Chegada em Marrakesh
Depois de um atraso de 2 horas e um voo de apenas 1h10,
chegamos ao aeroporto internacional de Marrakesh por volta das 14h, no horário
local. A primeira impressão da cidade, ainda lá de cima, foi a de um lugar bem
menos desértico do que eu imaginava: campos de oliveiras, conjuntos
habitacionais com piscinas e campos verdes ao redor da cidade, bastante
espalhada, foram as primeiras imagens que vimos – nada muito diferente da
Espanha.
No desembarque do avião, promoveu-se a típica correria em
direção aos guichês de imigração, mas a maioria das pessoas (inclusive nós) não
sabia que era necessário preencher um cartão de desembarque bastante extenso, à
caneta, e, é claro, sem canetas disponíveis. Depois de muito procurar,
encontramos uma em meio a uma das mochilas dos três integrantes do grupo e, um
a um, preenchemos os cartões.
As filas em cada guichê passavam de 30 pessoas e a demora
foi bastante grande; cerca de 40 minutos. O oficial da imigração que escolhi,
aparentemente, implicava bastante com os próprios cidadãos marroquinos de volta
ao país, exigindo sempre mais algum documento além daqueles que lhes eram
apresentados. Na minha vez, bem mal humorado, ele só me fez um gesto dizendo
que queria o cartão de embarque da Ryan Air que eu recebi lá na Espanha, antes
do voo, para conferir dados que preenchi.
Passei antes que o Harold e o Achilles e quando cheguei na esteira
de bagagens, que já estava desligada, minha mochila já estava lá. Recolhi e
voltei para esperar os demais, que ainda tardaram uns 10 minutos. Quando
finalmente passamos para o lado de fora da área de desembarque, tratamos de encontrar
caixas automáticos para sacar a moeda local, o dirham.
O dirham é cotado a mais ou menos 0,10 US$, ou seja, 10
dirhans por dólar. A moeda tem circulação restrita e é considerado crime levar
notas dela para fora do país sem autorização, por isso mesmo não vale a pena
sacar muito dinheiro de uma vez só. Muitos hotéis e agências de turismo aceitam
euros para pagar as contas e as gorjetas também são muito apreciadas se dadas
na moeda europeia.
Com o dinheiro na mão, tratamos de encontrar o transfer do
hotel, que tinha sido contratado depois de uma ligação do gerente para o meu
celular, naquela mesma manhã. Não gosto muito desse tipo de serviço, porque
geralmente é muito mais caro do que um ônibus e às vezes até mais do que um táxi,
mas considerando que a cidade velha é um verdadeiro labirinto, achei melhor não
dar sorte para o azar e depois sair reclamando de que ficamos horas com as
mochilas nas costas procurando o hotel no meio daqueles becos.
Em uns 25 minutos, cruzamos a avenida que leva do aeroporto
à Medina de Marrakesh e, depois de adentrar as muralhas (são 19km delas!),
entramos numa pracinha bem muvucada de onde deveríamos seguir a pé, sob a
orientação do motorista.
Naquele momento, o choque inicial coma verdadeira Marrakesh
veio com toda a sua força: ruelas apertadas, algumas até cobertas por uns
tapumes para proteger do sol forte e da chuva, scooters indo e vindo no meio
das pessoas, burros de carga levando mercadorias, mulheres usando roupas que só
deixam os olhos de fora e homens usando mantos com capuzes tradicionais, tudo
em meio a um comércio formal e informal que vai desde carne a eletrônicos, com
uma mercadoria ao lado da outra.
Foram apenas uns 80m entre o ponto em que desembarcamos da
van até a entrada do Riad (um tipo de hotel tradicional que é o mais utilizado
em Marrakesh, onde reservamos nossas quatro noites), mas já o suficiente para
uma prévia do que teríamos pela frente.
Chegando no Riad, uma recepção bem amistosa, com direito a
chá de menta, doces típicos e explicações sobre a cidade nos esperava, logo
depois de deixarmos nossas coisas no quarto triplo, que já estava arrumado para
nós.
Enquanto estávamos preenchendo os formulários de check in e
de registro no terraço do hotel, o som que se repete 5 vezes por dia em
qualquer cidade muçulmana começou a ecoar de diferentes cantos da cidade: o
chamado dos muezins para as orações. Intenso.
Piscina no centro do Riad Lena
Terraço do Riad
Chá de menta e doces de amêndoas
Quarto triplo no Riad - estreito mas confortável
A impressão é de que caímos de paraquedas em outro planeta e
uma certa sensação de espanto e inquietação tomou conta de todo mundo. Nem
mesmo na Tailândia tive esse choque inicial tão grande, e isso só iria aumentar
logo em seguida, quando nos pusemos a fazer nossa primeira caminhada pela
cidade.
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Um abraço.