Salta

Em Salta, passamos pelos momentos mais chatos de toda a viagem. Recém chegados do Chile, saímos imediatamente procurar passagens para Corrientes ou qualquer outro lugar próximo à fronteira do Brasil nas agências dentro da estação rodoviária. Como era domingo e já passava das 21hs, a maioria dos lugares estava fechada ou prestes a fechar. Os poucos lugares que estavam abertos não tinham mais passagens para lugar nenhum naquele dia. Depois de muito procurar, a única coisa que encontramos foi um ônibus que sairia às 2hs para Tucumán, o que não adiantava muito, tanto pela cidade de destino como pelo fato de que só havia lugar para 1 pessoa.

Cansados e meio sem sabermos o que fazer, sentamos um pouco. Chegou-se a cogitar até mesmo em sortear a única passagem para que um seguisse viagem, ao que me opus, tanto pelo fato de separar o grupo como por entender que não adiantava muito ir para Tucumán.

Durante esse impasse, eis que aparece um sujeito com camiseta da Hostelling International e me pergunta se tínhamos onde dormir naquela noite. Respondi que não sabíamos o que fazer e que queríamos seguir viagem. Ele me explicou que provavelmente conseguiríamos algo pela manhã e que, se quiséssemos, poderíamos ir com ele, de graça, conhecer o albergue local do HI. Com o transporte gratuito, o preço da diária a apenas 8 pesos por pessoa (9 para quem não tinha cartão do HI) e a possibilidade de descansarmos numa cama de verdade depois de 2 dias dormindo em ônibus para voltar à rodoviária no dia seguinte acabei convencendo os outros 2 a irmos para o albergue. No início, não acreditei muito que eram só 8 pesos - até perguntei se não era dólar - mas a explicação era a crise que o país estava passando, recém saído do "corralito" de 2001.

O lugar era pequeno, mas bem ajeitadinho, e estava cheio de estrangeiros, a maioria ingleses. O nome, para quem quiser saber, era Backpackers World. Tomamos um banho e capotamos.

No dia seguinte, logo depois do café, pegamos um táxi e voltamos à rodoviária. Procuramos muito e não conseguimos nada para Corrientes. Em janeiro, diziam, a procura para lugares mais próximos ao Brasil deixava poucos lugares. Era segunda, e ônibus para Corrientes só na quarta. Sugeriram ir para Tucumán, cidade maior e com mais conexões de ônibus, para tentar ir mais cedo para casa.

Acabamos comprando uma passagem para as 10hs da manhã, por uns 25 pesos, não sem antes discutir muito se era a opção mais acertada, considerando que Tucumán estava bem fora da nossa rota original (cidade mais ao sul) e que, se não conseguíssemos sair de Salta, pelo menos ali haveria algo de turístico para ver, ao contrário da outra cidade.

Com o humor que estávamos, acabamos não conhecendo nada no lugar. Quem estiver passando por lá com mais calma, pode aproveitar para ver o Centro Histórico, muito bem preservado, andar de teleférico numa serra ao lado da cidade ou, até, fazer o passeio do Trem das Nuvens, de volta para os lados chilenos.

O ônibus para Tucumán saiu na hora prevista. Como a maioria dos ônibus argentinos, era um daqueles de 2 andares, com serviço de bordo e nada do que reclamar. A paisagem não tem nada de atraente naquele trecho, mas passou rápido: em 2hs chegamos no nosso destino.

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