Essaouira - uma das 10 cidadezinhas mais bonitas do mundo (?!)
Exagero ou não, fato é que eu estava lendo neste final de
semana que passou umas matérias na CNNGo, um portal da CNN especializado em
dicas de viagens dos correspondentes internacionais, e, numa lista das 10
cidadezinhas mais bonitinhas do mundo, encontrei a marroquina Essaouira, que
conheci em abril deste ano.
Essaouira é uma cidade pequena, com cerca de 70 mil
habitantes, mas com muita história.
Antigamente, era conhecida como Mogador, nome da ilha que
fica em frente ao seu porto. Na época do Império Romano, depois de ser esgotada
a produção de púrpura pelos fenícios, Mogador transformou-se no maior centro de
produção desse corante natural. A púrpura era extraída de bichinhos que vivem
dentro de conchas marinhas e era o que dava a cor púrpura aos mantos dos nobres
romanos. Era muito apreciada por ser uma coisa muito rara e por ficar cada vez
mais brilhante com o uso da roupa e com a exposição ao sol.
No século XIV, foi conquistada pelos portugueses, que a
usavam como ancoradouro nas grandes navegações. Posteriormente, no século
XVIII, os franceses assumiram o controle do Marrocos e da cidade, dando-lhe o
aspecto atual.
As muralhas que circundam o centro histórico de Essaouira,
na verdade, são obra de arquitetos militares franceses, sendo o projeto
parecido com aquele que foi executado em Saint Malo, na costa da Normandia.
Desde 2009, Essaouira é tombada como Patrimônio da
Humanidade pela UNESCO, pelo conjunto que seu centro histórico medieval forma
com a arquitetura colonial.
Essaouira é um lugar bem legal para um passeio de um dia,
mas não oferece muito mais do que paisagens legais e um pequeno centro histórico. É um lugar para relaxar, dar umas caminhadinhas, curtir a brisa do mar e o silêncio depois da muvuca de Marrakech. Chegamos lá por volta do meio-dia e fomos direto almoçar, mas lá pelas 5 da
tarde já estávamos satisfeitos com a cidade.
As melhores atrações da cidade são as muralhas (é possível
subir numa parte delas, inclusive ter acesso aos canhões que ainda existem) e o
porto, onde há pescadores indo e vindo e gente vendendo frutos do mar frescos
para os restaurantes e para os moradores locais.
A impressão que se tem de Essaouira é a um de oásis no meio
do deserto, porque não há quase nada ao seu redor. A cidade evoca ainda alguma
coisa da época da escravidão, pela ligação que teve com o Império Português.
Para que curte esportes de praia, a cidade é muito boa para
fazer kitesurf. Chega a ser conhecida como a “cidade dos ventos”. O mar é bem
agitado e a água um tanto fria, por isso não se vê muita gente nadando (Agadir,
uns 150km ao sul, tem fama de ter um mar melhor para banhos). Para quem ainda não
viu camelos, geralmente há alguns passeando pela orla, principalmente para
tirar fotos com turistas.
O restaurante onde almoçamos foi o Taros, bem na esquina da
praça Moulay Hassan e da rua que dá acesso à mesquita central. O lugar tem
comida muito boa, um astral bem legal, vende cerveja e ainda oferece a
oportunidade de comer em diferentes terraços a céu aberto, com vista da cidade,
do porto e da ilha. Acabou sendo uma das melhores experiências naquele país.
Para chegar ao trecho das muralhas onde estão os canhões, é
preciso cruzar boa parte da Kasbah, rente aos muros, até o ponto conhecido como
a Skala de La Ville. Não há controle de entrada e nem cobrança de ingresso para
subir – mas também não há nenhuma proteção contra quedas nas pedras lá embaixo.
A caminho do porto, fica a Skala Du Port, e ali é necessário
pagar uns 20 dirhams por pessoa para poder subir numa espécie de torre de
observação e para conhecer um museuzinho náutico da cidade.
O porto aparenta ser um local proibido para turistas, de
tanto vai e vem de gente trabalhando, mas não há problema algum em entrar lá. É
só cuidar para não atrapalhar ninguém e para não ser atropelado pelos carretos
carregados com pesca e por alguns carros que vão e vem daquele molhe principal.
As melhores vistas da cidade são justamente a partir do
porto, porque se vê o centro histórico, todo branco, rodeado pelas muralhas. Um
festival de pássaros sobrevoando a região e aproveitando os restos que os
pescadores lhes jogam complementa o cenário.
Na
hora de vir embora, matamos os últimos minutos num café na beira da praia,
chamado Côté Plage, do lado de fora da cidade histórica (veículos não passam
das muralhas). Ficamos ali, assistindo uma pelada de gente da cidade na areia,
pertinho do calçadão, e curtindo um solzinho, coisa rara por aqueles dias.
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