Malvinas






A Guerra das Malvinas, travada entre a Argentina e a Inglaterra em 1982, ainda está muito presente na mente dos argentinos, que têm como objetivo constitucional (sim, escrito na Constituição) o dever de recuperar a plena soberania sobre as ilhas Falklands (ou Malvinas). O detalhe: a constituição é de 1994, bem depois da derrota sofrida por eles.

Existem um feriado e dias nacionais dedicados à memória daqueles que perderam a vida no breve conflito com a superpotência, que os humilhou afundando inclusive um porta-aviões que tinha uma função muito mais simbólica e cerimonial do que de combate. A maioria dos soldados que perderam a vida lá vinham de províncias mais pobres, ao norte do país, e sequer estavam acostumados com o frio. Muitos morreram de complicações respiratórias e de doenças relacionadas ao frio, além de terem enfrentado problemas com falta de alimentos, vestuário adequado e logística.

Quase toda capital argentina ou cidade importante tem algum memorial numa praça pública ou rótula de avenida com os nomes dos caídos na guerra, além de haver algumas placas no meio do nada reafirmando que as ilhas são argentinas. 

Em Buenos Aires, o memorial fica na Plaza Libertador San Martín, perto da estação ferroviária e rodoviária do Retiro.
Ali, é possível ver um memorial com nomes de soldados, uma grande bandeira argentina tremulando e os símbolos das provínicas do país que enviaram militares para o conflito.

Quando visitei o lugar em março de 2008, ainda pude ver uma exposição de fotos dos restos ainda existentes dos tanques, das armas e até de roupas de militares em áreas não habitadas das ilhas Malvinas, tiradas por um fotógrafo jornalístico do Clarín. Algumas eram realmente bastante marcantes.
Os sentimentos em relação à guerra são mistos: alguns entendem que é uma questãod e orgulho nacional a recuperação da soberania e que foi a falta de competência dos governantes e a ausência de ajuda das nações vizinhas que conduziram à derrota, que não seria merecida. Outros veem na guerra um engodo da ditadura, que estava caindo e inventou esse fato para desviar a atenção da população para um objetivo comum, de inimigo externo.

Seja como for, a relação com a Inglaterra ficou bastante estremecida. E, curiosamente, a Torre de los Ingleses, essa bela construção de tijolos à vista com um relógio no topo, que fica bem na frente do memorial das Malvinas, teve de mudar de nome: agora se chama Torre Monumental.

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