De Santa Maria a Uruguaiana

Faltava pouco mais de um mês para a minha formatura. Enquanto todo mundo estava arrancando os cabelos por causa do trabalho de final de curso, eu, com a monografia já pronta para a defesa, “desempregado” depois de ter “terminado” um estágio num escritório que não tinha planos de ficar comigo depois de formado, estava decidido a fazer uma viagenzinha de cerca de uma semana a Buenos Aires e Montevideo.

Lembro ainda das caras curiosas e assustadas de alguns colegas quando perguntavam porque eu estava indo para lá e o que faria, afinal, em Buenos Aires.

Numa quarta-feira ao meio-dia, mês de novembro de 2003, embarquei num ônibus da Ouro e Prata que faz o trajeto entre Santa Maria e Uruguaiana. Para quem conhece, sabe o que isso significa. Umas seis horas numa estrada quase reta, sem nenhum atrativo para ver, sem ar condicionado ou mesmo TV no ônibus. Para piorar, ainda tinha que trocar de ônibus em São Francisco de Assis, porque na época ainda havia um trecho de terra perto de Manoel Viana, no qual a empresa não gostava de colocar seus “melhores ônibus”.
Santa Maria

O ônibus da Pluma que faz o trajeto São Paulo – Buenos Aires, que era o que eu pretendia tomar, só vendia passagens para embarque em Porto Alegre (a 300km a leste de Santa Maria) ou em Uruguaiana (a uns 400km a oeste). A opção intermediária seria embarcar em São Gabriel, a uns 150km de Santa Maria, quando o ônibus para para jantar (olha o que essa reforma ortográfica fez conosco: “para para”).

Só que, para embarcar em São Gabriel, a pessoa tem que comprar a passagem desde Porto Alegre, o que deixava a passagem quase o dobro do preço. Resultado: liguei e consegui que um conhecido comprasse a passagem para mim lá em Uruguaiana, deixando combinado que, quando chegasse lá, pegaria com ele (ou a família).

Bom, mas voltando à minha viagem, cheguei em Uruguaiana no horário marcado, pouco depois das 18hs. Li quase inteira a “Comédia da Vida Privada” do Veríssimo na viagem – empréstimo de um colega que não poderia ter caído melhor para aquelas horas de estrada.

Em Uruguaiana, um conhecido meu, o Cláudio, e um amigo seu, estavam me esperando para me levar à casa da família do Guilherme, que havia comprado minha passagem, mas que estava viajando naquele dia. Meu ônibus só sairia por volta das 1h da manhã, por isso o pessoal propôs de jantarmos juntos em algum lugar no centro da cidade.

Comemos uma pizza, tomamos uma cervejinha, e lá pelas 22hs fomos para a rodoviária, de onde ele me deixariam e iriam embora. Na estação, fui direto falar com o pessoal da Pluma, para saber se estava tudo ok e se o ônibus chegaria na hora. Aí que tive uma ótima notícia: haveria um ônibus extra saindo praticamente vazio para ficar de reserva em Buenos Aires, dali meia hora, e se eu quisesse poderia ir junto, usando a mesma passagem. Não tive dúvidas: avisei aos guris, que ainda estavam por ali, e me fui, feliz da vida.

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