Luxemburgo - tensa despedida

Apesar do pouco tempo que passamos na cidade – pouco mais de 24 horas – sentimos que vimos o que havia de mais interessante. Ninguém se arrependeu de ter incluído a cidade no roteiro, ainda que não tenhamos conhecido a vida noturna, que dizem ser bem legal. Todos ficaram surpresos com a beleza daqueles vales verdinhos cheios de pontes e fortalezas por todos os lados, com a tranqüilidade e a beleza do lugar e com a riqueza que se via por todos os lados.

Luxemburgo, porém, acabou sendo o palco do momento mais tenso de toda a viagem – e talvez um dos mais tensos pelos quais eu já tenha passado em qualquer mochilão.
Quando chegamos na estação de trem, vindos de Bruxelas, decidimos deixar as mochilas grandes na estação e sair só com as pequenas, para, caso não gostássemos da cidade, voltar e seguir viagem para outro lugar, talvez parando em alguma cidade a caminho de Paris.

Por isso mesmo, não deixamos compradas as passagens de trem para o dia seguinte. Na chegada do albergue, enquanto fazíamos o check in e depois de já estarmos decididos a ficar na cidade até o dia seguinte, o Rafael perguntou meio informalmente se havia trens a toda hora para Paris e se era tranqüilo deixar para comprar na hora. Segundo ele, a moça da recepção falou que havia um trem saindo por volta das 13h30 e que era raro faltar passagem.

Um pouco antes das 13hs, eu e o Diego chegamos na estação. Os outros três estavam demorando um tanto e, lá pelas tantas, decidimos ir ver se, afinal, havia trens em horários tranqüilos para viajarmos para Paris. Foi aí que bateu o desespero.

Não havia trem algum indo para Paris por volta das 13h30. O único serviço direto que sairia naquela tarde era lá pelas 17hs, o que significava chegar em Paris por volta das 20h30. Isso significaria que o vôo do Diego para Toulouse (onde ele visitaria um amigo antes de voltar ao Brasil) já teria partido e que nós, que seguiríamos para o Brasil, provavelmente estaríamos nos apresentando para embarcar a menos de meia hora para a decolagem do vôo. Acho que todo mundo sabe que, em vôo internacional, o certo é se apresentar 2 horas antes, sob pena de passarem a fila de espera na sua frente!

Nossa primeira atitude foi ligar para os guris para mandá-los vir imediatamente à estação. Em menos de 5 minutos, eles já estariam chegando. Enquanto isso, eu peguei um mapa, olhei para todos os lados possíveis e entrei numa fila de um serviço de informações sobre trens para traçar uma estratégia.

Conversando com o cara que me atendeu e olhando nas escalas de horários de trens, acabei descobrindo um trem que saía para Metz, na França, de onde seria mais fácil seguir para Paris. O cara do atendimento concordou que seria a melhor opção, mas fez um alerta que nos deixou apavorados: o trem que ia para Metz vinha de Bruxelas e normalmente estava atrasando. Segundo ele, em 50% das vezes, o tal atraso de cerca de 10 minutos ocorria e, com isso, seria impossível fazer a conexão com um trem de alta velocidade que saia de Metz para Paris, com uma única parada.

Esse trem era nossa única chance de chegar a Paris a tempo de pegar nosso vôo e do Diego pegar o dele. Mas essa única chance estava condicionada à não ocorrência de um atraso que já era perfeitamente previsível.

Conversamos, exaltados, até discutimos um pouco, mas chegamos à única conclusão possível: de que tínhamos que comprar aquelas passagens e apostar na nossa única chance.

Entre a compra das passagens e a espera, o Diego meio que perdeu as esperanças e começou a falar em largar tudo e ir para o aeroporto de táxi, sozinho, tentar um vôo para Paris ou para Toulouse. Depois de umas quatro tentativas, consegui convencer ele de que o melhor meio para chegar a alguma cidade francesa era, primeiro, ir à França conosco. O máximo que poderia acontecer seria ele ter de arranjar um jeito para ir a Toulouse a partir de Metz, caso perdêssemos o segundo trem.

A espera foi longa, em razão da tensão. Mas o trem chegou. Só que chegou exatamente na hora em que deveria partir. Ou seja, chegou, quando já deveria estar saindo. Ficou uns 10 minutos parado, para deixar passageiros e fazer o embarque de outros. Exatamente os 10 minutos de atraso sobre os quais tínhamos sido alertados na estação.

A viagem até que passou ligeiro. Em alguns minutos, já estávamos saindo de Luxemburgo e entrando na França. Paramos em umas duas estações numa tal de Thionville e logo estávamos chegando em Metz. Foi aí que, milagrosamente, ouvi saindo do sistema de informação por áudio a frase em francês de que “os passageiros com destino a Paris” teriam que fazer uma “correspondance immediate” com o trem que estaria na plataforma ao lado daquela na qual chegaríamos dali a alguns minutos.

Aí foi só alegria. O alívio foi total. Efetivamente, minutos depois, estávamos saindo de um trem para entrar noutro, a menos de 2m, e saindo dentro de 2 minutos com destino a Paris.

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