Marrakesh – Tour pela Medina – parte 1


Na manhã da terça-feira, nossa primeira na cidade, levantamos lá pelas 8 hpras para tomar café no terraço do riad. A refeição, que se repetiria de forma exatamente igual nos três dias seguintes, consistia basicamente em duas porções de pão comum, uma porção de pão sírio e porções pequenas de manteiga e geleias – tudo individual. Para acompanhar, um iogurte natural, café com ou sem leite e uma fruta. Os mais famintos certamente ficariam insatisfeitos e os sedentos por novidade também.

Nosso primeiro destino daquele dia era a atração turística mais próxima de nossa hospedagem: a Madrassa Ben Youssef.

Madrassas, para quem não sabe, são escolas religiosas muçulmanas, que funcionam em regime de internato. Atualmente, esse tipo de escola está associado na mídia ocidental a locais de formação de jovens terroristas ou de lavagem cerebral de crianças, mas a instituição é muito maior e mais antiga do que isso. Esse tipo de madrassa “do mal” basicamente está concentrado em regiões remotas do Afeganistão, do Paquistão e do Líbano.

A Madrassa Ben Youssef era considerada a maior de todo o norte da África e foi fundada há pelo menos 650 anos. Só encerrou suas atividades em 1960, sendo depois reaberta para visitação nos anos 1980. Funcionava mais ou menos como os conventos europeus, onde nobres entregavam seus filhos a religiosos, com uma dotação em dinheiro e bens para custear a educação, a hospedagem e a alimentação que eles receberiam enquanto passassem seus anos de infância e juventude por lá.









O interesse no local decorre basicamente da arquitetura do prédio, muito rica em detalhes, e da curiosidade histórica por esse tipo de instituição, já que é possível visitar todos os quartos por dentro e entender um pouco como os estudantes viviam ali. Alguns têm recriações com mobiliário de época, demonstrando tanto como viviam os mais ricos como os mais pobres que estudavam lá. O pátio central é rodeado por três andares de quartos, que abrigavam até 900 estudantes. Visualmente, confesso que achei muita coisa parecida com o que vi no Alcázar de Sevilla uns dias antes.

A mesquita de mesmo nome fica ao lado da madrassa, mas como todas em Marrakesh, não pode ser visitada por quem não é muçulmano. A única parte que pertence à mesquita e que é visível mesmo para quem está do lado de fora é o pátio externo, onde há uma estrutura em forma de cubo que se vê em várias cidades religiosas muçulmanas (para quem não sabia, aquela peregrinação que os islâmicos fazem a Meca tem seu clímax justamente na parte em que se dá voltas ao redor da Qaaba – ou cubo – onde está uma rocha negra caída do Céu para mostrar a Adão e Eva onde erguer um altar, segundo a tradição.

Curiosamente, ao sairmos da madrassa vimos uma modelo ocidental em trajes bem provocantes fazendo fotos para uma campanha publicitária de sapatos – tudo isso em meio àquele vai e vem de motos, carroças, vendedores e mulheres só com os olhos de fora que é típico da medina.

Bem próximo da Bem Youssef, fica o Museé de Marrakesh, um museu de certa forma um pouco mais parecido com o que entendemos por isso no Ocidente. Há exibição de obras de arte de artistas locais, de itens históricos das tribos do norte da África e de indumentária típica, principalmente feminina.







Na real, só entramos para conhecer porque a entrada da madrassa incluía uma visita a esse museu. O destaque realmente interessante, mais uma vez, fica pela arquitetura do palácio onde ele está sediado. Nele, dá para ter uma noção bem boa de como funcionava uma “mansão” árabe antes da invenção da luz elétrica, da á agua encanada e do aquecimento a gás. De certa forma, o lugar me fez lembrar um pouco o Harém do Palácio de Topkapi, em Istambul. 

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