Taksim e despedida

Na nossa última noite de viagem, um sábado, decidimos sair jantar e conhecer a região mais central da parte nova de Istanbul, os arredores da praça de Taksim.

O táxi deu umas boas voltas para chegar até o lugar, porque o trânsito fica interrompido nas noites de final de semana em boa parte da ruas do centro, que ficam cheias de gente andando para lá e para cá até altas horas.

Quando descemos, bem no olho do furacão, ainda levamos uns bons minutos para conseguir atravessar a rua ao redor da rótula central da tal praça, tal era o movimento de carros e táxis por ali. A primeira impressão foi a de uma muvuca gigantesca - uma saída de jogo de futebol ou uma chegada para um show.

Como não conhecíamos muita coisa nem tínhamos nos informado sobre onde comer, pela primeira vez na viagem fizemos uso de uma lanchonete de franquia internacional: um Burger King bem em frente à praça. (Meses depois, já no Brasil, vi o mesmo lugar numa foto de internet mostrando um atentado em que uma mulher bomba se explodiu na frente dessa lanchonete, ferindo 36 pessoas - chocante para quem esteve lá.)

Já jantados, saímos para conhecer a região.

A coisa funciona mais ou menos assim: as pessoas saem à noite para verem o movimento, ficam andando para lá e para cá e apenas quem tem um pouco mais de dinheiro efetivamente pára e senta em algum bar ou restaurante para conversar (em sua grande maioria homens). Os demais, muitas vezes famílias inteiras, com crianças, ou amigos idosos, ficam só perambulando pelas ruas com o trânsito fechado.


Até existem alguns lugares com música eletrônica mais agitada, alguns bares vendendo bebida alcoólica, mas a maioria do pessoal mesmo fica só tomando refrigerante ou chá.

Segundo soubemos, todos os artistas da TV e do cinema turco moram naquela região e não é difícil encontrar algum deles (como a fama é relativa, isso fica um pouco prejudicado para quem vem de fora...).

Tomamos algumas Efes, a cerveja mais vendida do país, assistimos umas musiquinhas folclóricas sendo tocadas ao vivo numa espécie de café com ares intelectuais, depois trocamos para um bar-restaurante com mesinhas do lado de fora e lá pelas 2h da manhã demos por encerrada a noite.

A dificuldade para conseguir um táxi na hora de ir embora daquela região é impressionante. Primeiro, por causa das filas gigantescas de congestionamentos que se formam, deixando os carros parados por vários minutos. Segundo, porque dependendo de onde a pessoa quer ir, o taxista não aceita a corrida, dizendo que é muito perto. No nosso caso, tivemos de oferecer um pouco mais do que seria devido pela distância para conseguir entrar num carro.

O taxista, completamente pirado, lacrou o som no volume alto e depois que se liberou do congestionamento, corria feito louco pelas avenidas maiores, fazendo ziguezague achando que estava agradando, enquanto gritava algumas frases sem sentido num inglês meio tosco.

Dando graças a Deus (ou a Alá) por termos chegado vivos no albergue, foi só cair na cama e aproveitar aquele ar condicionado que fez do Cheers Hostel um lugar bem melhor para se ficar em nossa opinião.

Na manhã seguinte, depois do café da manhã simplinho do hotel, chamamos um táxi para nos levar até o aeroporto.

Sem correrias, com o check in já feito e a bagagem despachada no dia anterior, ainda fizemos um reforço no café da manhã no aeroporto antes da migração e pudemos passar para a área de embarque com tranquilidade. Lá conhecemos um brasileiro que está terminando o curso de diplomacia (mas que já tinha passaporte diplomático) que estava voltando de uns dias no Irã, com quem trocamos uma ideia a respeito de viagem.

Na hora de embarcar efetivamente, uma grata surpresa: um avião ainda melhor do que o da vinda (um Boeing 777 todo pintado com os emblemas do Manchester United, com mais espaço nas poltronas e telas de LCD no entretenimento individual ainda maiores). Foi o melhor voo que já fiz em matéria de conforto (nunca voei de executiva!), e só não foi perfeito por causa de um casal mala que ficava brigando entre si ao meu lado e que tanto encheu o saco que acabei cedendo meu lugar no corredor em troca da janela, porque a mulher reclamava que era difícil me acordar para ir ao banheiro...

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