Berlin - Copa, Muro e Knut

Nossa terceira manhã em Berlin começou cedo, com um bom café da manhã e um tempo aberto, igual ao da primeira manhã de passeios.

Como não tivemos tempo suficiente para fazê-lo na volta de Potsdam, como planejado, decidimos ir visitar o Estádio Olímpico de Berlin por primeiro.

O estádio, que também foi a sede da final da Copa de 2006, tem muita história. Foi nele que se realizou a mais polêmica Olimpíada de todos os tempos. Os nazistas tiraram proveito político dos jogos pela primeira vez na história, naquela ocasião, mas o fato que mais foi lembrado após o término da competição foi a recusa do líder nazista em entregara medalha de ouro ao negro americano Jesse Owens, vencedor dos 100m rasos contra as expectativas dos alemães.
A visitação não é gratuita - paga-se uma taxinha de alguns euros para entrar no estádio como visitante, tendo acesso às arquibancadas e ao local onde ficava a tocha olímpica. Pode-se ver ainda outros elementos do estádio, como um pesado sino de bronze, e placas comemorativas. O interessante é que todas as menções a Hitler foram apagadas ou disfarçadas. Suásticas nazistas, por exemplo, receberam apliques de solda que as transformaram em quadrados. As placas com menção ao então ditador foram retiradas, restando apenas as que indicam os vencedores de cada modalidade.

O estádio abriga uma lojinha do Hertha Berlin, time que o usa como sede. Aproveitamos para comprar algumas camisetas e outros badulaques por ali.

Na entrada (e saída) do estádio, há dois pilares bastante altos que servem de base para cabos que sustentam anéis olímpicos - muito massa. A estação de S-Bahn ao lado foi super ampliada para o movimento da Copa de 2006, mas hoje parece meio abandonada.

Do estádio nos dirigimos à estação Warschauer Strasse, a mais próxima do maior trecho do Muro de Berlin ainda em pé. Nesse trecho, ao longo do rio Spree, o resto do muro original tem uma extensão de pouco mais de 1km e serve de galeria para grafiteiros. O lugar ficou até conhecido como "East Side Gallery". Nenhuma das pichações é original da época, porque do lado oriental as pessoas não podiam se aproximar do muro - havia uma zona proibida de cerca de 30m, guarnecida por vigias, arames e outras defesas, na qual a pessoa podia ser prontamente abatida caso ingressasse indevidamente.
É estranho estar perto de um "objeto" como aquele, tão famoso e que significou tanta coisa para a cidade. Hoje, fica meio deslocado ao lado de uma movimentada avenida, cheio de partes destruídas e com alguns turistas lá e cá brincando de escalá-lo...
Logo ao lado da estação por onde chegamos para a visita, fica a ponte de Oberbaum, essa com as torres avermelhadas, que ficou famosa por servir de ponto de negociação para a troca de presos políticos por espiães presos pelo adversário.
Do muro, voltamos para o albergue para ajeitar umas coisas e nos preparar para a parte da tarde. Começaríamos pelo zoológico e depois nos dividiríamos: eu e o Diego iríamos até a Polônia, para um passeio rápido, e os demais ficariam na cidade, para ir no Museu Egípcio e fazer o que mais desse tempo.

Chegamos em frente ao zoológico e tratamos, primeiro, de arranjar alguma coisa para comer. Lancheria é o que não falta naquela parte que é o centrão de Berlin Ocidental. Em seguida, fomos para a fila do zoológico comprar os ingressos. O Rafael e o irmão dele não quiseram, por isso saíram fazer compras no Sony Center, que fica ali pertinho.

Nosso objetivo no zoológico era ver o Knut, o ursinho polar órfão que, na época, era a atração mais comentada da cidade. Pagamos uns bons 11 euros para isso, assim como outros milhões de pessoas que fizeram a mesma visita enquanto o urso estava lá.
As aparições do Knut duravam pouco mais de uma hora e ocorriam duas vezes por dia. O tratador (recentemente encontrado morto) saía com o bichinho para uma área aberta, com rochas e água, de onde crianças, turistas e a imprensa podiam vê-lo brincando para lá e para cá.

Como era muita gente, havia uma fila e grupos iam passando até o local, onde ficavam por cerca de 20min, para então dar lugar às próximas centenas de pessoas.

Até hoje brincamos que, naquela época, ir a Berlin e não ver o Knut era como ir a Roma e não ver o Papa!
Além dos ursos polares, o zôo de Berlin tem muitos outros animais, de tudo quanto é canto, sendo digno de uma visita - mesmo sem o Knut. Vimos hienas, elefantes, flamingos, águias americanas, pandas, rinocerontes e mais um monte de animais e ambientes muito bem cuidados, num dos zoológicos urbanos mais antigos do mundo.

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