Dicas para escolher um albergue

Escolher um bom albergue nem sempre é fácil. Quanto maior a oferta, maiores as dúvidas. Há lugares em que é extremamente difícil chegar a uma conclusão, como Paris (a maioria tem muitos defeitos, e você acaba tentando escolher aquele que parece ter menos). Em outros lugares, há algumas quase unanimidades.

De qualquer forma, algumas questões devem ser levadas em consideração para orientar sua escolha.

1º - Você realmente quer ficar num albergue?

Não é todo mundo que gosta de albergue. A falta de privacidade e de serviços oferecidos em hotéis incomoda muito alguns, principalmente se estão viajando em casal. Quem busca albergue quer simplicidade, baixo custo, conhecer gente e não se importa com barulho. Se esse não é seu perfil, quem sabe não é melhor procurar um hotelzinho mais barato, como aqueles da rede Íbis, ou até mesmo um mais simplesinho perto de uma estação de trem – a diferença em dinheiro acaba não saindo tão grande se você está em 2 pessoas (se estiver sozinho, aí sim sai caro). Se o único problema é a privacidade, pesquise se o albergue que você quer não tem quartos para 2 pessoas, separados dos dormitórios coletivos. Sai um pouco mais caro, mas você aproveita o que a área comum de um albergue (o grande diferencial em relação a um hotel) tem a oferecer.

Observe também que muitos albergues adotam políticas de idade mínima e máxima (geralmente de 18 a 35). Procure saber se você pode se hospedar lá!

2º - Decidido a ficar num albergue, quanto você quer gastar?

Depois de ter decidido ficar em albergues, compreenda que a diferença de preços entre eles é bem pequena (às vezes, 1, 2 ou 5 euros), mas em compensação a qualidade pode variar drasticamente em função dessa pequena variação de preços. Cidades mais concorridas como Paris têm camas em dormitórios custando em média 20 a 24 euros; fora disso, suspeite. Lugares mais simples, no interior, podem ter preços em torno de 8 euros a cada. O importante é que você não deixe de ficar num albergue ou em outro por causa de 1 ou 2 euros a mais por dia. Descubra a faixa de preços de cada cidade e tente se manter nela. Albergues vivem da fama que têm com seus clientes (propaganda de boca em boca) e quem apela para baixar os preços é porque não tem fama muito boa. Vale a pena abrir um pouquinho a mão e ficar naquele que todo mundo recomenda.

3º - Você quer sair à noite ou só passear de dia?

Essa pergunta é essencial para definir a localização do seu albergue. Se você é do tipo que não sai à noite, vai ser melhor escolher seu albergue em função dos pontos turísticos que deseja conhecer. Quanto mais perto deles, melhor. Se você gosta de sair à noite, escolha albergues próximos de bairros boêmios. À noite, geralmente o metrô fecha, os ônibus diminuem a freqüência e os táxis ficam mais caros. Além disso, nunca é bom andar sozinho e bêbado numa cidade estranha na escuridão. Por tudo isso, ficar próximo das festas é uma mão na roda....

Outra conseqüência dessa resposta é o fato de ser ou não importante o toque de recolher (curfew) para você. Alguns albergues adotam a política do curfew: a portaria fecha determinada hora da noite e só abre na manhã seguinte, ninguém entra e ninguém sai, salvo exceções como o pagamento por chaves extras. Se você quer sair à noite, evite albergues com curfew; prefira os que têm portaria 24hs ou que disponibilizam senhas e cartões para entrar sozinho no albergue à hora que você quiser. Se você não sai à noite, isso é indiferente.

4º - Você quer conhecer gente no albergue ou só vai usá-lo pela comodidade?

Conhecer gente em albergue é uma das melhores formas de aproveitar viagens feitas sozinho. Para isso, é essencial escolher albergues que tenham áreas comuns animadas, com barzinho, lounge, área coletiva para usar internet, piscina, danceteria, etc. Nesses ambientes, acaba-se conhecendo gente para jantar fora junto, sair à noite e até fazer partes da viagem juntos. Os mais badalados geralmente são os mais recomendados. Se já está com a sua turma ou sua namorada, isso vai ser meio indiferente para você.

5º - Você quer encontrar brasileiros no albergue ou não?

Tem gente que adora encontrar brasileiros no exterior; tem gente que odeia. Para evitar ficar só falando português no albergue, fuja dos albergues recomendados em guias escritos em português (como o "Guia Criativo para o Viajante Independente na Europa") ou os mais comentados em comunidades brasileiras no Orkut. É neles que a maioria da galera se concentra. Se a idéia é encontrá-los, aí não tem erro – vá direto nos recomendados.

6º - Você quer cozinhar sua própria comida?

Verifique bem a política do albergue com relação a comida. Alguns disponibilizam cozinha coletiva, panelas, pratos, até mesmo massa para cozinhar, ficam próximos a supermercados, estimulando você a fazer sua comida. Outros simplesmente não têm cozinha e proíbem trazer alimentos de fora.

7º - Você quer paz e tranqüilidade ou agito?

Isso está muito ligado á 4ª questão referida acima. Pesquise se o lugar que você quer é do tipo certinho (alguns parecem um internato ou um convento de freiras) ou se é do tipo largadão (com histórias de sexo dentro dos quartos e uso de drogas tolerado). Não ser compatível com o estilo do albergue é dor de cabeça na certa. O lugar onde isso fica mais evidente é Amsterdam.

8º - Outras conveniências...

Procure saber coisas como possibilidade de reserva mediante simples pagamento de uma taxinha, ou necessidade de depósito integral das diárias. O horário de check in e check out (alguns mandam sair até às 10hs da manhã; outros só permitem que se chegue depois das 15hs) pode ser determinante na forma como você organiza suas viagens (por isso é aconselhável marcar viagens entre as cidades para o meio-dia). Procure descobrir se o seu albergue tem lock out (período em que é proibido ficar no albergue, para que a limpeza seja feita). Às vezes, isso pode ser um pé no saco se a sua intenção é sair até tarde e dormir até tarde no dia seguinte. Descubra, ainda, se o seu albergue tem lockers individuais ou se é só uma sala para guardar bagagens, ou ainda se há lockers em número limitado, para quem chegar primeiro. Nada melhor do que ficar tranqüilo em relação às suas coisas. Veja também se há café da manhã, se ele é opcional ou já está incluído na diária. Se for opcional e achar muito caro, talvez seja melhor tomar seu café numa lojinha de conveniência ali por perto ou mesmo numa feira livre.

PASSO FINAL: feitos todos esses questionamentos, procure escolher o albergue com base nas indicações de pessoas que já estiveram lá (há sites, como o Trip Advisor, que dão relatos de hóspedes, mas tome cuidado para não ser enganado por propagandas disfarçadas de relatos), seja por contato pessoal ou por comunidades do orkut. Os guias impressos (Lonely Planet, Let's Go, Rough Guide, etc.) dão uma idéia geral dos albergues, mas nunca se sabe se as opiniões são realmente neutras. Sites como o Hostels, Hostelworld e o Hostelling International completam o trabalho, informando tudo com relação a localização, preços, disponibilidade nas datas que você precisa, se há ou não curfew, se há ou não lock out, horário de check in e check out, existência de bares, danceterias e internet grátis, etc. Não tenha preconceito contra os albergues que não são filiados à Hostelling International, muitos também são bons e até melhores. Feito isso, reserve. Na Europa, dificilmente lugares legais têm disponibilidade sem reserva prévia.

Comentários

Anna disse…
Eu gosto muito de ficar em albergues!

Quando fui para Londres, me hospedei em um albergue que os donos eram brasileiros, o casa mirian, no começo fiquei preocupada com a língua por que queria treinar meu inglês, mas eles me deixaram a vontade para falar na língua que quisesse, então não tive problemas com isso, até me ajudaram com as dificuldades que eu tinha.

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