Marrocos - impressões e expectativas


Havia uma certa expectativa e uma boa dose de curiosidade entre nos três, quando estávamos prestes a chegar no nosso destino por aquele 5 dias.


Na minha cabeça, sempre que falam em viagem ao Marrocos, lembro daquele filme “Babel”, no qual o Brad Pitt e a Cate Blanchett estão viajando de ônibus numa excursão pelo interior e, de repente, dois meninos pastoreando cabras acabam disparando com uma arma, sem querer, contra os turistas, gerando uma preocupação nacional com relação á imagem do país perante os seus potenciais visitantes. Ou, ainda, do filme do Hitchcock, “O Homem que Sabia Demais”, no qual uma família americana em visita a uma praça local tem o filho sequestrado em meio a uma trama rocambolesca típica daquele diretor, que só termina quando o encontram ao som da música “Que será, será”.

Fato é que o Marrocos é um dos países do mundo islâmico mais visitados pelos turistas ocidentais em geral. De certa forma, a proximidade geográfica com o continente europeu, o fato de ter sido colônia espanhola e francesa em períodos históricos diferentes e a política do governo atual voltada à manutenção da indústria turística no país (que só perde em fonte de renda externa para a exportação de minérios) fazem do lugar um destino seguro e receptivo aos hábitos ocidentais.

O Marrocos, além disso, é de certa forma uma “ilha” na África, pois está isolado por fronteiras quase intransponíveis: o Mediterrâneo ao norte, o Atlântico ao oeste, uma longa e desértica fronteira fechada para trânsito com a Argélia a leste e um território ocupado pelo Exército Marroquino ao sul, conhecido como o Saara Ocidental, que, como o próprio nome indica, é basicamente deserto.

Ao contrário do que eu mesmo pensava antes de conhecer aquele país e apesar do influxo de turistas estrangeiros, entretanto, há muita coisa tradicional fazendo parte do dia a dia, como logo descobrimos.

É como se boa parte da população ainda vivesse alguns séculos atrás, sem se importar com alguns elementos da vida moderna – à exceção das antenas parabólicas, disseminadas por todos os telhados possíveis e imagináveis, até mesmo no meio das montanhas. Grande parte ainda vive no campo, muita gente tira o sustento da pecuária e dos olivais, o comércio é aquele mesmo que se faz há 700 anos e os prédios são apenas reformados, mas são os mesmos de uns 300 anos atrás.

Quase todas as cidades têm uma “Medina”, que seria o centro histórico, geralmente amuralhado, no qual não há espaço para o trânsito de carros, só motos e carroças. Em cidades menores, há apenas uma “Kasbah” que seria um antigo palacete que acabou dividido entre moradores e que forma o centro histórico. Há subúrbios populares com prédios padronizados, loteamentos de gente endinheirada e centros comerciais modernos, com shoppings e lojas de redes internacionais, com muitos ambulantes nas ruas.

As pessoas comuns conversam em árabe ou berbere entre si, mas a maioria conhece uma segunda língua para o comércio e por ter aprendido na escola.  O francês é a segunda língua oficial do país, e por isso é o canal de comunicação mais comum na maior parte do Marrocos, à exceção da costa norte, onde se fala e se entende bastante espanhol. Inglês não é garantia de sobrevivência por lá!


Se a imaginação sobre o Marrocos trazia lembranças sobre o filme “Babel”, quando chegamos lá vimos que a coisa estava mais para “Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida”...


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