Praça Djema el Fna em Marrakesh


A praça Djema El Fna, como já falei no post anterior, é o centro de Marrakesh e a sua principal atração turística. O seu nome significa “Assembleia dos Mortos”, segundo a tradução mais divulgada, e se deve ao fato de que os executados tinham suas cabeças ali expostas na Idade Média.

A praça é, na verdade, um espaço aberto todo asfaltado, em meio à Medina, ao lado maior mesquita da cidade, a Koutoubia. É cercada por vendedores de frutas e castanhas, roupas, objetos de artesanato em metal e souvenirs e, a partir do pôr-do-sol, passa a ser ocupada por inúmeras barras de comidas típicas populares enfileiradas. Há também vários cafés com terraços que permitem uma vista mais ampla do conjunto.

Durante a maior parte do tempo, os espaços livres ficam cheios de encantadores de serpentes, contadores de histórias, videntes, faquires, ambulantes, dançarinos, cantores, tocadores de instrumento musicais típicos e domadores de macacos. Às vezes, até dentistas que arrancam dentes por ali mesmo podem ser encontrados.








A praça é popular tanto entre os turistas como entre os locais. Todos ficam assistindo às demonstrações e exibições dos que se apresentam em troca de algumas moedas – os turistas preferem aquelas que envolvam cobras, macacos e música; os locais ficam em volta dos contadores de histórias, dançarinos e videntes.

No Lonely Planet, li a melhor explicação para o lugar: estar na Djema El Fna é como se você entrasse numa TV com dezenas de canais de TV a cabo ao vivo, e ficasse zapeando de um canal para outro. Para cada lugar que se olha, tem um showzinho acontecendo, já em andamento.

O lugar é caótico, mas muito interessante. Dá uma certa ansiedade, inquietação ou sei lá o quê de ficar ali, porque é muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. O barulho de tambores batendo sem um ritmo muito musical, mas quase hipnótico, flautas sendo sopradas a todo volume e objetos como baquetas ou helicópteros de brinquedo sendo atirados para cima por todos os lados deixam a pessoa completamente envolvida. De vez em quando, uma moto em alta velocidade cortando caminho entre as pessoas serve como um despertador.

Assim que chegamos lá, caímos nessa sensação que dá um nó na cabeça e logo concordamos que deveríamos encontrar um café para comer alguma coisa (só tínhamos feito lanches no aeroporto e comido aqueles doces de amêndoa no hotel) e apreciar com mais calma a paisagem urbana de cima de um terraço.

Não escolhemos muito e logo subimos no Café de France – aquele que fica mais de frente para a Koutubia – e, depois de conseguirmos uma mesa, pedimos umas kaftas e umas esfihas para matar a fome.



A muvuca que continua a todo vapor e incessantemente lá embaixo lembra bem aquela cena do Indiana Jones em que um sujeito com uma espada se apresenta na frente dele e simplesmente é abatido por um tiro do revólver do herói americano.

Como tudo no Marrocos, olhou, tem que pagar; afinal é disso que os caras vivem naquela praça. Se tirar foto, então, os caras vêm tirar satisfação em troca de dinheiro. Para usar o banheiro do restaurante, tem que pagar. Se não quer comprar, não olhe – alguém virá encher a sua paciência até convencê-lo a levar alguma coisa. Andar sempre com trocados pequenos no bolso é a melhor dica (ninguém naquele país tem troco para nada).

À medida que se caminha na praça, o que mais se ouve são chamados de vendedores, que tentam adivinhar a sua língua pelo seu tipo de roupa ou pela sua cara. No nosso caso, a maioria arriscava um “hola” em espanhol, ou “Real Madrid!” e, se nos identificávamos como brasileiros ou se ouviam nosso português, começavam a dizer “Ronaldo, Ronaldo!”, “obrigado!” ou qualquer outra coisa tentando chamar a atenção. Teve hora em que não quisemos dar dinheiro para um velho e ouvi até um “Va fa’n culo” em italiano!

Muitos turistas jantam ali à noite, nas barracas armadas no centro da praça, que têm mesas com cadeiras e tudo mais para servir a refeição. Segundo os guias de turismo, aliás, é melhor comer nesses lugares, onde se escolhe o ingrediente e se vê a comida sendo feita na sua frente, do que nos cafés ao redor da praça, que têm a cozinha escondida. 

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