Marrakesh – tour pela Medina – Parte 2


Da região da Ben Youssef, fomos andando direto à parte da cidade onde fica o Palácio El Bahia, passando por ruelas que ficam atrás da praça Djema El Fna.

No caminho, encontramos até as ruínas do que foi, até a metade dos anos 1990, um cinema, ainda com cartazes dos últimos filmes que estavam passando na época – de certa forma uma imagem icônica, sobre o qual tinha lido no Lonely Planet Morocco que nos servia de base para as andanças pela cidade.


Sem nem saber como tudo tinha dado tão certo, de repente já estávamos na esquina na qual onde deveríamos dobrar à esquerda para entrar no Palácio Bahia, considerada uma das atrações da cidade.

O preço da entrada, de cerca de R$ 1,50, já indicava um pouco do que acabou sendo minha percepção em relação ao lugar – bem mixuruca.

O Palácio El Bahia (que significa “o Belo”) era a casa de um nobre local no século XIX, que chegou a ser Grão-Vizir no Reino do Marrocos, e que foi aberto à visitação do público.





Por mais que os guias turísticos da cidade se esforcem em descrever a grandeza do local e a beleza dos seus detalhes, acabamos achando tudo muito parecido e até mais sem graça do que já tínhamos visto pela manhã, na madrassa e no museu de Marrakesh. De qualquer forma, sempre há tours guiados de multidões de pessoas prestando atenção a todos os adornos dos pórticos, aos canais internos de água, às plantas ornamentais e às grandes piscinas no centro de alguns pátios – muitas delas em reforma.

Aqui, abro um parênteses: como eu já comentei em outros posts, a cultura islâmica não permite a representação de pessoas ou de animais, porque teme que eles se tornem objeto de adoração – o que só é devido a Deus. Por isso, há sempre o apelo a formas geométricas, desenhos abstratos e materiais que demonstrem riqueza. O problema é que isso acaba se tornando um tanto quanto repetitivo a olhos ocidentais e pode parecer um desperdício de tempo ficar conhecendo vários lugares parecidos.

Alguma coisa eu aprendi num livro chamado “A História da Vida Privada – volume 1”, que descreve como era a avida nas casas romanas e como essa tradição (pátios descobertos e amplos, rodeados de peças da casa) permaneceu viva nas regiões ocupadas pelos árabes, embora tenha sido preservada na Europa apenas em conventos, que me fez aproveitar um pouco essas visitas a palácios no Marrocos. Mas, se essa não é a sua área, melhor investir mais em passeios pela região ao redor da cidade.

Do Bahia fomos até o Kosybar para almoçar, do que já falei no post sobre a bebida em Marrakesh, e de lá seguimos à tarde para outras duas atrações que ainda faltavam no nosso roteirinho pela medina: o Palácio El Badi e as Tumbas Saadianas.

O Palácio de El Badi está completamente em ruínas e ainda pende de escavações em muitas partes. Foi um grande castelo entre 1578 e o século XVII, quando foi destruído por um invasor e teve suas riquezas levadas para outro palácio em Meknes, mais ao norte do Marrocos.






Ali, a atividade consiste basicamente em tentar descobrir alguns cantinhos escondidos e andar pelas rampas em meio às escavações. As muralhas são curiosamente ocupadas, em suas torres, por grandes cegonhas, que parecem voar perigosamente sobre a cabeça dos turistas lá embaixo (ficávamos só imaginando o tamanho de uma caca daquele bichão caindo na cabeça de alguém).

Paga-se uma entrada de mais ou menos 1 real e nada mais do que isso para conhecer o lugar, que não toma mais do que uma meia hora (dependendo do clima, deve ser uma tortura, porque praticamente não há nenhuma sombra).

Do El Badi, tratamos de seguir para as Tumbas Saadianas, que, no mapa, parecem estar bem ao ladinho do palácio. O grande problema é que há grandes muralhas do próprio palácio de El Badi e da Kasbah, onde ficam as tumbas, isolando uma atração da outra.

Para chegar lá precisamos dar uma senhora volta por ruelas quase desertas e sem nenhuma indicação, até conseguirmos encontrar um certo fluxo de turistas vindo, provavelmente, do lugar para onde queríamos ir. Pedindo informação, conseguimos finalmente encontrar a entrada das tumbas, que fica quase escondida ao lado de uma grande mesquita em reformas.

Mais uns 2 reaizinhos de entrada e já estávamos dentro do antigo cemitério dos nobres de Marrakesh, que devem ter gasto boa parte de suas fortunas decorando os lugares onde seus restos mortais ficariam pela eternidade.

As tumbas, que datam do século XVI, só foram redescobertas em 1917 e, desde então, restauradas e abertas à visitação. Há grandes mausoléus onde estão os restos de gente da Dinastia Saadi – daí o nome do local.






A decoração consegue ser mais rica que as dos demais palácios da cidade e a visita não deixa de ser interessante pela oportunidade de ver como é um cemitério islâmico tradicional – que, apesar dos ornamentos e da riqueza dos detalhes, é bem menos apelativo que os nossos cemitérios cristãos, cheios de fotografias e de anjos gigantes saindo de cima de cúpulas e placas de mármore. 

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