A surpresa de Iquique

O ônibus entre Calama e Iquique estava previsto para chegar no destino final por volta das 8h da manhã. Estávamos certos disso, mas fomos acordados às 5h da manhã com a notícia de que já havíamos chegado. Está certo que fazer uma viagem mais rápido do que o previsto é bom, mas não quando não se tem para onde ir.

Tínhamos reservado no site do HostelWorld, ainda em San Pedro, uma noite no único albergue do Hostelling International em Iquique. As diárias, como de costume, começam sempre às 12h de um dia e terminam ao meio-dia do dia seguinte.

Chegando às 5h da manhã, sem reserva para antes do meio-dia, ficamos num mato sem cachorro. Havia duas holandesas na mesma situação e propusemos que fôssemos todos junto ao albergue, para ver se conseguíamos pouso antecipado – nem que para isso tivéssemos que pagar por um quarto.

O táxi andou e andou bastante. A rodoviária de Iquique é bem longe do albergue e da parte mais nova da cidade. Quando chegamos ao albergue, a pessoa que estava na portaria nos recebeu muito bem, mas deu a triste notícia: não havia camas disponíveis para todos, apenas 2, que cedemos às holandesas. Quanto a nós, o jeito foi nos acomodar nos sofás da área de uso comum, que também tinha um banheiro bem limpinho e que ficava num canto mais escuro.

E foi assim que começamos o dia em Iquique: dormindo numa área de uso comum do albergue, até que amanhecesse. Ninguém conseguiu dormir mais do que uma hora, mas foi o suficiente para decidirmos desde logo começar o dia conhecendo a cidade.

Acertamos com a portaria do albergue de deixar nossas coisas num depósito de bagagem até o meio-dia, quando voltaríamos e faríamos nosso check in, com a reserva que estava no sistema em nosso nome.

De cara deu para ver que o albergue era muito bom e os donos muito simpáticos. Esse talvez tenha sido o melhor albergue daquela nossa viagem – um lugar onde ficamos por cerca de 40 horas, tendo nos hospedado por apenas 24h, como contarei nos próximos posts. Totalmente surpreendente encontrar um lugar tão legal numa cidade sobre a qual não esperávamos muito. Tínhamos escolhido ir para lá como ponto de passagem para Santiago só pelo fato de ter uma Zona Franca na cidade, mas acabamos descobrindo um lugar muito aprazível e interessante, com um albergue daqueles que dá vontade de voltar.

No dia seguinte, conversando com os donos, perguntamos tudo o que sempre quisemos saber sobre albergues mas nunca tivéramos para quem fazê-lo. Explicaram como foi a decisão de abrir o lugar, como foi difícil no início e como tudo melhorou depois que o Lonely Planet os colocou nas indicações de seus guias sobre o Chile e América do Sul. Disseram que, até hoje, não sabem quem foi que fez a avaliação do albergue pelo guia, porque os caras realmente permanecem anônimos, para não sofrerem interferência dos donos ou serem tratados de forma diferente dos demais. Explicaram que a filiação do albergue junto à HI é um processo relativamente simples, que não custa mais do que uns 300 dólares por anos e que serve de catapulta inicial para albergues desconhecidos, embora possa se tornar um peso depois de algum tempo, com a concorrência de albergues independentes e uma certa má fama que os albergues da HI têm em algumas partes do mundo.

O albergue fica num casarão antigo, com cara de castelinho, e é muito aconchegante. Na sala, tem um telão de TV, ao lado mesas para comida, com cozinha para os hóspedes, e uma mesa de sinuca. No canto, nossos conhecidos sofás. Os quartos, como pudemos ver depois do meio dia, também era muito aconchegantes, com pisos de tabuão e móveis de madeira – camas simples e não beliches. O banheiro masculino, com três chuveiros um pouco resistentes em largar água quente, chegava a formar fila dependendo do horário, mas é a única coisa que deixava a desejar.

O toque especial dos donos fica por conta das jantas que fazem à noite. Enquanto estivemos lá, na segunda noite, já esperando um vôo para Santiago, participamos de uma parrillada, com um pedaço de carne para cada um, salada e arroz – tudo liberado.

Comentários

albano teixeira disse…
tem onibus de santiago para iquique e de volta? qual o preço da passagen? qual a companhia?
A. A. Cella disse…
Tem vários horários, preços e tipos de passagem. A empresa com mais frequências é a TurBus: www.turbus.cl/
Kelyenne disse…
André, preciso de uma ajuda. Como faço para ir do aeroporto para rodoviária. Vou de Santiago para Iquique de onibus.
A. A. Cella disse…
Só de taxi, até onde sei. Como estávamos em 4 saiu relativamente barato!
Anônimo disse…
Como chama o hostel?
Carol disse…
Olá...
gostaria de saber se consigo ir de barco até Iquique.
EStou pretentendo ir para fazer compras dos produtos que chegam da China através dos containers.
Poderia me ajudar a me dar uma direção de como faço ao chegar lá?
meu email: karol_rachel_24@hotmail.com

Abraçooooosss

Postagens mais visitadas deste blog

União Europeia, Espaço Schengen e Zona do Euro (ATUALIZADO até 07/2019)

Budas e Budas

De Kamakura a Enoshima