Berlin - continuando

Após o almoço, chamou-nos a atenção umas lojinhas vendendo bugigangas da antiga Alemanha Oriental. Entramos, olhamos de tudo um pouco, mas compramos muito pouca coisa. Eu aproveitei para levar uma camiseta bem legal, que uso até hoje para sair, mas que não tem a ver com comunismo. O que mais se vende nessas lojinhas são chaveirinhos com um símbolo da nostalgia que os alemães orientais têm da sua pátria comunista: a silhueta do homenzinho verde de chapéu que indicava a passagem dos pedestres no semáforo.

Ali perto vimos uma loja da Ferrari. Sim, uma concessionária da Ferrari em pleno centro de Berlin, com três “máquinas” à mostra. Embora a vontade fosse de levar algo um pouco maior, contentei-me em comprar só mais uma camiseta oficial – tão legal que o Rafael acabou comprando uma igual, hehehe.

Entramos ainda numa concessionária da Volkswagen do outro lado da rua, só para dar uma olhada nos lançamentos. Até que fiquei feliz de ver que aqui no Brasil, pelo menos nessa marca, temos quase os mesmos carros sendo vendidos, ao mesmo tempo em que lá na Europa, e não com anos de atraso, como na maioria das vezes acontece.

Um pouco mais para baixo e já estávamos, de novo, em frente ao Portão de Brandemburgo. Àquela hora, já estava apinhado de turistas. O tempo também começou a dar sinais de que mudaria, com umas nuvens bem negras no horizonte começando a se aproximar.

Dessa vez, pegamos a direção sul e andamos duas quadras, até o Memorial dos Judeus Mortos na Europa, a polêmica obra entitulada "Topografia do Terror", que colocou dezenas de pilares de concreto enfileirados num labirinto que tem como objetivo fazer a pessoa se sentir perdida ou sozinha quando ingressa no seu interior.

A obra ocupa uma quadra inteira e é aberta ao público, como uma praça normal. Ela tem, ainda, a peculiaridade de ter sido construída no mesmo lugar em que ficava o prédio da Chancelaria de Hitler, antes do final da Guerra. O lugar é realmente impressionante e diferente de tudo que já vi. A toda hora eu escutava gente conversando sobre o significado de tudo aquilo.

Áquela hora, a coisa já estava preta (no céu). Fomos andando em direção ao Parlamento e, com a proximidade do temporal, decidimos pegar o ônibus da linha 100 (que todo mundo recomenda, porque passa na maioria dos pontos turísticos) para ver um pouco da cidade a partir de um lugar protegido contra a chuva que se anunciava.

Tomamos o ônibus no sentido que leva ao lado ocidental da cidade. Já estava bem cheio (todo mundo deve ter tido a mesma idéia), mas logo conseguimos lugares para sentar. Fomos cruzando todo o Tiergarten e nos preparamos para umas fotos relâmpago do castelo de Bellevue e do famoso obelisco dourado com um anjo em cima que fica no centro do parque (Siegessäule), no meio de uma rótula.

Eu nem sabia que ficava no caminho, mas de repente se apresentou ao meu lado aquela famosa igreja parcialmente destruída na Guerra, que foi transformada em um memorial, sem que se tenha consertado a torre principal, propositalmente. Era a Igreja Memorial do Kaiser Guilherme, da qual temos apenas essa foto meio sem graça, já que não voltamos mais até lá.

Com o ônibus se aproximando do final de sua linha, na estação do Zôo, e a chuva começando, decidimos descer e pegar o metrô de volta para o albergue, para dar uma descansada e, quem sabe, voltar a fazer alguma coisa mais tarde, quando a chuva parasse.

Observação: a estação do Zôo é famosa no mundo inteiro por causa de um filme (baseado num livro) ao qual já fiz referência aqui no blog: Christiane F, 14 anos, drogada e prostituída. Em alemão, o nome dessa obra é “Wir Kinder von Bahnhof Zoo”, ou seja, “Nós crianças da estação do Zôo”. Era lá que menores de idade se reuniam para se drogar à noite, para praticar pequenos furtos e até mesmo se prostituir, no final dos anos 70 até o início dos 80. O lugar era também “o centro” de Berlin Ocidental.

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