Telouet e Aït Benhaddou


A partir do passo de montanha de Col Du Tichka, começamos a descer vertiginosamente por mais uns 20km, quando então saímos da rodovia principal e pegamos uma estrada secundária, com largura suficiente para apenas um carro de cada vez, em direção a Telouet e Aït Benhaddou. Segundo nosso guia, era esse trecho que justificaria a necessidade da caminhonete 4x4.

A paisagem já era bem diferente daquela que tínhamos visto até então no Marrocos. Ao invés de planícies mediterrâneas e encostas úmidas de montanhas, depois substituídas por montanhas sem vegetação, estávamos agora diante de uma parte totalmente desértica do país. Não se tratava de deserto de areia, é bom dizer, mas de deserto de pedras, como aqueles que se vê na região do Grand Canyon dos EUA ou no noroeste argentino.


A estrada nem era tão ruim assim quando o Abdelhouahed tinha nos pintado e até mesmo as curvas passaram a ser mais suaves, permitindo que eu melhorasse bastante do desconforto inicial.

Os paredões de rochas vermelhas e as montanhas cada vez mais baixas agora eram entrecortados por vales verdejantes, como esse que aparece na foto.


De tanto em tanto, começamos a passar por algumas pequenas cidades, entre elas Telouet. Na verdade, todas são consideradas apenas kasbahs, ou fortificações, de uma antiga rota de caravanas entre Marrakech e o deserto do Saara. Paramos em alguns pontos da estrada para tirar fotos, passando por dentro apenas daquelas que ficavam próximas à própria estrada em que estávamos.


Já passava do meio-dia quando chegamos à cidade de Aït Benhaddou, um pouco maior dos que as outras da região. Ali, teríamos o nosso almoço, que estava incluído no preço do tour, dentro de um Riad.

O hotelzinho tinha um clima de “oásis no meio do deserto”, com construção bem típica, tendo até aquelas vigas saindo para fora das paredes. No pátio central dos quartos dos hóspedes, ficava uma piscina com água cristalina.


O almoço foi servido num terraço, com alguns refúgios de sombra feitos com palmeiras. Comemos pratos bem típicos, como tajine de frango e cuscuz, não sem um chá de menta e doces de amêndoa. Foi só depois dessa refeição que meu estômago se firmou e pude me sentir melhor pelo resto do passeio.

Aït Benhaddou é uma cidadezinha no meio do nada, mas recebe todos os dias dezenas de turistas por ter sido cenário de inúmeros filmes hollywoodianos nos últimos 50 anos. Embora nosso guia mencionasse apenas o “Gladiador”, filme de 2000 com o Russel Crowe, na internet descobri que inúmeros outros também usaram a kasbah de Aït Benhaddou como locação: Sodoma e Gomorra (épico de 1963), O Homem que Queria Ser Rei (com Sean Connery), Jesus de Nazaré (1977), Marco Polo (1982), A Última Tentação de Cristo (1988), A Múmia (1999), Alexandre (2004) e Prince of Persia (2010), só para ficar nos mais conhecidos.


Embora seja um lugar obviamente muçulmano, o clima de cidade da Antiguidade é evidente. À distância, a vista é sempre mais bonita, aliás...

Comentários

Anônimo disse…
Nossa! Esse é um dos tipos de paisagens mais perfeitas que existe, pra mim, o ''clima de cidade da Antiguidade'' é o melhor..

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