “i” deles não tem o pingo em cima, e que quando tem, é como se fosse um acento de sílaba tônico. Além de terem “ç”, que se pronuncia “djh”, eles tem um “s” com cedilha (ş) , que se pronuncia como “x” em xadrez. O “ö” é uma mistura de “o” com “e”, como no alemão, e o “ü” tem aquele som misturado com “i”, como em “Gisele Bündchen”. O “g” com um acento circunflexo virado em cima funciona como um prolongamento da vogal anterior. Uma regra de outro é que todas as letras são pronunciadas ou servem para alguma coisa, não há letras mudas, como o “h” de hotel ou o “u” em “que”.

Se você perguntar a algum turco em Istambul para qual time ele torce, Fenerbahce ou Galatasaray, provavelmente ele responderá que para nenhum dos dois, que é torcedor do “Bexiktax” – coisa que só depois fui entender que na verdade é o nome do bairro de “Besiktas”, com duas esse-cedilhas.

De um modo geral, consegue-se levar tudo numa boa com gestos e um inglês bem tosco. A coisa encrespa um pouco mais do lado asiático, não acostumado a receber muitos turistas, onde pouquíssimos falam inglês e mesmo que falem, tem dificuldade para entender o que um brasileiro fala quando tenta falar em inglês. A conversa fica parecendo coisa de louco e não sai muito do básico.

Pela grande quantidade de imigrantes turcos na Alemanha que acabaram voltando para a Turquia ou que mantém relação com os parentes do país de origem, muitos sabem um pouco de alemão, o que ajuda quem se aventurou a aprender esse idioma em algum momento.

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