Delos

Delos é uma pequena ilha no centro das Cíclades, pertinho de Mykonos, que era o centro religioso mais importante da Grécia clássica. Ali, segundo a mitologia, nasceram os deuses Apolo e Artêmis, depois que Leto, amante de Zeus, foi amaldiçoada por Hera. Poseidon teria feito a ilha emergir do mar para que Leto pudesse ter seus filhos e assim o lugar se tornou um centro de adoração.

A ilha foi também muito importante política e comercialmente entre os anos 700AC e 100DC, quando concentrava boa parte dos comerciantes entre a Grécia (e depois o Império Romano) o oriente. Sua decadência começou a ocorrer um pouco antes de Cristo, quando passou a ser alvo de saques e pilhagens promovidos por invasores estrangeiros e piratas.

Hoje em dia, toda a ilha é protegida e ninguém pode sequer dormir lá. Passeios de barco de 30 minutos a partir do porto velho de Mykonos são o único jeito de chegar até lá. Fica-se normalmente de duas a seis horas na ilha, sendo que a passagem de ida num barco vale como passagem de volta em qualquer outro barco credenciado para atuar nessa linha.

Não há árvores na ilha e nem qualquer outra forma de sombra, a não ser nos prédios da administração, do museu e nas lojinhas de souvenirs perto do porto. Por isso, é importante levar protetor solar, chapéu e água.

Apesar de dois dias bem feios em Mykonos, na manhã em que levantamos para viajar a Delos, fomos gratificados com um belo dia de céu azul e temperatura agradável, na casa dos 18°C. O único problema é que o vento, que de manhã estava calmo, acabou se tornando mais forte com o passar das horas, de modo que nossa viagem de barco no retorno acabou sendo uma experiência meio desagradável, com coisas caindo ao nosso redor e algumas pessoas começando a passar mal.

Passamos cerca de três horas na ilha, muito bem aproveitadas. Escolhemos um percurso que tomaria cerca de duas horas e pouco (há vários bem explicados no folheto que se ganha na entrada do parque arqueológico) e nos pusemos sem guia nem nada a localizar e conhecer os pontos mais interessantes.

As casas dos antigos nobres que habitavam na ilha são um dos primeiros pontos a conhecer. Uma delas é conhecida como a casa de Cleópatra (nada a ver com a rainha egípcia) porque nela há uma estátua com esse nome inscrito na base.

Outra casa famosa é a dos delfins, pois até hoje sobrevive um mosaico com delfins, o símbolo da ilha, no piso da casa em ruínas.

Uma mais bem conservada é a casa dos artistas, assim referida porque as paredes e o piso tem desenhos e mosaicos com máscaras de teatro, uma referência ao trabalho dos prováveis habitantes.

Há um antigo teatro grego em semicírculo quase inteiro e vários templos, num setor mais alto da ilha. Alguns são dedicados curiosamente a deuses egípcios e romanos, que iam sendo incorporados à religião grega à medida que estrangeiros vinham habitar na ilha ou depois que pessoas os conheciam em viagens.

No museu, estão preservados algumas peças originais substituídas por réplicas do lado de fora, como os famosos leões de Delos (que estão mais para cães vira-latas, já que os gregos não conheciam leões de verdade). Há também estátuas de deuses e objetos de uso cotidiano, como vasos e pratos.

Poucas construções estão com paredes ou colunas em pé e muitas das que estão foram reconstituídas nos últimos 100 anos. A ilha ficou abandonada por muito tempo e muita gente das redondezas vinha pilhar o que restou, até mesmo levando pedras e mármores para fazer construções em outros lugares.

Não chegamos a conhecer o setor onde fica o hipódromo, porque esse fica mais longe e só se consegue alcançar nos percursos mais extensos – e no nosso caso não haveria tempo suficiente porque o último barco sairia às 14h naquele dia, justamente por causa do vento.

Depois de romantismo em Santorini e hedonismo em Mykonos, Delos é uma boa escapada cultural (e esportiva, porque tem que caminhar bastante) no meio das ilhas gregas para quem estiver mochilando por lá.


Comentários

Bia disse…
Boa dica, tenatrei visitá-la!

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