Um pulinho na Ásia

Já na hora de arrumar as malas em Zagreb, tomamos uma decisão inteligente: despachar os mochilões maiores direto para São Paulo e passar a noite que teríamos em Istanbul apenas com as mochilinhas menores de passeio - uma muda de roupa, necessaire só com produtos pequenos que poderiam ser embarcados na cabine do avião e documentos.

Como seriam apenas umas 20 horas na cidade turca, até o voo para o Brasil no dia seguinte, não valia a pena todo o transtorno de ficar esperando as mochilas na demorada esteira do aeroporto de Istanbul, para no dia seguinte ter de encarar novamente uma fila de check in para despachar a bagagem. Como estaríamos com os cartões de embarque já certos até nosso destino final, em Porto Alegre, era só chegar na hora do voo sair e fazer a imigração rapidinho.

Antes de pegar o voo em Zagreb, contudo, ainda tínhamos uma missão quase impossível: nos livrar das kunas, o dinheiro croata, que não serviriam para nada fora do país e que dificilmente conseguiríamos trocar em outro lugar. Havia apenas uma casa de câmbio, que não tinha câmbio (!!!), apenas notas de 500 euros (!!!) e uma agência de um banco estatal, onde havia uma fila de mais de meia hora até que fôssemos atendidos.

Dividimos e enquanto uns iam cuidando de comprar algo para comer ou verificando a que horas abria o check in, outro ficava na fila do banco.

No final, deu tudo certo. Fizemos o check in e despedimo-nos das mochilas até o Brasil. O voo atrasou uns 20 minutos, mas assim como na ida, no trecho entre Istanbul e Sarajevo, o avião era de ótima qualidade, com entretenimento, comida boa e farta e bastante organização.

Desembarcamos em Istanbul com a alegria de quem não tem bagagem para pegar. Corremos até a fila da imigração e em 15 minutos já estávamos liberados para ir para o albergue - o mesmo da vinda, chamado Cheers Hostel.

Pegamos um táxi (R$ 35 euros e 120km/h de muitas emoções até Sultanahmet) e em meia hora já estávamos fazendo nosso check in, agora num quarto privativo para quatro pessoas, com ar condicionado e acesso ao banheiro melhor do andar de cima (tudo muito diferente do calorão que passamos quando chegamos na Turquia na primeira vez, no andar de baixo do albergue).

Já chegava perto das 18h quando nos liberamos para dar alguma volta ainda com o dia claro. Desde a Croácia, vínhamos discutindo se faríamos um passeio num banho turco ou se iríamos dar um pulo do lado asiático da cidade. Venceu a segunda opção, embora o Diego e o Rafael já tivessem ido para o outro lado nos dois dias de antecedência com que chegaram a Istanbul, no início do mochilão.

Pegamos um bonde da estação próxima ao albergue e descemos até o porto de onde saem os barcos para a Ásia, em Eminönü. O valor da passagem, que é comprada numas maquininhas que dispensam uma ficha como comprovante, não é maior do que R$ 1,50 por pessoa e a vista imperdível da cidade a partir do estreito de Bósforo vem toda de graça.
Antes de embarcar, compramos uns sanduíches feitos na hora com peixe frito na frente do cliente, com um pão parecido com o francês, cebola e alface, sem nenhum condimento. Os barquinhos que vendem esses sanduíches (na foto acima) ficam flutuando e os caras ainda brincam de malabarismo enquanto montam o sanduba para os clientes.

Há barcos com intervalos de no máximo 30 minutos entre um e outro, indo e vindo em direção a Üsküdar, do lado asiático de Istanbul. Assim que embarcamos, embora o tempo não estivesse dos melhores, pudemos ter um pouco da noção da cidade como um todo.

Dolmabahce
Torre Galata
Já do lado asiático (minha primeira vez naquele continente, e única até hoje), andamos um pouco para o lado de um beco sem saída que tem um mirante com uma vista legal da Ponte do Bósforo, que liga Europa e Ásia (foto abaixo).
Não fizemos mais do que tirar umas fotos por ali.

Na hora em que decidimos avançar um pouco "no outro continente", o movimentado estava pegado. Era carro e moto e gente para tudo quanto é lado, com taxistas chamando clientes e uma muvuca bem diferente daquilo que se vê do lado europeu de Istanbul.
A algumas quadras do porto de Üsküdar, encontramos um MacDonald's e logo ao lado uma InterSport (que na Europa não tem nada a ver com as lojinhas licenciadas do Inter de Porto Alegre, registre-se de passagem).

Como não tínhamos planejado nada para fazer do lado asiático, a não ser o simples fato de ir até lá e poder fazer o passeio "panorâmico" de barco, nos pusemos a buscar algumas ofertas que havia em tênis e material esportivo. Garantimos assim uma opção já para usar à noite, numa saída que pretendíamos dar no centro moderno de Istanbul, no Taksim.

Passamos um pouco de dificuldade na comunicação, mais do que em qualquer outro lugar onde já estive, para conseguirmos conversar com os vendedores. É impressionante, mas a imagem que fica é a de que do lado asiático ninguém fala inglês nem entende nada, já que pouquíssimos turistas vêm até lá.

Já com as compras feitas e com as passagens compradas de volta para Eminönü, também pudemos ver outra característica do lado asiático: a quase absoluta inexistência de lugares vendendo bebida alcoólica, ao contrário da região turística de Sultanahmet.

Até mesmo o número de mulher com trajes tradicionais e véus cobrindo os cabelos era bem maior daquele lado, dando uma breve introdução do que deve ser um país muçulmano de verdade...

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