Bebendo em Marrakesh
Encontrar bebida alcoólica à venda em alguns países
islâmicos é coisa impossível, mas em Marrakesh, com um pouquinho de informação
e disposição para gastar um pouco mais, é possível achar cerveja e vinho em
vários lugares, mesmo dentro da Cidade Velha, ou “Medina”.
Logo que chegamos e saímos para conhecer a Praça Djema El
Fna, fizemos um lanche num café com vista da praça no qual a coisa mais “entorpecente”
que havia era chá de menta. Depois de descermos de lá e darmos mais uma volta,
começou a bater aquela vontadezinha de parar num bar e entornar uns chopps,
ainda mais porque havia começado a chover e não havia muito o que fazer na rua
daquele jeito.
Começamos nossa busca por álcool numa lanchonete do KFC, perto
da Mesquita de Koutoubia, que não tinha nada de cerveja. Perguntamos a um
vendedor, então, onde conseguiríamos bebida ali perto, e ele todo solícito nos
indicou mais ou menos como chegar a um hotel ali pelo Centro Velho de
Marrakesh, onde poderíamos encontrar cerveja no lobby. Não entendemos direito,
mas sabíamos que era algo que soava como “Taji”.
Depois de umas boas voltas à toa pelos quarteirões próximos,
finalmente encontramos o Grand Hotel Tazi, muito mais longe do que tinham nos
dado a entender (só depois vi que o Lonely Planet indicava esse lugar para
beber, e que fica na esquina da Av. Mouahidine com a Rue de Bab Agnaou, a “rua
dos bancos” de Marrakesh). O hotel devia ter pelo menos uns 60 anos (com certeza
mais do que 40) e pela aparência não recebia nenhuma reforma há pelo menos uns
30. Entramos no lobby e fomos atendidos por um senhor todo solícito,
uniformizado com uma roupa bem gasta, parecendo que tinha saído de um filme dos
anos 50, que confirmou o que tanto esperávamos: tinham sim cerveja, mas só de
uma marca: a tal da Spéciale Flag, em
long necks pequenininhas.
Abancamo-nos nuns sofazões de couro da idade do hotel e em
alguns minutos recebemos porções de pipoca e azeitonas temperadas, com as três garrafinhas
tão esperadas. A cerveja era bem meia boca, o ambiente era no mínimo uma “experiência
diferente”, mas curtimos umas quatro rodadas por ali, não sem pedir repeteco
nos aperitivos.
Naquela mesma noite, jantamos num restaurante que era
recomendado no Lonely Planet e que ficava no caminho do nosso Riad: o Café
Arabe (Rue El Mouassine, entre a Mesquita Ben Youssef e a fonte Mouassine). O
lugar era muito estiloso, tinha um ambiente muito agradável e estava tri bem
frequentado – a comida, italiana e marroquina, também era muito boa (tanto que
voltamos lá na última noite na cidade). Para beber, vinhos marroquinos.
Aproveitando o clima mediterrâneo do norte do país, começaram a surgir
produções em escala comercial de vinhos bem suaves, tanto brancos como tintos.
O Grand Sahari Réserve acabou sendo o nosso preferido da viagem.
O terceiro lugar que encontramos para beber na parte velha
de Marrakesh foi também onde almoçamos na terça-feira, depois de passeios pelas
atrações turísticas da cidade na parte da manhã: o KosyBar, na Place des Ferblantiers
(uma praça cheia de palmeiras a meio caminho entre o Bahia Palace e o Badi
Palace). Lá conhecemos a melhor (das duas marcas que existem) cerveja do
Marrocos: a Casablanca. Não sei se era a carência de coisa melhor, mas os três tiveram
a impressão de que a cerveja rivalizava com as alemãs. Depois dessa, nunca mais
apelamos para a Flag. O KosyBar também é todo estiloso, como o Café Arabe, mas
fica num terraço no terceiro andar de um prédio, com uma vista da praça e um
clima mais para o dia. A comida é bem variada e nós acabamos comendo umas tapas
em estilo mexicano (ô mistureba!).
Ainda dentro da Medina, tomamos vinho na janta da terceira
noite na cidade, no restaurante mais metido a besta em que estivemos na nossa
passagem pelo país: o Villa Flore, que na verdade fica dentro de um Riad com o mesmo
nome. Para achar esse, é preciso se embretar num Derb (beco) que sai na Rue Sidi
El Yamani. Comida italiana, ambiente mais formal e preços também mais salgados,
melhor para ir em casal do que em grupo de amigos.
Fora da Medina, nas partes novas da cidade, há bastante opções,
mas dessas eu falo em outro post.
Comentários
Não sei se não procurei direito, mas não encontrei seu e-mail. Queria pedir umas dicas, estou bem confusa para montar meu mini-mochilão.
Vou estudar na Inglaterra por 3 semanas e depois tenho mais 2 para 'sair por aí'. E, como será inverno (Fevereiro) e o tempo é curto, não sei o que escolher. Já pensei em Bruxelas, Amsterdan, Berlim e Praga...
Suas dicas sempre são valiosas!
Meu e-mail: aline.inacio@hotmail.com
Obrigada!
Aline
Muito obrigado!!!
J.